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- Publicada em 17 de Fevereiro de 2010 às 00:00

Restaurantes vão muito além dos cardápios


Gilmar Luís/Arquivo/JC
Jornal do Comércio
Inspirados a inovar os serviços para atrair e agradar o gosto dos clientes, alguns estabelecimentos da Capital estão investindo em alternativas que chamam a atenção e mostram novas formas de servir o público. Envolvimento em projetos culturais, busca por iniciativas ambientalmente corretas e até mesmo a possibilidade de o consumidor optar por pratos de outros restaurantes são alguns dos fatores que apontam para uma nova tendência no setor gastronômico: para fazer sucesso, os empresários vão muito além do cardápio.
Inspirados a inovar os serviços para atrair e agradar o gosto dos clientes, alguns estabelecimentos da Capital estão investindo em alternativas que chamam a atenção e mostram novas formas de servir o público. Envolvimento em projetos culturais, busca por iniciativas ambientalmente corretas e até mesmo a possibilidade de o consumidor optar por pratos de outros restaurantes são alguns dos fatores que apontam para uma nova tendência no setor gastronômico: para fazer sucesso, os empresários vão muito além do cardápio.
Antes mesmo de entrar no Café Dometila, no bairro Moinhos de Vento, por exemplo, quem chega é recepcionado com uma chuva de pétalas de rosa. A música é programada para acompanhar o ritmo dos períodos do dia, alternando momentos entre uma trilha sonora mais calma ou agitada, conforme sugere a situação. O proprietário, Claiton Franzen, faz questão de receber todos os clientes, como forma de mostrar a preocupação em não pecar no atendimento.
Com oito anos de atividade, o Dometila mudou de endereço há quatro, da avenida Goethe passou para os arredores da Praça Maurício Cardoso, ambos os pontos no mesmo bairro. Franzen explica que a mudança trouxe grandes frutos, como a triplicação do faturamento, que ele credita à identificação do novo local com a proposta de atendimento, que atraiu um número muito maior de frequentadores. 
O conceito idealizado pelo empresário é que quem permaneça no restaurante tenha os cinco sentidos estimulados, através do cardápio exclusivo, da música, da decoração, das pétalas que acompanham os pedidos e do aroma de baunilha renovado no ar periodicamente. “Não queria que fosse um simples negócio automatizado. Minha ideia era simplesmente atender como eu gostaria de ser atendido”, revela.
De acordo com Franzen, o resultado é a satisfação dos clientes, que sempre voltam ao local para uma segunda visita e sentem-se parte do Dometila, que tem pintado nas paredes o nome dos visitantes mais assíduos. “Não se trata de uma simples cafeteria, mas uma coisa muito maior”, define. Para oferecer aos consumidores um atendimento tão peculiar, os gastos são elevados, o que se reflete em parte nos preços dos cafés e pratos servidos, que estão um pouco acima da média, mas equilibrados com os de outros estabelecimentos próximos.
Os restaurantes das redondezas, aliás, adotaram uma política de concorrência saudável. Nas terças-feiras, o Dometila e empreendimentos próximos promovem o “Cardápio do Vizinho”, sistema em que o cliente pode sentar-se em um estabelecimento e pedir um prato de outro estabelecimento, se assim preferir. “Oferecer isso para as pessoas prova que nós, além de contemporâneos, não percebemos o nosso concorrente como uma coisa nociva, mas que podemos viver em paz e oferecer aos clientes a possibilidade de consumir o que realmente quer”, diz Franzen.

Criatividade pode gerar novo perfil de gastronomia

Não muito longe do Dometila, está uma das unidades do Café do Porto. Idealizado desde o princípio, há 15 anos, para agregar à gastronomia espaços de divulgação e incentivos culturais, o ambiente oferece diferentes opções em café, pratos quentes e atividades diversas, na movimentada rua Padre Chagas, também conhecida como Calçada da Fama do bairro Moinhos de Vento.
Até 2008, o local foi sede do Café Filô, um evento que reunia pensadores de diferentes áreas para discutir com os clientes à base de muito café. Com o surgimento de iniciativas semelhantes em outros empreendimentos de Porto Alegre, a proprietária Ana Cláudia Bestetti decidiu por mais uma inovação ao encerrar a atividade. Já está sendo planejado o evento que deve substituir o Café Filô, que será em formato parecido, mas sofrerá mudanças antes de ser apresentado ao público.
Hoje, o local conta com exposições quinzenais, que oportunizam aos artistas mostrar suas obras ao grande público que passa pelo estabelecimento, além de shows musicais semanais. Além disso, foi a primeira cafeteria brasileira a ganhar o certificado de empresa amiga da sustentabilidade, em 2008, atraindo mais um nicho de público que, preocupados com os problemas climáticos do planeta, optam por consumir em locais ecologicamente corretos.
Ana Cláudia diz que a estratégia dá certo, pois o investimento em diferentes opções de  programação cultural gera uma cadeia de visitantes que, além de um ponto de gastronomia, buscam um local que ofereça algo além da culinária de qualidade. “O investimento compensa, considero como uma verba de comunicação. Em vez de fazer propaganda a gente realiza atividades culturais”, afirma a empresária.  
A iniciativa de diferenciar o atendimento e os serviços pode trazer vantagens para a gastronomia local. Segundo o presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa), Cacildo Vivian, a criatividade aplicada em empreendimentos do ramo gastronômico é fundamental no processo de desenvolvimento do setor, além de chamar a atenção de turistas que não encontram esses diferenciais em suas cidades de origem. “O visitante tem em Porto Alegre a ideia de uma cidade cosmopolita, ao mesmo tempo em que é tradicionalista, então essas particularidades se tornam o fator de decisão da Capital como destino”, explica. 
Apesar de ser uma transformação lenta, Vivian acredita que o incremento dos serviços gastronômicos pode se tornar uma tendência e apontar para uma mudança gradual da identidade do setor na Capital. “O mercado vive em evolução constante, e a busca de uma nova identidade está sujeita a erros e acertos, mas certas inovações podem vir a ser uma evolução nesse processo, tanto na gastronomia quanto na hospedagem.”
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