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O FUTURO DA TERRA

- Publicada em 21 de Agosto de 2014 às 00:00

Programa busca diminuir os problemas hídricos


ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Jornal do Comércio
Os transtornos causados por situações climáticas no Rio Grande do Sul já não são mais novidade. O excesso de chuva, ou mesmo a falta dela, resultam em enxurradas que levam parte do solo ou formam bossorocas nas lavouras, problemas intensificados nos últimos anos com a ajuda de sistemas de produção agrícola, como o mau uso do plantio direto. O diagnóstico, ainda em 2009, levou à elaboração do Projeto Mais Água, parceria de oito entidades com o objetivo de aumentar a disponibilidade e melhorar a qualidade da água no Estado por meio do monitoramento do clima e de um melhor manejo do solo e de resíduos animais.
Os transtornos causados por situações climáticas no Rio Grande do Sul já não são mais novidade. O excesso de chuva, ou mesmo a falta dela, resultam em enxurradas que levam parte do solo ou formam bossorocas nas lavouras, problemas intensificados nos últimos anos com a ajuda de sistemas de produção agrícola, como o mau uso do plantio direto. O diagnóstico, ainda em 2009, levou à elaboração do Projeto Mais Água, parceria de oito entidades com o objetivo de aumentar a disponibilidade e melhorar a qualidade da água no Estado por meio do monitoramento do clima e de um melhor manejo do solo e de resíduos animais.
A iniciativa, desenvolvida em conjunto entre Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), Ufrgs, UFSM, Uergs, Faculdade de Horizontina, Feevale, Embrapa Trigo, Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec) e a Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico, é dividida em cinco subprojetos. Ao todo, segundo a coordenadora do Mais Água, Bernadete Radin, cerca de 100 pesquisadores estão envolvidos nas atividades, que iniciaram oficialmente em abril de 2012, após a conclusão dos trâmites burocráticos.
Entre as divisões, a que talvez tenha maior relação com o cotidiano no campo recebe o nome de GrãosPD. Na prática, o objetivo do subprojeto é estudar os impactos do plantio direto sobre o solo gaúcho, além de conscientizar os agricultores a respeito dos efeitos. Embora traga melhorias na produção, o sistema seria um dos responsáveis pelo aumento nos problemas ambientais no Estado, porque, segundo Bernadete, boa parte dos produtores estariam negligenciando algumas de suas premissas básicas. “Nosso solo está comprometido, está muito compactado, e com isso a chuva não penetra e corre rapidamente para os rios, levando consigo os nutrientes e a vegetação”, afirma.
A falta de rotação de culturas, coberturas de inverno e construção de terraços, que são pequenas barragens para contenção da água da chuva, acarretam, portanto, em menos fertilidade e retenção da chuva. “Com isso, qualquer estiagem que antigamente não daria problema já resulta em falta d’água nas lavouras”, comenta Bernadete.
Outro dos subprojetos, chamado de Monitora, tem a intenção de controlar as bacias hidrográficas em regiões de plantio direto, mais suscetíveis a assoreamentos dos rios, por exemplo. A base das pesquisas do Mais Água acontece em Júlio de Castilhos, um dos polos da plantação de grãos no Rio Grande do Sul.

Políticas públicas e conscientização integram iniciativa

Além das pesquisas, uma das metas do Mais Água, por meio de um de seus subprojetos chamado de Meteoro, é modernizar a rede estadual de estações meteorológicas. Às atuais 14 unidades ligadas à Fepagro serão adicionadas outras 26, essas com transmissão via satélite. “Embora mais caras, essas estações têm gasto de transmissão zero, ao contrário das antigas, cujas transmissões de dados são feitas via celular”, comenta a coordenadora do projeto, Bernadete Radin. Com o aumento na rede, estão sendo gerados, além de previsão do tempo diária, boletins periódicos e notas técnicas sobre a situação das lavouras.
No final do projeto, programado para abril de 2015, mas sujeito a prorrogação, um dos objetivos é a proposição de novas políticas públicas referentes aos recursos hídricos no Estado. “Ainda estamos desenvolvendo essas ideias, mas acreditamos que o produtor que protege o solo deve ser incentivado de alguma forma”, afirma Bernadete, citando o caso do Paraná, onde há cobrança de multa para o agricultor que cause erosão. Para a criação das propostas, o último dos subprojetos, intitulado PPHidro, estuda a legislação existente e os impactos financeiros das sugestões.
“Não vamos recuperar 100%, mas queremos minimizar os problemas. Se conseguirmos despertar nos agricultores a preocupação ambiental, podemos atingir isso”, afirma Bernadete, argumentando que o retorno ambiental, mais à frente, pode também significar um retorno econômico. Para tal, além de workshops para pesquisadores, são realizados dias de campo com a presença dos agricultores, palestras, e, ao fim do projeto, serão elaboradas cartilhas para conscientizar as comunidades sobre a importância da conservação do solo. A situação, como lembra a coordenadora, não é apenas um problema local. Atualmente, 33% dos solos mundiais encontram-se em degradação de moderada a alta. Por conta da situação, 2015 foi declarado como o Ano Oficial do Solo pela FAO.
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