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Indústria

- Publicada em 07 de Janeiro de 2010 às 00:00

Indústria do Estado retoma crescimento


Jornal do Comércio
Depois de um ano de perdas, começa de fato a recuperação da indústria gaúcha. Em novembro passado, o setor alcançou o terceiro mês consecutivo de crescimento, resultado considerado pela Fiergs como um processo de retomada efetivo. A indústria do Estado, uma das mais afetadas pela crise econômica mundial, já projeta uma melhora lenta e gradual dos indicadores neste ano.

Depois de um ano de perdas, começa de fato a recuperação da indústria gaúcha. Em novembro passado, o setor alcançou o terceiro mês consecutivo de crescimento, resultado considerado pela Fiergs como um processo de retomada efetivo. A indústria do Estado, uma das mais afetadas pela crise econômica mundial, já projeta uma melhora lenta e gradual dos indicadores neste ano.

Em novembro, a Fiergs registrou, entre os 17 setores industriais pesquisados, um aumento de 0,6% na atividade, em comparação com o mês de outubro, no Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS). "Se este cenário positivo vier acompanhado de investimentos no País, o atual ritmo de expansão poderá ser acelerado", disse o presidente da entidade, Paulo Tigre.

O otimismo do dirigente para os próximos meses é compartilhado pelos industriais. O segmento moveleiro, que computou até novembro perdas de 4,4% no IDI-RS, deve fechar o ano com perdas de 2,5% em 2009. "Não é o ideal, mas é um bom resultado, considerando o que vimos no começo de 2009", avalia Maristela Longhi, conselheira e ex-presidente da Movergs.

A dirigente diz que o que vai garantir um desempenho melhor em 2009 é o mercado interno. A isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para móveis manteve o mercado aquecido, reduzindo o impacto da queda nas exportações. Maristela calcula que houve 31% menos embarques em 2009. "A crise atingiu em cheio o então principal destino dos móveis gaúchos, a Argentina. O país ainda criou entraves para a entrada dos produtos e o resultado foi uma redução de 52,9% nas vendas", reclama a empresária.

As exportações também foram o maior entrave para o setor coureiro em 2009. A queda na atividade entre janeiro e novembro alcançou os 8,6%, resultado que deve ser revertido em 2010. O setor embarca mais de 50% da produção gaúcha e é especialmente sensível a oscilações internacionais. Entre seus maiores clientes está a indústria automobilística, um dos segmentos mais prejudicados pela crise internacional. Para o ano que vem, a expectativa é mais otimista. "Não devemos alcançar os números de 2008, que foram muito positivos, mas vamos ficar em posição melhor que no ano passado", garante Francisco Gomes, presidente da Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul (AICSul).

Apesar de registrar o começo da retomada, o ano passado não foi positivo para nenhum dos segmentos industriais do Estado. Nos 11 primeiros meses de 2009, em relação ao mesmo período de 2009, o Índice de Desempenho da Indústria caiu 13,2%. Todos os 17 setores industriais pesquisados registraram desaceleração, principalmente Metalurgia Básica (-31,4%), Máquinas e Equipamentos (-24,5%), Produtos de Metal (-19,6%) e Químicos (-18,2%).

Figurando entre os mais penalizados, os setores de metalurgia e produtos de metal aguardam a manutenção das benesses do governo federal para apostar em uma redenção em 2010.

Para o presidente da Associação do Aço do Rio Grande do Sul (AARS), José Antônio Martins, se não for garantido o crédito farto e os benefícios fiscais oferecidos pelo governo a partir do quarto trimestre de 2009, a retomada ficará estacionada. "Estas garantias é que proporcionaram a arrancada no final do ano e devem ser mantidas por todo o 2010", prevê o dirigente, que estima até um aumento de cerca de 8% do consumo do aço em relação a 2008, período pré-crise.

Salários e Capacidade Instalada impulsionaram avanço do IDI

Conforme divulgado pela Fiergs ontem, os indicadores que mais contribuíram para o avanço do crescimento da indústria, passando-o do cenário de tendência para o de consolidação, foram a Massa Salarial e a Utilização da Capacidade Instalada. No primeiro caso, a elevação foi de 1,8% e, no segundo, de 1,3%, em relação ao mês anterior. O emprego também deu a sua contribuição, apesar de menor, com um incremento de 0,5%.

