Dilma começa corpo a corpo pelas ruas da Capital

O PT deu a largada oficial na campanha ontem no Rio Grande do Sul com a presença da candidata ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, em Porto Alegre. A ex-ministra foi homenageada na Assembleia Legislativa e percorreu, junto com o nome petista ao Piratini, Tarso Genro, a Esquina Democrática e o Mercado Público.

Após receber a medalha do Mérito Farroupilha, às 11h, no Parlamento, Dilma discursou por mais de meia hora e foi aplaudida 19 vezes. A candidata não poupou elogios ao Estado, onde viveu depois de sair da prisão na década de 1970. "O Rio Grande do Sul compõe a minha identidade, possui um forte valor afetivo e político para mim".

A presidenciável citou mais de dez programas do governo federal, reforçando a estratégia de vincular seu nome ao do presidente Lula (PT) e apresentar-se como condutora das políticas implementadas por ele.

Em entrevista coletiva, Dilma lamentou a neutralidade de Fogaça em relação à disputa para a presidência da República - já que, nacionalmente, o PMDB está com o PT e indicou Michel Temer para ser vice. "Minha coligação não é neutra. Lamentamos que Fogaça não nos apoie."

Durante comício na Esquina Democrática, a candidata dividiu o palco montado em cima do caminhão de som com Tarso, Beto Grill (PSB), Abgail Pereira (PCdoB) e os ex-governadores Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT). Ao som de "Olê, olê, olê, olá / Dilma, Dilma!", a ex-ministra reafirmou o apoio a Tarso e fez um afago às mulheres.

"As gaúchas são um exemplo de altivez", afirmou, antes de o microfone sem fio utilizado por ela falhar. O dispositivo deixou de funcionar mais três vezes ao longo dos 15 minutos de discurso no Centro.

"Estão economizando pilha, terei que falar com a energia de vocês, porque a do microfone está fraca", brincou Dilma, que, por várias vezes, distribuiu acenos e beijos à militância e às pessoas que se dirigiram para as sacadas dos edifícios próximos.

Ao descer do palco improvisado no caminhão, a ex-ministra foi cercada por vereadores e deputados petistas, que se fecharam em um círculo ao seu redor como forma de protegê-la da multidão.

O esquema tumultuou a caminhada, que era cortejada por uma multidão - 3 mil pessoas segundo a organização e 1 mil, de acordo com a Brigada Militar - formada por militantes do PT, PSB, PCdoB e PPL. Ao chegar no Mercado Público, Dilma transitou por algumas bancas, mas não ficou para o almoço no mezanino, como era previsto, para evitar tumulto, devido à grande aglomeração de pessoas à sua volta.

Visita à Capital aproxima PDT de petistas

Os laços de integrantes do PDT gaúcho com o PT ficaram visíveis ontem durante a agenda de Dilma Rousseff em Porto Alegre. Apesar de coligarem com o PMDB de José Fogaça na disputa ao Palácio Piratini, pedetistas não se constrangem em ocupar o mesmo palanque que o adversário Tarso Genro (PT).

A homenagem à presidenciável na Assembleia Legislativa contou com a presença de várias lideranças do PDT. Alceu Collares, Aldo Pinto, José Fortunati e até Pompeo de Mattos - vice na chapa de Fogaça - prestigiaram a vinda da ex-ministra ao Estado. Citado por Dilma em seu pronunciamento, Aldo reforçou que irá fazer campanha pela petista, que o assessorou quando era candidato ao governo em 1986.

Depois de Fortunati anunciar há duas semanas que seu segundo voto ao Senado vai para o petista Paulo Paim, foi a vez de Collares proclamar publicamente preferência pelo PT. O ex-governador, que acompanhou Dilma durante o comício de ontem na Esquina Democrática, abriu seu voto para Tarso. "Fui autorizado por Collares para anunciar que ele votará em mim", bradou o candidato do PT em discurso no Centro de Porto Alegre.

Durante o primeiro debate entre os concorrentes ao Piratini na manhã de ontem, Tarso constrangeu Fogaça ao pedir seu apoio para Dilma. "Vejo que Fogaça faz tantas referências positivas ao governo Lula, mas se mantém neutro. Seria ótimo se ele apoiasse a nossa candidata."