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relações internacionais

- Publicada em 18 de Maio de 2010 às 00:00

Cristina nega barreira a alimento processado


Alberto Martini/AFP/JC
Jornal do Comércio
Após uma semana de fortes pressões por parte de empresários e governos da União Europeia e do Brasil - e ameaças de retaliação dos principais sócios comerciais da Argentina - a presidente Cristina Kirchner exibiu ontem um insólito recuo em sua política protecionista e negou a existência de restrições à entrada de alimentos não frescos que rivalizem com similares argentinos. "Não houve restrições, de forma alguma", afirmou, impassível, a presidente, em Madri, antes de participar de um jantar de gala oferecido pelo rei Juan Carlos e seu filho, o príncipe Felipe, a lideranças do Mercosul e da União Europeia.

Após uma semana de fortes pressões por parte de empresários e governos da União Europeia e do Brasil - e ameaças de retaliação dos principais sócios comerciais da Argentina - a presidente Cristina Kirchner exibiu ontem um insólito recuo em sua política protecionista e negou a existência de restrições à entrada de alimentos não frescos que rivalizem com similares argentinos. "Não houve restrições, de forma alguma", afirmou, impassível, a presidente, em Madri, antes de participar de um jantar de gala oferecido pelo rei Juan Carlos e seu filho, o príncipe Felipe, a lideranças do Mercosul e da União Europeia.

Embora negada pela presidente Cristina, a polêmica medida de proibição da importação de alimentos não frescos havia sido emitida há duas semanas pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, definido por analistas e líderes da oposição como o homem que "faz o trabalho sujo dos Kirchners".

A proibição para a entrada de alimentos não frescos, que entraria em vigência no dia 1 de junho, era puramente verbal, como grande parte das ordens de Moreno, que costuma telefonar a empresários para impor medidas sem resolução ou decreto por escrito que as oficialize. A medida implicaria em obstáculos para a entrada de produtos como o presunto cru espanhol e italiano, além do milho em lata e o chocolate brasileiro.

Cargas brasileiras chegaram a ficar bloqueadas na fronteira por uma semana, mas, no domingo, o governo argentino liberou seis caminhões carregados com milho em lata, frango e produtos elaborados com carne suína que estavam retidos na alfândega de Paso de los Libres, cidade vizinha a Uruguaiana.

Cristina Kirchner desembarcou na capital espanhola para participar da reunião de cúpula de países da América Latina e União Europeia. As declarações da presidente Cristina sobre a inexistência da controvertida medida foram realizadas durante a reinauguração dos escritórios da companhia aérea estatal Aerolíneas Argentinas.

"Não devemos nos impressionar pelo fato de que existam interesses comerciais de um lado e de outro. Temos que ser sensatos, realistas, inteligentes, ver toda essa história e ‘não ver a palha no olho alheio' (expressão bíblica usada costumeiramente no idioma espanhol para indicar que alguém enxerga pequenos defeitos nas outras pessoas e não percebe grandes defeitos em si próprio)", explicou Cristina Kirchner.

Na sequência, a presidente arrematou com tom conciliador: "precisamos ter uma visão mais completa para encontrar soluções em escala global dos problemas que temos atualmente".

Na semana passada, Moreno havia declarado em uma reunião com a Câmara de Importadores da Argentina, que a medida - negada agora por Cristina Kirchner - pretendia reduzir em pelo menos US$ 300 milhões o volume de produtos alimentícios não frescos importados que rivalizassem com os similares argentinos.

As medidas protecionistas argentinas em grande escala contra o Brasil datam de 1999. Houve picos em 2004, quando o então presidente Néstor Kirchner (2003-2007), marido e antecessor da presidente Cristina Kirchner, desatou a "Guerra das Geladeiras" (barreiras contra a linha branca e televisores).

A onda protecionista argentina retornou com força em meados de 2008, embalada pela crise financeira mundial. Posteriormente, aumentou com a designação da economista Debora Giorgi - apelidada de Senhora Protecionismo - para o cargo de ministra da Produção.

Uruguai quer protestar formalmente contra Argentina

O presidente do Uruguai, José Mujica, vai apresentar uma reclamação formal à colega argentina, Cristina Kirchner, por proibir navios que transportam mercadoria da Argentina ao Brasil de atracar no porto de Montevidéu. A informação foi manchete do jornal uruguaio "El Observador" desta segunda-feira. "A resolução implica que a Argentina negará as autorizações de exportação ao Brasil se as embarcações passarem pelo porto uruguaio", explicou a reportagem do diário, que atribuiu as informações a fontes do governo do Uruguai.

O documento de Mujica deve ser entregue a Cristina na reunião que ambos vão ter no próximo dia 4 de junho, na residência oficial de Anchorena, no município de Colônia, Uruguai. Na semana passada, o chanceler uruguaio Luis Almagro adiantou que a agenda bilateral incluía 18 temas prioritários, dentre os quais o monitoramento do rio Uruguai. A notícia sobre o novo foco de conflito entre os dois países surge um dia depois que ativistas argentinos votaram a manutenção do bloqueio da principal ponte que liga os dois países.

Os ativistas fecharam a ponte há quase quatro anos para protestar contra a instalação da fábrica de celulose e papel às margens do rio Uruguai, que divide os dois países. Construída em solo uruguaio, na pequena Fray Bentos, a fábrica se localiza em frente à cidade argentina de Gualeguaychú. Moradores e ambientalistas alegam que a unidade polui as águas do rio. Os ativistas reunidos na Assembleia Ambiental de Gualeguaychú afirmaram que "o bloqueio vai durar, talvez, 10 anos mais".

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EFEP

União Europeia e Mercosul abrem negociações para firmar acordo

A União Europeia e o Mercosul concordaram nesta segunda-feira em retomar as negociações para alcançar um ambicioso acordo de livre-comércio. Uma primeira rodada de negociações acontecerá no começo de julho. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse que muitas negociações difíceis estão pela frente, mas afirmou que as perspectivas agora são promissoras. "Existem oportunidades magníficas que devemos aproveitar", comentou Barroso.

As negociações prévias entraram num impasse em 2004, em meio ao desacordo sobre as tarifas que protegem os produtos agrícolas europeus de importações do Mercosul, que é comandado pelo Brasil. Os outros integrantes plenos do Mercosul são Argentina, Uruguai e Paraguai.

O ministro do Exterior da Espanha, Miguel Angel Moratinos, disse que o acordo para retomar as negociações foi alcançado na cúpula entre a União Europeia e os países da América Latina e o Caribe, que começou ontem em na capital espanhola.

Chávez vai nacionalizar mais empresas de metalurgia

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou planos de confiscar empresas de alumínio, ferro e outros metais na região rica neste tipo de matéria-prima em Guayana, como parte de seu plano para os próximos anos de transformar a área em um de seus berços do socialismo.

A Norpro da Venezuela - ligada à Norpro dos Estados Unidos -, e a fabricante de ferro briquetado a quente Matesi Materiales Siderurgicos foram tomadas e colocadas nas mãos do governo, disse Chávez em uma televisão estatal no sábado.

As duas empresas estão localizadas na região sudeste do país, em Guayana, onde o governo Chávez tem lentamente tomado posse de todos os ativos privados ligados à mineração e metalurgia.

O presidente Hugo Chávez também disse que existem planos de nacionalizar outras empresas de mineração na região e afirmou que empresas que transportam matéria-prima em Guayana também serão confiscadas.

"Nós precisamos destruir o capitalismo na região de Guayana para criar o nosso socialismo, colhendo ideias de outros modelos, mas com a nossa própria identidade", argumentou o presidente.

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