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INTER

- Publicada em 07 de Abril de 2014 às 00:00

O segundo despertar do Gigante


MARCO QUINTANA/JC
Jornal do Comércio
“O Gigante me espera para começar a festa” é o trecho de uma música sempre entoada pelos torcedores do Inter em meio às partidas. Durante quase dois anos, porém, foram eles que tiveram que aguardar.
“O Gigante me espera para começar a festa” é o trecho de uma música sempre entoada pelos torcedores do Inter em meio às partidas. Durante quase dois anos, porém, foram eles que tiveram que aguardar.
Passava um pouco das 16h30min de sábado e, da boca da maioria daqueles que circulavam em volta do Beira-Rio ou que se aglomeravam nas filas para os portões de acesso, as expressões mais ouvidas eram “estamos voltando” e “saudade”. Saudade de estar ali como se estivesse dentro de casa, de estar ali para extravasar as emoções de uma louca paixão por um time, por um estádio.
Algumas horas depois, já quando o domingo estava chegando, aquelas cerca de 50 mil pessoas que deixavam as confortáveis cadeiras em que assistiram a um verdadeiro espetáculo ou aquelas que conseguiram adentrar ao gramado para pular, junto a um elenco de cerca de 1.500 atores, com o DJ Fatboy Slim, só sabiam dizer “emocionante”, “magnífico”. Ao narrar a história de 45 anos do templo vermelho, ao som de uma brilhante orquestra e de um coro altamente qualificado, Os Protagonistas tocou o coração dos colorados, desde quando lembrou a dificuldade em se conseguir um terreno para erguê-lo até o momento de sua inauguração (6 de abril de 1969), com Claudiomiro marcando o primeiro gol frente ao Benfica.
Tocou porque, passando em cada década, soube apresentar, em detalhes, os momentos mais marcantes de uma história gloriosa. Da contagem regressiva que antecedeu a primeira das tantas queimas de fogos e o show da banda Blitz, de Evandro Mesquita, até o momento em que, via telão em forma de cilindro, os grandes ídolos que desfilaram por aquele palco, garantindo inesquecíveis conquistas, apontavam para quem estava nas arquibancadas e lembravam que eles eram os verdadeiros responsáveis por tudo aquilo, houve espaço para tudo.
Com a tecnologia, foi possível projetar o Guaíba por sobre o tablado que cobria o gramado. Depois que um navio por ali passou, os trabalhadores puderam aterrar parte do local e construir o estádio. Em diversos momentos, um campo de jogo apareceu para relembrar lances e situações inesquecíveis com a presença, in loco, dos atletas. Imagens de gols e festas ali também apareciam.
A música brasileira esteve representada, por exemplo, por Hermes Aquino e sua “Nuvem Passageira”, Kleiton e Kledir, que, com o “Deu pra Ti”, levantaram a “galera do Beira-Rio”, Nenhum de Nós, Papas da Língua, Cachorro Grande e Duca Leindecker. Tudo, é claro, em meio a muitas memórias do futebol alvirrubro (ver página ao lado) contadas em ritmo de baladas e em conversas de bar.
Depois de entoado o hino e de lágrimas escorrerem de muitos olhos, o presidente Giovanni Luigi, cercado por quem deu ao torcedor as suas maiores alegrias, falou, exatamente às 22h25min, o que todos esperavam: “Declaro inaugurado o novo Beira-Rio”. A longa espera, enfim, havia acabado. Famílias inteiras se abraçaram, o marido beijou a esposa e milhares de flashes foram disparados. O Gigante novamente estava aberto para receber a festa dos colorados.

Uma chance de vivenciar a história

No momento em que chegava ao Beira-Rio, ainda sob forte calor e em meio a diversos torcedores que carregavam, orgulhosamente, bandeiras em seus ombros, uma mãe perguntava: “Quantos giga cabem aí?”, referente ao espaço que a filha tinha em sua máquina para registrar todos os momentos da reinauguração do estádio.
Já um outro colorado questionava o amigo sobre quem iria tocar na festa que estava prestes a começar. O “não sei” rápido e rasteiro como resposta era a evidência de que aquilo pouca diferença fazia. O importante era estar novamente ali. “Ô, coisa linda”, dizia outro colorado. Logo também se viu mais um apaixonado convocando os parceiros a fazer um “selfie” em frente ao estádio para garantir uma imagem histórica.
O sentimento de alegria era comum. Da dona Carmen, que com cinco anos já frequentava os Eucaliptos e não podia deixar de estar presente ao evento. Do pequeno Davi Assis dos Santos, de quatro anos, que sempre pedia para a mãe Daniele trazê-lo ao estádio quando por ali passavam no caminho da escola e ganhava a primeira chance na noite de sábado. Do senhor José Carlos Beltrame, que estava louco para matar as saudades. Todos, juntos, puderam comemorar a volta para casa.

