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Opinião

Artigo

- Publicada em 23 de Março de 2010 às 00:00

Sistema financeiro e o exemplo brasileiro


Jornal do Comércio
Após a divulgação de uma série de índices econômicos nas últimas semanas, se confirma a constatação de que a maior crise financeira em oito décadas está sendo superada. Alguns países - como Grécia e Espanha - são exceção à regra, pois ainda enfrentam sérias turbulências. Mas, afora os casos pontuais, tudo indica que o mundo voltará em breve a navegar em céu de brigadeiro. E esse ciclo terá, outra vez, o forte protagonismo de nações emergentes. No entanto, a nova maré de otimismo não pode encobrir vulnerabilidades que permanecem. É o caso, por exemplo, da fragilidade do sistema financeiro americano e europeu. No auge da crise, ficou evidente a necessidade de uma regulação maior e mais eficiente do setor. Pouco, todavia, foi feito. Ficamos apenas nas intenções. Com isso, está aberto o flanco para novas turbulências globais que, acontecendo, terão reflexos no Brasil. Durante a crise, um episódio recorrente na história mundial voltou a acontecer. Na ânsia pelo lucro - e diante da falta de regulamentação -, os bancos assumiram riscos insustentáveis. E, por óbvio, apostaram que seriam socorridos em caso de colapso. Foi exatamente o que aconteceu. Prevendo a iminência do caos, os cofres dos países injetaram uma quantia monumental de dinheiro nas instituições à beira da ruína. Apenas o governo norte-americano desembolsou mais de US$ 2 trilhões nesse esforço. Tais aportes salvaram o sistema de um estrago ainda maior, mas foram os cidadãos, através do pagamento de impostos, que arcaram mais uma vez com o custo da ganância de algumas organizações.
Após a divulgação de uma série de índices econômicos nas últimas semanas, se confirma a constatação de que a maior crise financeira em oito décadas está sendo superada. Alguns países - como Grécia e Espanha - são exceção à regra, pois ainda enfrentam sérias turbulências. Mas, afora os casos pontuais, tudo indica que o mundo voltará em breve a navegar em céu de brigadeiro. E esse ciclo terá, outra vez, o forte protagonismo de nações emergentes. No entanto, a nova maré de otimismo não pode encobrir vulnerabilidades que permanecem. É o caso, por exemplo, da fragilidade do sistema financeiro americano e europeu. No auge da crise, ficou evidente a necessidade de uma regulação maior e mais eficiente do setor. Pouco, todavia, foi feito. Ficamos apenas nas intenções. Com isso, está aberto o flanco para novas turbulências globais que, acontecendo, terão reflexos no Brasil. Durante a crise, um episódio recorrente na história mundial voltou a acontecer. Na ânsia pelo lucro - e diante da falta de regulamentação -, os bancos assumiram riscos insustentáveis. E, por óbvio, apostaram que seriam socorridos em caso de colapso. Foi exatamente o que aconteceu. Prevendo a iminência do caos, os cofres dos países injetaram uma quantia monumental de dinheiro nas instituições à beira da ruína. Apenas o governo norte-americano desembolsou mais de US$ 2 trilhões nesse esforço. Tais aportes salvaram o sistema de um estrago ainda maior, mas foram os cidadãos, através do pagamento de impostos, que arcaram mais uma vez com o custo da ganância de algumas organizações.
Esse clima de instabilidade e insegurança só amenizará com uma profunda reforma bancária na Europa e, principalmente, nos Estados Unidos. Não significa introduzir medidas burocráticas e diminuir a agilidade na concessão de crédito. Muito pelo contrário. Trata-se apenas de proteger o consumidor dos riscos que, muitas vezes, ele próprio desconhece - como bem mostra o caso dos norte-americanos que perderam suas casas por não conseguir honrar as dívidas. O próprio Adam Smith, tido como o pai do livre mercado, propunha a proibição de empréstimos que conjugassem juros e riscos altos - o que viria a ser o subprime no século XXI e a origem da última turbulência financeira. Nesse cenário de perigo, o Brasil figura com salutar dissonância: o nosso sistema financeiro é mais regulado e possui baixa exposição a riscos, além de ser provisionado contra calotes. Nossa organização financeira virou referência internacional pela sua maturidade e solidez. Ao que se vê, realmente aprendemos com as crises bancárias e financeiras anteriores, optando pelo senso de oportunidade e realismo na condução da economia. Esse é um exemplo que precisa ser seguido, principalmente pelas chamadas nações do Primeiro Mundo.

Ex-governador do Rio Grande do Sul e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social

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