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Tecnologia

- Publicada em 08 de Fevereiro de 2010 às 00:00

Recém-inaugurada, Ceitec quer exportar


Gabriela Di Bella/JC
Jornal do Comércio
Foi em julho de 2008 que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a lei que tornou a Ceitec uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Alguns meses depois, o alemão Eduard Weichselbaumer assumiu o comando da companhia, que na última sexta-feira foi finalmente inaugurada como a primeira fábrica de semicondutores da América Latina.
Foi em julho de 2008 que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a lei que tornou a Ceitec uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Alguns meses depois, o alemão Eduard Weichselbaumer assumiu o comando da companhia, que na última sexta-feira foi finalmente inaugurada como a primeira fábrica de semicondutores da América Latina.
A expectativa é chegar a 250 profissionais altamente qualificados em breve e buscar espaço para os chips aqui desenvolvidos também no mercado internacional. Mas a história da Ceitec, que é considerada um marco por colocar o Brasil novamente na rota mundial da microeletrônica, levou exatos 10 anos para acontecer de forma definitiva.
Em 2000, a Motorola fechou uma das suas unidades em Austin, nos Estados Unidos, e ofereceu os equipamentos para São Paulo. O estado demorou para se articular e foi atropelado pelo Rio Grande do Sul, que comprou a ideia de construir aqui uma fábrica de semicondutores.
Já nessa época, o projeto tinha a premissa de reunir representantes do poder público de todas as esferas, empresas e universidades para a sua concepção. A prefeitura de Porto Alegre doou o terreno para a construção da fábrica, na Lomba do Pinheiro, o governo federal contribuía com recursos através da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Secretaria Estadual da Ciência e Tecnologia (SCT) capitaneava as ações.
Ainda com o status de Associação Civil Sem Fins Lucrativos, a Ceitec enfrentou dificuldades para decolar. Mas, em 2005, a assinatura pelo MCT de um contrato no valor de R$ 148 milhões para a construção deu um novo fôlego e marcou definitivamente o aumento da participação do governo federal na iniciativa, selada com a transformação alguns anos depois da instituição em uma empresa pública.
Na mesma medida, o afastamento do governo estadual se tornou tema recorrente entre os que acompanham a Ceitec. E ganhou força com a ausência da governadora Yeda Crusius na inauguração do Centro de Design da empresa, em 2009, e na cerimônia que reuniu, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e ex-ministros na última sexta-feira. O encontro teve a presença do secretário da Ciência e Tecnologia, Artur Lorentz.
Ao longo desses anos, foram muitas as dificuldades. A burocracia e os empecilhos para conseguir os recursos necessários atrasaram as obras. Da mesma forma, as mudanças que foram acontecendo provocaram mágoas
e incertezas. Alguns criticam a postura atual da empresa, que seria muito fechada, não permitindo o acesso à fábrica e o intercâmbio de conhecimento com empresas que poderiam ser parceiras nos projetos. “Há um ano e oito meses não temos conhecimento de nada que acontece lá dentro. É uma caixa preta”, diz um empresário que prefere não se identificar.
Weichselbaumer não quer olhar para trás. Costuma considerar a Ceitec a partir de 2008, quando o projeto se tornou estatal. Com larga experiência nos Estados Unidos e na Europa, ele foi o escolhido para liderar a empresa e inseri-la no mercado internacional.
E, diante desse cenário, onde a competitividade é com gigantes mundiais, dificilmente vai reduzir o rigor que hoje cerca as informações e os projetos da Ceitec. Mas assegura: “As instalações que temos aqui são de padrão único”.
Os desafios não são pequenos. Em três anos, quando atingir a sua capacidade máxima de produção - entre 50 e 100 milhões de chips -, estará na hora de dar um upgrade tecnológico nos equipamentos.
A estratégia da Ceitec, que recebeu investimentos de aproximadamente R$ 500 milhões, é buscar nichos para os produtos e que, de preferência, não sejam atendidos ainda pelos grandes players da microeletrônica.
Assim, aposta no Rfid, que permitirá a rastreabilidade de animais e remédios, por exemplo, além de mídias digitais e comunicação sem fio. “Queremos andar rápido. Nesses últimos nove meses, contratamos especialistas, criamos propriedade intelectual e colocamos no mercado para testes o chip do boi”, exemplifica.
Weichselbaumer relembra também o trabalho de criar um ecossistema da microeletrônica no País. “Os fornecedores das matérias-primas nunca haviam vendido antes para o Brasil”, revela.
Lula afirmou que, após o Carnaval, será feita uma reunião envolvendo vários ministérios para estudar as possibilidades de adotar as tecnologias desenvolvidas pela Ceitec, como o chip no  passaporte e na identidade digital. “Vamos enquadrar todo governo para fornecer para a Ceitec”, afirmou durante a cerimônia de inauguração.

Testes do chip do boi mostram assertividade na leitura

O chip do boi, o primeiro produto a ser fabricado na Ceitec, no final de 2010, está sendo testado em fazendas de Minas Gerais e do Mato Grosso do Sul. No total, são cerca de 15 mil animais.
O dispositivo é aplicado na forma de um brinco e seu sistema é complementado por um leitor que recebe, por sinal de radiofrequência, a informação armazenada.
Na fazenda experimental de Santa Rita, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), já são seis meses de testes em campo em aproximadamente 500 animais.  De acordo com o pesquisador responsável pela área de melhoramento animal da instituição, Octávio Rossi de Moraes, o trabalho envolve a verificação da capacidade de leitura e o manejo do equipamento leitor. “Estamos satisfeitos com assertividade da leitura”, revela, acrescentando que os trabalhadores se acostumaram rápido a esse método.
Para o especialista, a oferta de uma tecnologia nacional permitirá que o custo seja 1/3 do importado, tornando-o bem competitivo na comparação com o brinco de leitura óptica, usado atualmente. O brinco digital permite que sejam armazenadas todas as informações do animal, desde o seu nascimento.
Além disso, a adoção dessa tecnologia reduz os riscos de erros na coleta dos dados. No chip óptico um peão tem que ditar para outro o número que está escrito no brinco. No novo modelo, basta aproximar o equipamento leitor do animal, que faz essa coleta, facilitando o processo de identificação. Para Moraes, o único fator que pode inibir a adoção pelos produtores no início é o custo da leitora, ainda mais cara que as convencionais.
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