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CLIMA

- Publicada em 12 de Novembro de 2013 às 00:00

Chuva histórica inunda Porto Alegre


JONATHAN HECKLER/JC
Jornal do Comércio
Virou rotina: pela quarta vez neste ano, Porto Alegre parou por causa da chuva. Nesta segunda-feira, a cidade ficou isolada por várias horas, com uma única via de acesso, pela avenida Castelo Branco. O temporal afetou, mais uma vez, os moradores do bairro Sarandi, que ainda não haviam se recuperado da inundação provocada pelo rompimento de um dique há cerca de dois meses. O ato rotineiro de trabalhar ou estudar virou um verdadeiro martírio, já que o Trensurb operou com restrições, a fila por um táxi demorava até duas horas e os ônibus, assim como os automóveis, formavam filas e mais filas nas raras vias que não ficaram inundadas. O panorama no Interior do Estado, onde chove desde sábado, não era muito diferente, com várias pessoas ilhadas.
Virou rotina: pela quarta vez neste ano, Porto Alegre parou por causa da chuva. Nesta segunda-feira, a cidade ficou isolada por várias horas, com uma única via de acesso, pela avenida Castelo Branco. O temporal afetou, mais uma vez, os moradores do bairro Sarandi, que ainda não haviam se recuperado da inundação provocada pelo rompimento de um dique há cerca de dois meses. O ato rotineiro de trabalhar ou estudar virou um verdadeiro martírio, já que o Trensurb operou com restrições, a fila por um táxi demorava até duas horas e os ônibus, assim como os automóveis, formavam filas e mais filas nas raras vias que não ficaram inundadas. O panorama no Interior do Estado, onde chove desde sábado, não era muito diferente, com várias pessoas ilhadas.
Na Capital, que já sofre com alagamentos frequentes nos dias de precipitações normais, o volume de chuva em menos de 24 horas foi fora do comum. Durante a manhã, a quantidade já havia superado a média histórica do mês de novembro, que era de 104,2mm. De acordo com o Sistema de Vigilância Meteorológica da cidade (Metroclima), das 16h de domingo até as 17h de ontem, o índice foi de 127mm no bairro Jardim Botânico. No bairro Chácara das Pedras, o volume foi ainda maior, de 136,9mm. A média na cidade foi de 108mm. Ao menos 160 pessoas estão desabrigadas.
Em razão do acúmulo de água, houve necessidade de bloqueios e desvios em diversas ruas e avenidas, como Coronel Claudino, Icaraí, Sertório, Voluntários da Pátria, Protásio Alves, Padre Cacique, Princesa Isabel, Voluntários da Pátria e Bento Gonçalves, o que causou longos congestionamentos. Entre as vias alagadas, a avenida Sertório foi uma das mais prejudicadas. Os pedestres que se arriscaram no trajeto ficaram com água na altura da cintura e alguns ônibus chegaram a andar na contramão para fugir do alagamento. Na avenida Farrapos, o acúmulo de chuva também foi intenso. As paradas ficaram lotadas com filas para pegar ônibus e táxi.
A procura por táxis foi ainda mais intensa na Estação Rodoviária de Porto Alegre. Com uma fila enorme de pessoas aguardando veículos em plena segunda-feira, o tempo de espera chegou a quase duas horas. Por esse motivo, as lotações foram autorizadas a circular com passageiros em pé e o novo corredor de ônibus no eixo das avenidas Teresópolis, Nonoai e Cavalhada, que começaria a funcionar na manhã de ontem, foi liberado para o trânsito de automóveis. A avenida Padre Cacique ficou completamente bloqueada e impediu o trajeto dos motoristas em direção à zona Sul. O Trensurb também ficou interrompido entre as estações Mercado e São Pedro durante toda a manhã. Já o Aeroporto Internacional Salgado Filho ficou isolado. A situação só melhorou à tarde, quando a chuva diminuiu de intensidade.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) registrou pelo menos três quedas de árvores, na rua Barão do Amazonas, na avenida Guaíba e na avenida Rodrigues da Fonseca, em frente à Escola Alberto Torres. Já a falta de energia elétrica fez com que muitos semáforos ficassem desligados, principalmente na zona Sul. Algumas estações do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) também ficaram paralisadas pela falta de luz, fazendo com que alguns bairros não tivessem abastecimento de água.

Bairro Sarandi volta a sofrer com as cheias

Ainda traumatizados com um alagamento ocorrido há pouco mais de dois meses, os moradores do bairro Sarandi, na zona Norte da Capital, sofreram um novo baque com o temporal de ontem. Pela manhã, a forte chuva fez com que famílias da Vila Asa Branca tivessem mais uma vez que deixar as suas casas. Os bombeiros utilizaram até mesmo barcos para o resgate.
No final de agosto, um dique que represa as águas do rio Gravataí se rompeu e mais de duas mil pessoas ficaram desabrigadas. Os moradores, que ainda não conseguiram se recuperar dos prejuízos, precisaram retirar os móveis e pertences das residências. O ponto mais atingido foi a avenida Salvador Leão com a rua Ararás. As Unidades Básicas de Saúde (UBS) Nova Brasília, Sarandi e Vila Elisabete, todas no Sarandi, tiveram de ser fechadas.
No bairro, além das casas, diversos estabelecimentos comerciais ficaram alagados. De acordo com o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), o arroio Sarandi transbordou devido ao grande volume de chuva e ao acúmulo de lixo. Uma equipe do departamento trabalhou durante a manhã para desobstruir a tubulação de uma galeria, que ficou bloqueada pelos resíduos. A assessoria ressaltou que todas as sete casas de bombas da zona Norte estavam funcionando. O arroio Cavalhada, na zona Sul, também transbordou, e a água invadiu um condomínio no bairro Cristal. Na Vila Amazônia, na zona Norte, várias famílias voltaram a perder seus bens.
As famílias atingidas pelo transbordamento do arroio Sarandi estão sendo atendidas pela Defesa Civil e pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) na paróquia Santa Catarina (avenida Souza Melo, 207) e no DTG Recanto da Lagoa (rua 25 de Outubro, 518/100). A Defesa Civil está recebendo donativos para os desabrigados na sede do órgão, na avenida Copacabana, 1.096, no bairro Tristeza. Os pedidos são de materiais de higiene pessoal e limpeza. Um outro posto estará aberto, a partir de hoje, no Mercado Público de Porto Alegre.

