Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

ARTIGO

- Publicada em 19 de Maio de 2015 às 00:00

Opinião Econômica: Agenda pós ajuste


FREDY VIEIRA/JC
Jornal do Comércio
Os empreendedores não empreendem, não procuram crédito, porque desanimaram ou porque os recursos estão caros e restritos. Os bancos não se movem para oferecer financiamentos, porque temem riscos econômicos decorrentes de possíveis inadimplências das empresas.
Os empreendedores não empreendem, não procuram crédito, porque desanimaram ou porque os recursos estão caros e restritos. Os bancos não se movem para oferecer financiamentos, porque temem riscos econômicos decorrentes de possíveis inadimplências das empresas.
Os bancos públicos, inclusive o Bndes, estão assustados e travados. Temem não só os riscos econômicos como os riscos jurídicos de financiamentos a empresas, eventualmente envolvidas em casos de corrupção.
O setor público também está travado. O ritmo das obras diminuiu, muitas pararam completamente, e repasses de recursos estão atrasados mesmo para programas sociais. Até 4 de maio, sete ministérios não haviam movimentado nenhum centavo na conta de investimentos. No Ministério dos Transportes, os gastos caíram 37% até abril; no da Educação, 30%.
Os espaços da mídia econômica só trazem verbos como cortar, demitir, reduzir, ajustar, conter, limitar e outros similares - cultiva-se a depressão, tanto psicológica quanto econômica. Mas, para se desenvolver, qualquer país precisa conjugar outros verbos, como crescer, expandir, contratar, aumentar, estimular etc. É urgente preparar e lançar a agenda pós-ajuste e passar a conjugar mais os verbos antidepressivos para atenuar o discurso conservador dominante no País. O equilíbrio das contas públicas exigiu a adoção desse discurso durante algum tempo, mas não podemos receitá-lo como remédio para todos os males. O mercado imobiliário, por exemplo, importante para a absorção de mão de obra, está deprimido e precisa de estímulos. A caderneta de poupança perdeu R$ 29 bilhões em depósitos nos quatro primeiros meses do ano, dinheiro subtraído do crédito para imóveis. O número de unidades habitacionais lançadas caiu 50% no primeiro trimestre em São Paulo, principal mercado para o setor. O governo não pode ficar inerte diante da tendência de esvaziamento da poupança. Ou cria novos instrumentos para substituí-la na importante função de financiamento imobiliário ou toma medidas para reestimular os depósitos tradicionais. Na semana passada, o governo deveria ter anunciado uma nova fase do programa de concessões no setor de infraestrutura. Serão licitados portos, aeroportos, ferrovias e rodovias, em operações cujos investimentos totalizam R$ 100 bilhões. Esse é um bom caminho, pelo qual podemos começar a deixar para trás essa fase de terrível mau humor. Infelizmente o anúncio foi adiado para junho. Para destravar a economia, o País precisa combater o mau humor, o desânimo e, principalmente, o conformismo. Há, por exemplo, uma inexplicável aceitação por parte do setor produtivo da elevação seguida dos juros num ambiente de demanda já contraída. Esse remédio amargo, aplicado em doses cada ver maiores há 25 meses no País, mostra-se claramente ineficaz para reduzir a inflação, hoje decorrente, em grande parte, dos aumentos de preços administrados. Os juros sufocam o País com custos abusivos e seus graves efeitos colaterais, como o aumento da dívida pública e a apreciação do câmbio. E não se ouvem críticas. É um silêncio assustador.
Presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO