O segundo e último dia do evento Conexões Globais, que aconteceu paralelamente ao Fórum social Temático neste sábado (25), teve clima diferente de ontem. Não só pelos temas diferenciados, mas porque a temperatura foi mais amena em Porto Alegre, dando mais conforto aos participantes. Nesta tarde, as grandes mobilizações ao redor do mundo ganharam foco.
Com uma hora de atraso, o debate “Tecnopolítica dos #ProtestosBR e um enfoque global” levou aos que estavam presentes no teatro Bruno Kiefer, na Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ), o conhecimento de uma série de dados e gráficos sobre as manifestações de junho no País. Com mediação de Beá Tibiriçá, o diálogo contou com a participação via webconferência de Miguel Aguilera, do 15M (movimento proveniente das manifestações ocorridas na Espanha, em 2011); Fábio Malini, da Labic/EFES; Tiago Pimentel, diretor da InterAgentes Comunicação Digital; Raquel Recuero, jornalista e professora da UFPel; e Bernardo Gutiérrez; consultor digital.
O primeiro a falar no debate foi Bernardo Gutiérrez. Ele apresentou grafos sobre como agem as pessoas durante mobilizações. “Um tweet durante um protesto tem o dobro de carga emocional do que um tweet normal”, explicou. Segundo Gutiérrez, os grandes movimentos acabam juntando pessoas que têm utopias e estilos diferentes, classificando este fato como “agregação”.
Tiago Pimentel analisou a as jornadas de junho pelo Brasil e apresentou os números de adesão das manifestações, ao logo do mês. Além disso, mostrou as tags (palavras-chave) que foram mais usadas nas redes durante os protestos e comparou o uso de cartazes com a timeline do Facebook ou do Twitter.
O espanhol Miguel Aguilera mostrou dados coletados na internet durante as manifestações que ocorreram na Espanha, em 2011 e como ocorreu o apoio de grupos de outras nações aos protestos.
Raquel Recuero chamou de “brigas discursivas” os seus dados apresentados. Segundo Recuero, os primeiros dias das manifestações de junho registraram a maior incidência de feridos e confusões, só que a mídia acabou trabalhando o tema “violência” somente nos últimos dias. “Então a gente consegue ver aí, que há uma briga discursiva em o que a mídia falava e o que as pessoas falavam”, contestou.
O último a falar foi Fábio Malini, que chamou a atenção para um estudo que está sendo feito na Universidade Federal do Espírito Santo. “Nós que trabalhamos no campo da comunicação, estudamos muito as ‘nuvens’ de palavras. Mas o que estamos analisando é as ‘nuvens’ de fotos utilizadas durante as manifestações”, falou, ao se referir sobre as imagens que mais viralizaram em junho passado.
Mais cedo, o debate “Três anos de revoltas interconectadas – de Tunís ao Brasil” abordou os movimentos sociais de uma forma interconectada e global. O último diálogo de sábado, “Espaço público e sociedade em rede”, procurou dar voz aos ideais dos manifestantes.
Ontem o Conexões Globais recebeu centenas de pessoas para participar de oficinas, debates e shows. Um dos diálogos mais esperados foi sobre “Soberania digital e vigilância na era da internet”, que teve a participação do ativista em prol de asilo brasileiro a Edward Snowden, David Miranda. As manifestações de junho vistas pelo poder público também foram pauta nos encontros de sexta-feira.