A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou ontem o ataque contra uma escola de sua agência para os refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) na cidade de Rafah, em Gaza, que causou a morte de, pelo menos, 10 civis, e exigiu uma rápida investigação. “É um ultraje moral e um ato criminoso”, denunciou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em comunicado de seu porta-voz, no qual se referiu ao fato como “outra grave violação da lei humanitária internacional”.
O diplomata coreano ressaltou que os refúgios da ONU devem ser zonas seguras e lembrou que “as Forças Armadas de Israel foram informadas repetidamente sobre a localização dessas instalações”. “Este ataque, junto com outras violações da legislação internacional, deve ser investigado rapidamente e os responsáveis devem pagar por isso”, defendeu o líder da ONU.
“A volta dos combates só exacerbou a crise humanitária e de saúde que está causando estragos em Gaza”, lamentou Ban, que exigiu mais uma vez a retomada do cessar-fogo e o início da negociações entre as partes. “Esta loucura deve parar.”
Segundo o porta-voz da UNRWA, Chris Gunness, o bombardeio deste domingo aconteceu às 10h50min local (4h50min em Brasília) e atingiu as imediações da escola da agência em Rafah, onde se refugiam cerca de três mil pessoas que deixaram suas casas. Conforme Adnan Abu Hasna, porta-voz do escritório da ONU em Gaza, o ataque aéreo realizado ontem atingiu o lado de fora do portão da escola.
O Exército de Israel admitiu ter disparado sobre um alvo próximo da escola. Segundo o Exército, os alvos eram três “terroristas” da Jihad Islâmica que se deslocavam em um veículo motorizado. As forças de defesa israelenses estão analisando as consequências do ataque ao local onde se encontravam os refugiados, informou um comunicado.
Durante a atual ofensiva militar, projéteis do Exército israelense atingiram complexos da ONU pelo menos outras cinco vezes, em vários casos matando civis. O último havia ocorrido na quarta-feira passada, quando 15 palestinos morreram e 50 ficaram feridos em outro bombardeio a uma escola da UNRWA em Jabalya, no Norte de Gaza, o que suscitou uma onda de condenações internacionais contra Israel. Nele, morreram 10 pessoas e um número indeterminado de feridos.
Para EUA, ação foi “vergonhosa”
Os Estados Unidos condenaram veementemente o ataque de Israel a uma escola da ONU em Gaza neste domingo, que matou 10 pessoas e deixou dezenas feridas. O governo norte-americano classificou o bombardeio como “vergonhoso”. Segundo os EUA, a escola tinha sido designada como local protegido e as Forças de Defesa de Israel tinham sido informadas várias vezes sobre suas coordenadas. “Os Estados Unidos estão consternados com o vergonhoso bombardeio da escola de uma agência da ONU em Rafah”, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, reforçando que Israel deve se esforçar mais para “corresponder a seus próprios padrões e evitar vítimas civis”.
A União Europeia pediu um fim ao “derramamento de sangue” em Gaza e fez um apelo por negociações entre líderes israelenses e palestinos em direção a uma solução política, como a única maneira de trazer “uma paz duradoura” à região.