Guilherme Kolling, interino
O governador Tarso Genro (PT) teve baixas ao longo do seu governo. Dois partidos que integraram sua base aliada deixaram de apoiá-lo: PSB e PDT. Ainda assim, o petista larga com o respaldo de um número maior de partidos na sua campanha à reeleição: seis siglas estiveram ao seu lado no lançamento da pré-candidatura ao Piratini no sábado passado: PT, PCdoB, PTB, PR, PRB e PPL.
Em 2010, a coligação de Tarso teve quatro legendas. Há uma vantagem quantitativa, sem dúvidas. Mas, em política, nem sempre 2 + 2 = 4. Quero dizer que o número de legendas pode agregar tempo de TV e estrutura partidária, mas não necessariamente significa mais votos.
A questão é que a coalizão de Tarso não passou por uma simples operação de soma, houve uma perda em relação ao pleito passado: PT, PCdoB e PR seguem com Tarso, mas o PSB não irá apoiar o petista.
O que aconteceu, portanto, foi a substituição do PSB, que indicou o vice-governador Beto Grill, por PTB, PRB e PPL. Cabe observar que o PPL já estava com Tarso em 2010, mas o partido ainda não havia sido oficializado.
E o PRB, embora tenha uma expressiva bancada na Câmara dos Deputados – o que significa mais espaço na propaganda eleitoral de rádio e TV –, no Rio Grande do Sul, ainda é um partido pequeno, elegeu apenas um deputado estadual, nenhum federal.
Desta forma, o mais importante é avaliar se a substituição do PSB pelo PTB agrega ou subtrai de Tarso, até porque devem ser os petebistas que vão indicar o companheiro de chapa em 2014.
O governador encara a mudança como positiva, observa, por exemplo, que o PTB é um partido maior e com mais capilaridade no Rio Grande do Sul do que o PSB. Além disso, conta com mais parlamentares. São cinco deputados estaduais petebistas – eram seis, mas Cassiá Carpes foi para o Solidariedade – contra três do PSB. E dois deputados federais do PTB – aí também houve uma migração, eram três, mas Danrlei de Deus foi para o PSD – contra três do PSB.
Mais uma vez, a quantidade favorece Tarso. Mas, eleitoralmente, não é possível dizer que é uma vantagem a troca do PSB pelo PTB. Até porque o nome dos sonhos para ser candidato a vice-governador, o ex-senador Sérgio Zambiasi (PTB), já declinou o convite para disputar a eleição deste ano.
Comunicador popular, Zambiasi agregaria votos a Tarso. Mas prefere se manter no comando do seu programa na Rádio Farroupilha. Ao que tudo indica, terá uma participação discreta na campanha.
Além disso, o PTB sofre o desgaste de um partido que, nos últimos anos, teve filiados exercendo cargos públicos que foram alvo de denúncias de irregularidades em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul.
Isso sem falar na questão da identidade política e programática. Reparem: o PTB está com Tarso Genro desde 2011, mas antes integrou a administração Yeda Crusius (PSDB, 2007-2010) e o governo Germano Rigotto (PMDB, 2003-2006). Assim, seu protagonismo na campanha de Tarso pode, inclusive, enfraquecer eventuais comparações do modo petista de comandar o Estado com as gestões anteriores.
E mais: o PSB foi um aliado fiel do PT nas últimas décadas em eleições pelo governo do Estado e presidência da República. O PTB, ao contrário, não fez coligações sistemáticas com PT de Tarso. Em 2010, por exemplo, optou por uma aliança com o DEM, partido que está no campo oposto ao PT.
Cabem questionamentos: o histórico dos partidos não influencia a votação? Petistas de carteirinha e o eleitorado mais simpático à esquerda prefere apoiar um candidato coligado com o PSB ou com o PTB? A crença na aliança e o empenho desses militantes na campanha serão os mesmos?
Enfim, perguntas que demonstram que uma aliança mais vantajosa em termos de estrutura partidária e tempo de TV pode não significar necessariamente mais votos.