BB anuncia captação de até R$ 8,8 bilhões

O Banco do Brasil fará uma grande oferta de ações ao mercado. A operação pode envolver pelo menos 286 milhões de ações no valor de R$ 8,8 bilhões e será realizada em duas etapas: emissão de novos papéis ordinários, aqueles que dão direito a voto, e venda de ações já emitidas que estão com o governo federal. Com a operação, o BB passará a ter 25% do seu capital negociado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Os recursos serão usados para aumentar os empréstimos e alavancar o plano de internacionalização da instituição. O banco não informou o calendário da transação, que ainda precisa ser aprovada por uma assembleia de acionistas, mas analistas acreditam que a venda deve ser feita até o meio do ano. A operação será a maior do setor bancário desde a abertura de capital realizada pelo Santander Brasil, em setembro de 2009, que captou R$ 14,1 bilhões.

Na primeira etapa da operação, o BB ofertará 286 milhões de novas ações ordinárias (ON). O preço das ações que serão emitidas ainda não está definido, mas o total pode somar cerca de R$ 8,8 bilhões. A emissão vai aumentar a quantidade das ações do BB em circulação no mercado, o que dilui o valor dos títulos já emitidos. Por isso, a ação chegou a cair 2,93% durante os negócios na Bovespa. No fechamento, o preço chegou a R$ 30,40, com queda de 1,46% - na contramão do mercado, que fechou o dia em alta.

A segunda etapa do negócio envolve o bloco de acionistas majoritários que, atualmente, detêm 65,3% do capital do banco. Nessa fase, o governo federal e outros acionistas como a Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB) e o Bndes venderão parte de suas ações. Não há estimativa para o volume dessa oferta. Juntas, as duas etapas têm como objetivo fazer com que o banco possua 25% de suas ações circulando no mercado - hoje essa fatia é de 21,7%. Ter um quarto do capital na mão de acionistas minoritários é a última pendência que o BB precisa cumprir no chamado Novo Mercado.

As recentes captações feitas pelo BB e a oferta de ações têm como objetivo reforçar a base de capital da instituição financeira, que foi pressionada após o forte aumento do crédito em 2009 e pelas aquisições realizadas (Nossa Caixa e 50% do Banco Votorantim). "Queremos retornar ao nível de Basileia acima de 15%", afirmou o vice-presidente de Finanças, Ivan Monteiro. O índice de Basileia mede a capitalização de uma instituição financeira e, quanto maior, mais capacidade um banco terá para emprestar.

No Brasil, esse indicador deve ser de no mínimo 11%. A do BB era de 13,7% ao final de dezembro. O executivo afirma que é necessário fazer o reforço de capital para atender à demanda por crédito e investimento esperada para 2010. "Se o crescimento da economia vai ser grande, vamos ter uma maior demanda por capital de giro e também para atender aos investimentos que foram postergados durante o período da crise", explicou. O banco espera que o total de empréstimos em 2010 apresente uma expansão entre 18% e 23%, ante a alta de 33,8% verificada em 2009.