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Vitivinicultura

- Publicada em 07 de Janeiro de 2010 às 00:00

Investimentos acirram disputas entre vinícolas


Jornal do Comércio
O mercado vinícola vive turbilhão após consolidação da aquisição da marca Almadén pelo Miolo Wine Group. Com mais de 90% da comercialização do setor no País, o segmento gaúcho, entre empresas familiares e cooperativas, prepara investimentos, projeta ampliação da produção e novas táticas comerciais para disputar a preferência de consumidores. Além de reduzir a fatia dos rótulos importados no consumo dos brasileiros, que respondem por sete em cada dez garrafas, as vinícolas não escondem que o ambiente de concorrência entre os nacionais, leia-se gaúchos, ficou mais aquecido.

O mercado vinícola vive turbilhão após consolidação da aquisição da marca Almadén pelo Miolo Wine Group. Com mais de 90% da comercialização do setor no País, o segmento gaúcho, entre empresas familiares e cooperativas, prepara investimentos, projeta ampliação da produção e novas táticas comerciais para disputar a preferência de consumidores. Além de reduzir a fatia dos rótulos importados no consumo dos brasileiros, que respondem por sete em cada dez garrafas, as vinícolas não escondem que o ambiente de concorrência entre os nacionais, leia-se gaúchos, ficou mais aquecido.

Para elevar a temperatura na largada do ano, números de comercialização divulgados pelo Instituo Brasileiro do Vinho (Ibravin) mostram leve recuperação do produto nacional. De janeiro a novembro, houve crescimento de 5,96% nas vendas de vinhos finos brasileiros, que somaram 17,3 milhões de litros. Os importados amargaram queda de 0,85%, somando 53,1 milhões de litros. No mesmo período de 2008, também houve recuo dos concorrentes, após dois anos seguidos de avanço. O diretor-executivo do Ibravin, Carlos Paviani, considera o resultado um feito, principalmente em meio ao câmbio rebaixado do dólar.

Ao arrematar a Alamadén da multinacional Pernod Ricard, o Miolo Wine Group ganhou mais envergadura. Além da Lovara, a associação atraiu o empresário de transportes Raul Randon, com seu braço vitivinícola RAR, que antes tinha apenas comercialização de seus produtos pela família Miolo. O valor da aquisição da marca com vinhedos em Santana do Livramento não foi revelado pelos novos donos. O presidente do Banrisul, que comandou a formatação financeira do negócio, Fernando Lemos, avisou, em dezembro passado, que o novo grupo geraria novo padrão de disputa. Com a Alamadén, a companhia deve ultrapassar a Vinícola Aurora da liderança de vinhos finos. O CEO do Miolo Wine Group, Marcelo Toledo, informa que a operação fecharia 2009 com 12 milhões de litros. A Aurora teria 11 milhões. O Ibravin não divulga ranking com nomes de produtores.

Toledo confirma que entre estratégias para o ano está investir R$ 12 milhões na revitalização da marca Almadén. "Com a entrada da Almadén, passamos a ser de fato a maior empresa do setor", acredita. Os números do setor impulsionam armas para brigar com os concorrentes importados. O obstáculo a romper, segundo o CEO do Miolo Wine, é o preconceito dos consumidores locais com o vinho brasileiro. "Temos de mostrar a qualidade do vinho nacional", indica. Entre as ações, deflagradas em dezembro, está operação de degustação com 400 mil consumidores em pontos de venda. O confronto é entre grifes do conglomerado, que reúne ainda o espanhol, Osborne, na mesma faixa de produtos chilenos e argentinos que têm mais aceitação local. "Quando eles provam em mais de 70% dos casos eles preferem o nosso vinho. Vamos combater o vinho importado barato, que na origem custa US$ 0,60 a garrafa e chega aqui a R$ 19,00", confronta Toledo.

Alem Guerra, diretor comercial da cooperativa, que há 40 anos detém o primeiro lugar, não está preocupado em quem tem mais litros na carteira. Para Guerra, a cooperativa, que teve aumento de 30,5% na receita de vendas em 2009 em toda a operação, manteve posição no ano passado e para 2010 é situação nova. "O ano está começando agora. Vamos disputar a liderança", assegura o diretor da Aurora, que sinaliza investimentos em produção e crescimento em mercados como o nordestino. Em 2010, a cooperativa espera elevar 10% a receita, chegando a R$ 220 milhões.

