Quanta emoção...

Esse é o nosso Gauchão, quase sem graça alguma para gremistas ou colorados. O Inter reúne meia dúzia de reservas, vai a Bento, joga mal e volta com vitória e a liderança disparada desta etapa. Aqui o Zequinha foi heroico no primeiro tempo, conseguiu marcar seu gol. Então o Grêmio resolveu jogar e aplicou mais uma de suas tantas viradas no campeonato. Um regulamento cheio de fórmulas faz render essa agonia até chegar ao inevitável final: morrem todos os concorrentes, menos Inter ou Grêmio – ou ambos, para disputarem o título.

O Inter esperneou muito – com toda a razão – para jogar hoje contra o Juventude. Este entra de gaiato nessa fase, com uma campanha ridícula, apenas uma vitória em oito jogos. O Grêmio terá trabalho para afastar o Veranópolis do caminho, principalmente se a decisão ficar para domingo. Estou em dúvida se assisto aos previsíveis jogos da dupla ou busco emoção vendo a briga entre São Luiz,São José, Inter-SM e Novo Hamburgo.

Durante a transmissão pela RBS TV, percebia-se claramente a insegurança de Batista. Lógico: sábado, em Bento, o forte calor ameaçava fazer outra vítima. No intervalo, Paulo Britto não resistiu à tentação e fez a pergunta que todos queriam fazer: “E aí Batista, está se sentindo bem, o calor não atrapalha nada?” Simpático e compreensivo – imagine o quanto já dera de entrevistas sobre seu desmaio –, Batista respondeu: “tudo tranquilo”. E saiu comentando o jogo.

Tenho a sensação de que o futebol gaúcho pagou um baita vale com essa história de termômetro. Carlos Simon deve ter adorado – depois de arbitrar por todo o planeta, pronto para encarar mais uma Copa do Mundo, só lhe faltava uma experiência assim, interpretando o papel de estação meteorológica. Atletas preparados e bem remunerados não podiam jogar com 35 graus, mas operários podem quebrar asfalto na rua e assadores obrigam-se a enfrentar o braseiro. O torcedor, esse poderia ficar derretendo ao sol, na expectativa de que a temperatura chegasse aos 35 graus e o jogo começasse. Que má ideia foi essa, provocar o Judiciário em uma questão futebolística. Por sorte, os caras do CQC e do Casseta & Planeta estão em férias.

Se torcedores e dirigentes do Inter ficaram preocupados com Lauro por uma falha – seria o goleiro para a Libertadores ? –, imaginem os do Corinthians: sábado, contra a Portuguesa, Felipe tomou o segundo frango escancarado no Paulistão. Quem jogou na posição – mesmo sem obter destaque internacional, caso do colunista – aprende que os melhores também falham, basta faltar concentração. Mas o torcedor não perdoa: goleiro que entrega jogo, involuntariamente ou não, jamais sobrevive: pode significar um título indo embora.

e o Inter acreditasse antes em seus jovens goleiros, talvez não precisasse pensar em veteranos agora. Ontem ainda fazia um esforço desesperado para trazer Abbondanzieri, atualmente em baixa e na reserva do Boca Juniors. Tem (38 anos) quase a idade de Clemer, um pouco mais de prestígio, constitui-se em aposta específica para a Libertadores. Só que não joga há algum tempo, Beira-Rio não é Bombonera e a competição começa para o Inter em seis dias. Haverá tempo para contratar, inscrever e adaptar o goleiro ao time?