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HISTÓRIAS DO COMÉRCIO E DOS SERVIÇOS

- Publicada em 11 de Novembro de 2013 às 00:00

Calamares preserva tradição de frutos do mar


JONATHAN HECKLER/JC
Jornal do Comércio
“Uma grande noite entre amigos. Voltarei ao Calamares sempre que vier a Porto Alegre. Obrigado pela maravilhosa cozinha – e pela simpatia.” As palavras foram anotadas pelo escritor português José Saramago no livro de visitas do restaurante Calamares no dia 26 de abril de 1999, quando ele, recém-premiado com o Nobel de Literatura, esteve em Porto Alegre para receber o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
“Uma grande noite entre amigos. Voltarei ao Calamares sempre que vier a Porto Alegre. Obrigado pela maravilhosa cozinha – e pela simpatia.” As palavras foram anotadas pelo escritor português José Saramago no livro de visitas do restaurante Calamares no dia 26 de abril de 1999, quando ele, recém-premiado com o Nobel de Literatura, esteve em Porto Alegre para receber o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
A visita é lembrada com carinho por Maria José Cassapo, fundadora do restaurante, e Carla Cassapo, filha de Maria José, que também trabalha no tradicional restaurante de comida portuguesa. “Nós éramos e somos leitores, fãs incondicionais”, revela Carla. “Temos uma porção de livros dele”, confirma Maria José. “Quando ele ganhou o Nobel foi aquela festa. Depois, o pessoal da Ufrgs entrou em contato com a gente, eles tomaram a iniciativa de trazer o Saramago aqui. Ele trouxe os livros para autografar”, lembra Carla. Maria José lembra que no ano seguinte, em 2000, quando o escritor voltou a Porto Alegre para lançar um novo livro, ele foi novamente ao restaurante, como havia prometido.
As duas também citam outros famosos que já foram ao restaurante, como a atriz Fernanda Montenegro e o ator Paulo Autran, integrantes do grupo Pato Fu e a cantora portuguesa Teresa Salgueiro. “A Dilma, quando ainda era do PDT, vinha com aquele escritor de teatro, Ivo Bender, eles eram muito amigos. Ela veio ainda uma vez depois de ser ministra. O Otto Guerra vem sempre aqui também”, conta Maria José.
Mas o mesmo carinho que a família dispensa aos famosos vale para os demais clientes, e as palavras de Saramago poderiam ser as de outros frequentadores, pois traduzem bem a sensação de familiaridade e intimidade que se sente quando se vai ao Calamares. “Temos clientes aqui que as senhoras vinham grávidas, depois traziam as crianças. Temos um casal que o filho já tem 18 anos se não me engano, quase a idade do restaurante. Traziam o filho desde criança e até hoje são nossos clientes”, lembra Maria José Cassapo.
As duas observam que houve uma mudança no perfil dos frequentadores ao longo dos 19 anos de funcionamento do restaurante. “No início a faixa etária era acima de 40 anos”, lembra Maria José. “Não vinham casais jovens, era difícil. Agora já tem muitos casais jovens”, acrescenta ela. Para Carla, o principal motivo para essa mudança é que o gosto por frutos do mar foi mais difundido nos últimos anos.
A família Cassapo veio de Portugal em 1972. O marido de Maria José, Rui Fernando, foi contratado para trabalhar na indústria têxtil do Rio Grande do Sul. Além de Rui, Maria José, Carla, então com um ano, e do outro filho do casal, Rui Pedro, também vieram a irmã de Rui Fernando, Lídia, o marido de Lídia, que também foi trabalhar na indústria têxtil, e os filhos do casal. Em 1994, Maria José e Lídia, fundaram o Calamares. Lídia deixou a sociedade em 2010, e hoje o restaurante é administrado pelo núcleo familiar de Rui e Maria José.
Os pratos com bacalhau são os mais pedidos no Calamares, seguidos pelos pratos com camarão. “Na verdade a gente agora chama cozinha luso-ibérica, porque tem paella, por exemplo, que é da Espanha”, explica Carla. “Inclusive a gente começou com as paellas básicas e agora tem a de bacalhau, a vegetariana. E também tem coisas adaptadas para o Brasil, porque nós já participamos de vários festivais gastronômicos. Quando participamos de um festival gastronômico, temos de criar pratos que tenham a ver com o lugar em que estamos”, diz.
Pelos cálculos dos proprietários, em duas décadas de operações, o Calamares já atendeu mais de um milhão de pessoas e estima ter vendido quase 500 toneladas de peixes e frutos do mar. 

Casa foi pioneira na tele-entrega

O Calamares se orgulha de ter criado o primeiro serviço de tele-entrega de comida portuguesa e frutos do mar em Porto Alegre. As entregas começaram a ser feitas em 1995, um ano após a fundação do restaurante. Mas logo a demanda pelo serviço mostrou-se muito intensa e fez com que a família Cassapo decidisse ampliar sua estrutura e alugou a casa ao lado do restaurante para fazer a tele-entrega.
Segundo Carla Cassapo, o público do restaurante não é 100% o público da tele-entrega. “Tem pessoas que só pedem delivery e outros que só vêm no restaurante. Na tele-entrega a faixa etária é mais jovem”, afirma. Carla conta ainda que a entrega tem subido muito nos últimos anos, tendo saído de cerca de 30% do faturamento para quase 70% atualmente. Para Maria José, isso se deve a fatores como a lei seca e a violência.
Mas o Calamares não é pioneiro só na tele-entrega. “Nós fomos os primeiros a ter site de restaurante, com preço, completinho”, conta Carla. A casa também integra, desde o final dos anos 1990, a Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança, que reúne estabelecimentos de todo o País, na qual cada integrante criava um prato especial por ano e a pessoa que comia ganhava um prato de cerâmica. “Cada ano a gente cria um prato novo para a associação. E aí tem colecionadores que passeiam por todos os restaurantes da associação”, conta Carla.
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