Salton estava na briga pela Almadén e agora aciona plano B

O diretor-presidente da Vinícola Salton, Daniel Salton, garante que se recuperou da derrota. "Estava no páreo para comprar a Almadén. Quase com a mão na taça quando o Randon (referindo-se a Raul Randon) entrou com lance maior", recorda Salton. Antes do reforço do empresário de Caxias do Sul, o diretor-presidente da vinícola, um dos líderes do ramo de espumantes no mercado nacional, garante que tinha proposto oferta melhor que a Lovara e a família Miolo. "Mas não vamos chorar", diz em tom mais descontraído Salton, que já acionou o plano B para fortalecer seu negócio. A Almadén, explica, seria faturamento imediato e 600 hectares de parreiras, além da grife.

Agora o grupo, com sede em Bento Gonçalves, está focado na implantação de nova linha de produção, que elevará em 60% a 70 % a capacidade atual. Em 2009, o grupo registra avanço de 15% no faturamento, que fechou em R$ 206 milhões, acima da previsão de R$ 200 milhões. A produção foi de 14,5 milhões de litros, entre vinhos finos e espumantes. A linha existente será dedicada a espumante e a nova para portfólio de vinhos finos. "O setor de vendas terá de trabalhar mais. Seremos mais agressivos para buscar mais mercados. Alguém terá de perder espaço", avisa Salton, que se prepara para uma briga entre produtos nacionais e importados.

"Teremos maior poder de fogo e custo mais racional", traça o empresário, que pretende reduzir turnos e horas extras, o que eleva custos. O investimento será de R$ 10 milhões, com meta de acionar a produção no segundo semestre deste ano. Outra decisão é atacar com mais vigor o Nordeste, região que virou alvo da cobiça dos maiores fabricantes locais. "Temos hoje um gerente na Bahia e no Recife. Vamos ser mais ágeis na entrega e teremos campanha em espumantes", detalha o diretor-presidente.

A Salton tem 25% de seu mercado no Sul e 55% no Sudeste. O restante se divide entre Centro-oeste e clientela nordestina. A área de exportação, setor ainda coadjuvante da operação, passa por reestruturação que incluirá busca de novos mercados. O grupo conta ainda com o trunfo dos equipamentos de enoturismo, no complexo da Serra gaúcha, que registra fluxo 25% de visitantes maior a cada ano.

Salton reforça estratégia da principal concorrente, a Miolo Wine Group. A briga é para provar que o produto nacional é melhor, no confronto com os importados baratos. "Brasileiro consome mais porque não conhece o nacional", justifica, lembrando que a derrota local na guerra de preços tem outro componente, que é 50% de custo de impostos de cada garrafa.

Cooperativas criam central para competir

Pequenos produtores de vinhos seguem a trilha das grandes vinícolas e se unem para buscar mercado. Na Serra gaúcha, cinco cooperativas tradicionais, que somam mais de 800 famílias produtoras de uvas, criaram a Cooperativa Central Nova Aliança, que já planeja investir R$ 30 milhões em nova linha de produção, possivelmente em Flores da Cunha.

Entre as integrantes está a Cooperativa Aliança, de Caxias do Sul, dona da marca Santa Colina, de vinhos finos, segmento que responde por 20% da comercialização do grupo e somou 23 milhões de litros, entre vinhos viníferos, de mesa e sucos.

Com o crescimento das vendas dos vinhos nacionais, o presidente da central, Alceu Dalle Molle, diz que o foco principal na nova linha serão sucos integrais. Os vinhos viníferos, que somaram 4,5 milhões de litros em 2009 nas cinco associadas, estão na mira. A central nasce com faturamento de R$ 32 milhões e reúne ainda as cooperativas São Vitor, de Caxias do Sul, Linha Jacinto, de Farroupilha, e Santo Antonio e São Pedro, de Flores da Cunha. "Começamos com cinco, mas a associação não está fechada. Outras poderão se agregar", previne o dirigente.

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