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histórias do comércio e dos serviços

- Publicada em 07 de Julho de 2014 às 00:00

Botinha da Zona é tradição nos pés dos porto-alegrenses


MARCO QUINTANA/JC
Jornal do Comércio
Quem vê a pequena loja de 10 metros por 12 metros cheia de caixas de sapatos por todos os lados, encravada no meio da avenida da Azenha, na Capital, não imagina que ali está um negócio quase centenário. A Botinha da Zona, que em novembro completa 95 anos de atividades, sobreviveu às diversas mudanças no cenário econômico brasileiro e mundial, e continua até hoje fazendo a cabeça e os pés de um público fiel.

Quem vê a pequena loja de 10 metros por 12 metros cheia de caixas de sapatos por todos os lados, encravada no meio da avenida da Azenha, na Capital, não imagina que ali está um negócio quase centenário. A Botinha da Zona, que em novembro completa 95 anos de atividades, sobreviveu às diversas mudanças no cenário econômico brasileiro e mundial, e continua até hoje fazendo a cabeça e os pés de um público fiel.

A história começou em 1919 com a família Lobraico, que fabricava coturnos para o exército em Porto Alegre. E essa trajetória por pouco não se encerrou nos anos de 1950, quando já com os novos donos iria fechar. Foi preciso que um homem que já atuava no ramo de sapatos, e havia trabalhado na loja para ganhar uns trocados, fizesse uma ousada proposta para manter vivo o tradicional empreendimento.

Waldemar Bronzatti veio de Cruz Alta para Porto Alegre assim que deixou o quartel. Depois de diversos empregos, sendo um deles em uma loja que vendia rádios, conheceu um representante comercial do setor calçadista. “Ele me deu umas duplicatas para cobrar de alguns clientes. Gostei do ramo e fui conhecendo alguns representantes do setor”, conta.

Junto com o primo, que era contador, comprou uma loja de sapatos, a Casa Congresso, e, nos sábados, ajudava nas vendas de um concorrente: a Botinha da Zona. Ali, tirava mais alguns trocados e recebia almoço e café. No entanto, a empresa foi vendida para uma família de Passo Fundo, que não se deu bem no ramo e decidiu encerrar o negócio. Foi aí que entrou o empreendedorismo do jovem vindo do Interior. “Eles queriam 1,2 mil contos. Eu fiz uma proposta de 200 contos de entrada e depois mais 100 contos por mês do que iria lucrando na loja”, lembra.

O curioso nome da loja surgiu de um episódio que virou história. Antigamente, grupos de ciganos acampavam na região onde está hoje o estádio Olímpico e permaneciam por períodos longos. Em média, a cada dois anos, levantavam  acampamento e rumavam para outras cidades. Os meninos das redondezas então iam procurar moedas e iguarias nos entulhos que ficavam. “Um deles achou um pé de bota de gaitinha, novinho, que na mudança ficou perdido. Ele levou para o Lobraico e perguntou se não fazia o outro pé”, conta Bronzatti. O sapateiro explicou que não tinha como fazer, pois era um produto que vinha da Europa. “O menino vendeu a botinha por dois contos e Lobraico a pendurou junto aos coturnos que ficavam secando embaixo dos cinamomos.” O local começou a ser chamado pelo público, então, de Botinha da Zona. 

A loja se transformou em referência nas vendas de calçados. Tamanha era a repercussão que atraía grandes nomes da cultura gaúcha da época, como Teixeirinha e José Mendes. O proprietário conta que três fatos quase fecharam a loja: o plano cruzado, nos anos 1980, um incêndio e um AVC sofrido há 18 anos, o que o deixou  um ano fora do trabalho, sendo preciso diminuir o ritmo e dispensar funcionários.

O proprietário da tradicional loja de sapatos conta que dali, do pequeno espaço localizado no número 1.175 da avenida da Azenha, viu a cidade crescer e evoluir de forma rápida: dos tempos dos bondes até os grandes espigões imobiliários que hoje cercam a região. “Passava o bonde e levantava todo o pó, como naqueles filmes de faroeste”, rememora.

Qualidade no atendimento está entre as prioridades

Para Waldemar Bronzatti, a evolução do comércio, especialmente com a internet, nunca irá substituir as vendas diretas e a relação do cliente com o vendedor. Segundo o especialista, dificilmente uma boa compra é feita fora dos tradicionais meios de comercialização. “Na internet, não se vê se o calçado é confortável, se a forma se adapta ao pé. Não existe uma forma padronizada. A pessoa se adapta a uma marca e outra não, porque temos várias fábricas de forma e vários tipos”, avalia.
E essa é uma das fórmulas para o sucesso de décadas da Botinha da Zona, a qualidade dos produtos ofertados. Além disso, Bronzatti explica que sempre primou pelo atendimento personalizado aos clientes e por falar a verdade na hora da venda, cativando consumidores fiéis para a loja por mais de uma geração dentro da mesma família. “Numa loja de sapatos, não se pode impor aquilo que se quer vender. Precisamos oferecer o que o cliente quer e orientá-lo sempre pelo melhor. Para nós, é quase uma devoção o que fazemos. Procuramos fazer o melhor para o cliente”, reforça.
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