Enquanto o ramo imobiliário sofre há dois anos com o desaquecimento do mercado, a venda de produtos de exceção segue um bom negócio. Sem necessidade de financiar a compra em 95% dos casos, consumidores de alto padrão mantêm a demanda aquecida em capitais do Sul e Sudeste. No entanto, "este é um segmento mais pautado pela oferta do que pela procura, pela dificuldade de se construir produtos em regiões extremamente desejadas", afirma o diretor-presidente da CFL, Luciano Bocorny Correa.
Quem investe no ramo não tem do que reclamar. Com seis anos do mercado, a Smart é exemplo do potencial do setor de luxo. A incorporadora boutique, focada em empreendimentos de pequeno porte com arquitetura contemporânea e autoral, cresceu 1.000% no período. O salto foi de um investimento inicial de R$ 40 mil para faturamento previsto para alcançar os R$ 70 milhões em 2015. Dentre os empreendimentos de destaque no portfólio da Smart, consta um prédio residencial no bairro Bela Vista, entregue em 2011, com oito apartamentos de 100 m2. A primeira unidade foi vendida durante o lançamento, em 2009, no valor de R$ 450 mil. Quando comercializaram a última, o apartamento já valia R$ 700 mil.
Na área comercial, um edifício no bairro Auxiliadora une conceito arquitetônico contemporâneo, que permite a experiência de outros sentidos, além do visual. São 10 unidades com 114 m2, algumas com terraços internos, todas com plantas abertas. O Valor Geral de Vendas (VGV) ficou em torno de R$ 5 milhões, e as últimas unidades foram vendidas por R$ 950 mil, em média.
Também com foco em Porto Alegre, a incorporadora CFL investe principalmente nos eixos dos bairros Moinhos de Vento ao Shopping Iguatemi. Hoje, possui projetos de apartamentos no valor aproximado de R$ 7 a R$ 8 milhões, com área de 400 a 700 metros, no bairro Três Figueiras e nos arredores do parque Germânia, além de um prédio com unidades de mais de 500 m de área privativa, na Bela Vista, com entrega prevista para 2019. Mas a busca por uma localização privilegiada na cidade abre outras portas. Exemplo disso é o projeto Artsy, um dos empreendimentos em andamento na Capital, que reúne área residencial, comercial e lojas de conveniências no coração da Cidade Baixa. O complexo está sendo implementado pela incorporadora Mayojama e deve gerar faturamento de R$ 90 milhões.
"Antes do início da construção, 85% das unidades já haviam sido comercializadas", afirma o gestor comercial de Novos Negócios da Mayojama, Rodrigo Rimolo. O projeto multiuso contará com arquitetura horizontal arrojada, respeitando a região, sem atrapalhar o visual da rua, e se adequando ao estilo de vida dos moradores do bairro, explica o arquiteto da Smart, Márcio Carvalho, que assina a conceituação do empreendimento ao lado do sócio, Ricardo Ruschel. O complexo está sendo erguido em uma área de 3,8 mil m2, localizado ao lado do supermercado Zaffari. Na torre residencial, de 14 andares, 134 apartamentos de alto padrão se dividem entre opções de um ou dois dormitórios, de 40 m2 a 70 m2. "Restam 30", diz Rimolo. O valor das unidades varia de R$ 380 mil a R$ 780 mil.