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Coluna

- Publicada em 12 de Julho de 2010 às 00:00

Amordaçaremos a emoção?


Jornal do Comércio
As novas regras para as cerimônias de formatura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, implantadas para que esses eventos sejam menos entediantes e cansativos, são um bom motivo para reflexão. Em janeiro deste ano, depois de oito anos, formei-me naquela instituição de ensino. Nos meses anteriores tive de decidir sobre a forma como gostaria de me formar, se em gabinete, num ritual rápido, particular e sem outros custos, ou numa cerimônia pública junto com a turma, com uso de toga e tudo mais. Na época, decidi pela emoção. Emoção de poder emocionar-me, de compartilhar com meus filhos e amigos esse momento tão importante. Foi uma maratona. Prova de togas, escolha de música, oradores, padrinhos... muitas reuniões. No dia da formatura, uma tarde de sábado de janeiro, caía chuva aos cântaros e mesmo assim centenas de pessoas lotaram o Salão de Atos. Nas falas de todos se ouviu a formalidade dos servidores em suas devidas tarefas de tornar o ato oficial, a saudação calorosa dos paraninfos ("dindos" escolhidos pela emoção de marmanjos que os queriam como padrinhos), e - sobretudo - nas falas, com "colinha" e improvisadas, de todos e todas que se formavam. O ambiente era extrapolado pela emoção, pela vida, pela interação do mundo universitário com as várias cosmologias familiares. Quase "olho no olho", pais e amigos praticamente dividiam o palco conosco. Muita gente se surpreendeu com manifestações recíprocas e muito choro se viu, gargantas secaram. Trocar isso por uma cerimônia "mais enxuta", "menos enfadonha" etc, onde o vídeo deve substituir a fala dos formandos porque "é melhor para todos", pois "o pessoal vai prestar mais atenção é na tela", parece - desculpem - uma tentativa de amordaçar sentimentos, de calar a emoção. Ou, muito pior, de proibir que outros expressem aquilo que alguns têm dificuldade. Para esses já existe solução: a formatura em gabinete. Quanto a determinar tempos mais rigorosos para a fala, sim, muito bem! Em minha cerimônia um dos oradores, professor, simplesmente resolveu dar uma aula, em mais de 60 minutos, enquanto formandos que mais falaram, e que pela nova regra têm de gravar um vídeo de 30 segundos, não passaram de um minuto e meio. (José Carlos Sturza de Moraes, bacharel em Ciências Sociais/Ufrgs)

As novas regras para as cerimônias de formatura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, implantadas para que esses eventos sejam menos entediantes e cansativos, são um bom motivo para reflexão. Em janeiro deste ano, depois de oito anos, formei-me naquela instituição de ensino. Nos meses anteriores tive de decidir sobre a forma como gostaria de me formar, se em gabinete, num ritual rápido, particular e sem outros custos, ou numa cerimônia pública junto com a turma, com uso de toga e tudo mais. Na época, decidi pela emoção. Emoção de poder emocionar-me, de compartilhar com meus filhos e amigos esse momento tão importante. Foi uma maratona. Prova de togas, escolha de música, oradores, padrinhos... muitas reuniões. No dia da formatura, uma tarde de sábado de janeiro, caía chuva aos cântaros e mesmo assim centenas de pessoas lotaram o Salão de Atos. Nas falas de todos se ouviu a formalidade dos servidores em suas devidas tarefas de tornar o ato oficial, a saudação calorosa dos paraninfos ("dindos" escolhidos pela emoção de marmanjos que os queriam como padrinhos), e - sobretudo - nas falas, com "colinha" e improvisadas, de todos e todas que se formavam. O ambiente era extrapolado pela emoção, pela vida, pela interação do mundo universitário com as várias cosmologias familiares. Quase "olho no olho", pais e amigos praticamente dividiam o palco conosco. Muita gente se surpreendeu com manifestações recíprocas e muito choro se viu, gargantas secaram. Trocar isso por uma cerimônia "mais enxuta", "menos enfadonha" etc, onde o vídeo deve substituir a fala dos formandos porque "é melhor para todos", pois "o pessoal vai prestar mais atenção é na tela", parece - desculpem - uma tentativa de amordaçar sentimentos, de calar a emoção. Ou, muito pior, de proibir que outros expressem aquilo que alguns têm dificuldade. Para esses já existe solução: a formatura em gabinete. Quanto a determinar tempos mais rigorosos para a fala, sim, muito bem! Em minha cerimônia um dos oradores, professor, simplesmente resolveu dar uma aula, em mais de 60 minutos, enquanto formandos que mais falaram, e que pela nova regra têm de gravar um vídeo de 30 segundos, não passaram de um minuto e meio. (José Carlos Sturza de Moraes, bacharel em Ciências Sociais/Ufrgs)

Cultura

A nova Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LIC) inova, por um lado, ao apresentar a modalidade de financiamento público, através do Fundo de Apoio à Cultura - FAC, de pequenos projetos com menos força de captação de recursos junto à iniciativa privada. Por outro lado, recai no vício da falta de isenção política ao estabelecer os critérios de seleção dos projetos a serem contemplados. Espera-se que a falha seja sanada em tempo. (José Mariano Bersch, Porto Alegre)

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