O desempenho da indústria no Estado ainda mantém quedas no Faturamento (-4,4%) e nas Compras (-4,7%). Mas ambos os índices não devem alterar a tendência de recuperação, pois eles vinham apresentando fortes crescimentos em meses anteriores e agora estão em processo de acomodação.

Quando novembro é comparado com o mesmo mês de 2008, a atividade industrial apresenta uma queda de 4%. No entanto, a boa notícia é que foi a menor retração em 13 meses e o Faturamento teve uma elevação de 1,9%, o que não ocorria há um ano. Além disso, as demais variáveis que compõem o IDI-RS (Compras, Emprego, Massa Salarial, Horas Trabalhadas na Produção e Utilização da Capacidade Instalada), apesar de ainda terem ficado negativas, amenizaram consideravelmente a magnitude das suas perdas.

No acumulado dos 11 meses, entre as variáveis ligadas à produção, o Faturamento foi uma das mais penalizadas, com a queda de 11,5% e atingindo 72% das empresas. Em relação ao mercado de trabalho, o emprego retraiu 7,1%, refletindo a diminuição do quadro funcional ocorrida em quase 60% das indústrias do Estado. (CB)

Produção industrial cai 0,2% em novembro no Brasil

A indústria brasileira reverteu em novembro uma trajetória de 10 meses de crescimento e registrou queda de 0,2% na produção ante o mês anterior. O resultado negativo foi puxado pelo mau desempenho dos bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos) e, para analistas, mostra uma velocidade menor que a esperada no crescimento industrial, mas não compromete a continuidade da trajetória de recuperação. Ante novembro de 2008, a indústria cresceu 5,1%, o primeiro resultado positivo na comparação com igual mês de ano anterior apurado após 12 meses de recuos consecutivos, segundo os dados do IBGE.

O economista da coordenação de indústria do instituto, André Macedo, avalia que a queda na produção ante outubro mostra uma "acomodação em função de crescimentos anteriores e não altera a trajetória de crescimento do setor". Para ele, houve uma redução na velocidade da expansão. Analistas econômicos também observam que o resultado da indústria em novembro mostra um crescimento do setor menos acelerado do que apontavam os dados apurados entre agosto e outubro, o que poderá evitar um aumento na taxa básica de juros (Selic) antes do segundo semestre deste ano, com manutenção do atual patamar, de 8,75%, ao longo desta primeira metade de 2010 ou até mesmo até o ano que vem.

Para Bernardo Wjuniski, analista da Tendências Consultoria, os dados divulgados ontem pelo IBGE apontam que "não surgirão fortes pressões inflacionárias na maior parte do ano, sem haver necessidade, portanto, para que o ciclo de alta da Selic se inicie ainda no primeiro semestre".

Segundo ele, a indústria, que acumulou uma queda de 9,3% na produção entre janeiro e novembro do ano passado, sinaliza para uma recuperação da atividade econômica "consistente", mas um pouco mais lenta do que se esperava, em 2010.

O estrategista-chefe do BNP Paribas, Alexandre Lintz, vai além e acredita que uma possível alta na Selic ficará para o ano que vem. "Os dados mostram que não há espaço para subir os juros em 2010", afirma. Ele argumenta que a taxa negativa de 0,2% da produção industrial na margem indica uma recuperação gradual, que não sustenta o otimismo demonstrado pelo mercado financeiro nas últimas semanas. Rogério Souza, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), avalia que os dados de novembro "não são desfavoráveis" e mostram que "não há um superaquecimento" no setor, que prossegue mostrando alta nos investimentos.

Ele observou que a queda na produção em novembro ante outubro foi puxada pelo recuo na produção de veículos automotores (-2,2%), ou seja, esteve praticamente localizada em um único segmento, que por sua vez registra uma alta na produção de 103% em novembro ante dezembro de 2008, mês que foi o fundo do poço para o setor.

A despeito dos incentivos fiscais concedidos pelo governo, a produção de bens de consumo duráveis caiu 4,8% em novembro ante outubro.

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