O futebol garante as boas lembranças

Dividido em atos, evento Os Protagonistas lembrou as grandes conquistas do time ao longo dos últimos 45 anos
Contar a história do estádio Beira-Rio sem falar de futebol não teria a menor graça. Portanto, a festa de sábado teve nas lembranças das grandes conquistas do Inter os momentos mais intensos.
Fernandão, Figueroa, Claudiomiro, Paulo Roberto Falcão, D’Alessandro, Adriano Gabiru, Alex, Benítez, Célio Silva, Chico Spina, Clemer, Dario, Figueroa, Iarley, Índio, Pinga, Valdomiro Ruben Paz, Cléo, Bolívar, Rafael Sobis, entre outros atletas, além do ex-técnico Rubens Minelli, contribuíram com depoimentos para trazer à tona detalhes do que foi vivido em campo. Muitos deles, inclusive, participaram da festa. A partir disso, o Jornal do Comércio elencou as principais cenas que ajudaram o torcedor a reviver o passado e sonhar com um futuro tão ou mais glorioso.
1 - O trio de ouro
Os Protagonistas não poderia começar melhor. Lado a lado, Figueroa, Fernandão e D’Alessandro praticamente deram as boas-vindas aos presentes, que foram ao delírio. “Conseguiram deixar esse estádio ainda mais lindo”, afirmou o capitão da conquista do Mundial. “O Beira-Rio é nosso”, bradou o argentino, atual camisa 10 e capitão da equipe. “É uma honra fazer parte dessa história”, completou o ex-zagueiro chileno.
2  - Uma década sem precedentes e a reverência ao craque Falcão
Os três títulos brasileiros conquistados na década de 1970 foram resumidos em alguns lances memoráveis. Começou com o gol iluminado de Figueroa na final de 1975 contra o Cruzeiro. Depois veio a obra de arte, ao som da Nona Sinfonia de Beethoven, que foi o gol de Paulo Roberto Falcão em tabela de cabeça com Escurinho na semifinal de 1976 diante do Atlético-MG, seguida de Dario (aquele que diz que para no ar, cena esta que foi reproduzida) balançando a rede, mas na final desse mesmo ano frente ao Corinthians. Por fim, a lembrança do título invicto de 1979 e uma homenagem especial a Falcão, que apareceu no meio do gramado vestindo o uniforme do time e foi ovacionado.
3 - Os anos 1980 também merecem ser lembrados
Os anos de 1980, a década do quase, teve na conquista do Joan Gamper um ponto importante. Mas foi com Nilson falando sobre o Grenal do Século que a galera mais uma vez vibrou.
4 - A Copa do Brasil e o choro de ‘Uh Fabiano’
Chegaram os anos de 1990. Em 1992, veio o título da Copa do Brasil. Mas um dos momentos mais emocionantes da noite se deu com o choro de “Uh Fabiano”. Logo após lembrar o Grenal dos 5 a 2, ele se emocionou. O telão mostrou seu choro quando contava que não conseguiu dar títulos de expressão ao Inter.
5 - A virada inspirada nos ídolos do passado
O século XXI precisava de uma virada dentro de campo. Para buscar forças, os ídolos (jogadores, técnicos e dirigentes) que já não estão mais entre os colorados acabaram lembrados e aplaudidos. Tesourinha, Escurinho, Ênio Andrade e Arthur Dallegrave foram apenas alguns dos que tiveram suas imagens projetadas.
6 - O mundo aos pés do Inter
Clemer já dizia: “Precisávamos de um grande título”. Rafael Sobis complementava lembrando que “nosso forte era a luta”. E foi assim que vieram as Libertadores de 2006 e 2010, a Sul-Americana, as Recopas, o Mundial. O Campeão de Tudo era o Internacional. E os campeões, puxados pelo técnico Abel Braga, estavam ali para comemorar junto ao torcedor.
7 - Os 13 segundos que transformaram o torcedor colorado em narrador
No telão, jogadores de todas as épocas aqui retratadas davam um empurrãozinho para o gol do título mundial sair. Vivenciavam novamente aquele momento. Eis que, nos 13 segundos do lance em que Adriano Gabiru acabou balançando a rede do Barcelona em Yokohama, houve uma parada. Foi quando a própria torcida tratou de contar aquela história, gritar “gol” e ver o autor da façanha ser erguido pelos companheiros.
8 - A mensagem final
Um painel com as imagens de alguns desses ídolos projetadas foi erguido acima do estádio. Ou seja, sinal de que é preciso continuar crescendo. A mensagem que fica, e que foi reproduzida ao final da festa, é conhecida, mas se impõe com a nova casa: “segue tua senda de vitórias, Colorado das glórias, orgulho do Brasil”.
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