Alagamento ocorre pouco mais de dois meses depois do rompimento de
um dique que represa as águas do rio Gravataí. JONATHAN HECKLER/JC

‘Dinheiro nenhum paga obra capaz de dar vazão a uma chuva como essa’

As casas de bombas do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) não funcionaram em alguns momentos pontuais por falta de energia elétrica, atrasando o escoamento da água. De acordo com a assessoria de imprensa do DEP, não é possível saber quantas das 19 casas existentes pararam, mas se tem conhecimento de que a Santa Terezinha, no bairro Santana, ficou sem operar por 15 minutos.
“Nenhum dinheiro do mundo paga uma obra capaz de dar vazão a uma chuva como essa. Choveu mais de 100mm em 12 horas”, diz o diretor do DEP, Tarso Boelter. Para ele, nenhum sistema suporta esse volume de chuva. “E olha que Porto Alegre tem um dos melhores sistemas do País”, sustenta.
Segundo ele, em janeiro será licitada a obra para quadruplicar a capacidade de bombeamento de 14 das 19 casas, que terão geradores próprios. As melhorias serão feitas com o repasse de R$ 86 milhões do Ministério das Cidades. “Fechamos isso em 28 de dezembro do ano passado. O valor total disponível é de R$ 237 milhões. Temos, desde lá, 48 meses para entregar as obras.”

Reúso da água ainda é só uma ideia

Cláudia Rodrigues Barbosa
A cada novo temporal, o assunto retorna. A reutilização de água da chuva está longe de ser uma realidade, apesar de trazer benefícios para todos. Na Capital, existe a Lei n° 10.531/2008, que determina a captação e uso da água da chuva para novos empreendimentos residenciais e não residenciais. No entanto, segundo o ex-vereador Beto Moesch (PP), autor do projeto, “o decreto que regulamenta a lei não respeita a lei”, pois ele permite que novos empreendimentos residenciais se eximam da obrigatoriedade.
“Ainda existe muita resistência sobre o tema por fatores culturais e econômicos. O assunto precisa ser tratado dentro das empresas, dos governos e parlamentos. É inadmissível não captar água da chuva. Poderíamos lavar roupa, dar descarga e lavar calçada com essa água. Os romanos faziam isso. É uma pena”, lamenta Moesch.
Também fica evidente, a cada temporal, que tem muito lixo descartado em locais inadequados, o que causa mais problemas de escoamento da água da chuva. E, quando as pancadas são na segunda-feira, argumenta o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), a situação piora, pois não há coleta nos domingos. Conforme a assessoria do DMLU, “na Capital, as pessoas insistem em colocar lixo nas ruas aos domingos”. Hoje, o órgão fará um mutirão para limpar a cidade.

Precipitação ‘acima do normal’ alagou a Capital ao menos quatro vezes no ano

Juliano Tatsch
Mais uma vez, Porto Alegre ficou “debaixo d’água” ontem. A forte e constante chuva que caiu na cidade fez com que os conhecidos problemas de alagamentos se repetissem, fazendo da segunda-feira um dia complicado para quem teve de sair de casa.
Somente neste ano, em pelo menos três ocasiões a Capital sofreu com as ruas e avenidas tomadas pela água acumulada, o que indica que a ocorrência de precipitação intensa não é algo tão anormal.
No dia 7 de janeiro, também uma segunda-feira, a chuva começou a cair no início da noite e, em duas horas, causou uma série de alagamentos, como nos cruzamentos da avenida Ipiranga com a Silva Só, da avenida Farrapos com a rua Santo Antônio e com a avenida Ceará, no Túnel da Conceição, na avenida João Pessoa com a rua José Bonifácio e na avenida Assis Brasil.
Pouco mais de um mês depois, no dia 20 de fevereiro, a chuva torrencial causou uma morte e diversos transtornos no trânsito. Foi nessa ocasião que o asfalto da rua Coronel Bordini cedeu, abrindo duas crateras na via. A constatação foi de que o Conduto Álvaro Chaves, construído justamente para evitar acúmulos de água em dias de grande chuva, havia se rompido.
O último caso foi recente, no dia 23 de outubro. O temporal gerou alagamentos, engarrafamentos, queda de árvores. Como de costume, diversos semáforos estragaram ou deixaram de funcionar em razão da falta de energia elétrica.
Com o aumento das temperaturas nos próximos meses, a tendência é de que mais temporais ocorram na cidade. Diante do histórico, alegar surpresa pela falência dos sistemas de drenagem já não é mais uma alternativa para os gestores públicos.
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