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Opinião

EDITORIAL

- Publicada em 23 de Outubro de 2013 às 00:00

Manifestantes são realistas e pedem o impossível


Jornal do Comércio
Virou passatempo ser do contra, promover passeatas e destruir o patrimônio público e privado. Se alguém diz que a causa é “politicamente correta”, frase da moda, pronto, a invasão, o enfrentamento, até o saque estão liberados em nome da contestação. A questão é que muitos não estão protestando, mas apenas regurgitando raivas, fazendo catarse e até expondo distúrbios psíquicos contra aqueles que julgam viver na opulência. Quando há tantas desigualdades e há um culto à beleza estereotipada, à riqueza, ao não fazer nada e criado um ambiente de consumismo exacerbado, só pode dar no que está dando no Brasil desde junho e que, a rigor, começou em Porto Alegre bem antes. Claro, diz-se que “não é por causa dos 20 centavos nas tarifas de ônibus”. Então, qual é mesmo o motivo para se questionar a tudo e a todos? Na Barra da Tijuca, pessoas aplaudiam a turba das janelas dos seus luxuosos apartamentos no enfrentamento com os agentes da ordem. Por quê? Achavam que era passeata contra o governo? A classe média alta não aceita o atual modelo político-partidário vigente?
Virou passatempo ser do contra, promover passeatas e destruir o patrimônio público e privado. Se alguém diz que a causa é “politicamente correta”, frase da moda, pronto, a invasão, o enfrentamento, até o saque estão liberados em nome da contestação. A questão é que muitos não estão protestando, mas apenas regurgitando raivas, fazendo catarse e até expondo distúrbios psíquicos contra aqueles que julgam viver na opulência. Quando há tantas desigualdades e há um culto à beleza estereotipada, à riqueza, ao não fazer nada e criado um ambiente de consumismo exacerbado, só pode dar no que está dando no Brasil desde junho e que, a rigor, começou em Porto Alegre bem antes. Claro, diz-se que “não é por causa dos 20 centavos nas tarifas de ônibus”. Então, qual é mesmo o motivo para se questionar a tudo e a todos? Na Barra da Tijuca, pessoas aplaudiam a turba das janelas dos seus luxuosos apartamentos no enfrentamento com os agentes da ordem. Por quê? Achavam que era passeata contra o governo? A classe média alta não aceita o atual modelo político-partidário vigente?
Não se pode esquecer que os governos são tais e quais os povos fazem-nos, toleram-nos ou merecem-nos. Ocorreu, bem antes, a revolução dos estudantes nas ruas de Paris, em 1968. Um dos líderes do movimento, agora com os cabelos glaciais em vez de ruivos e com 68 anos, Daniel Cohn-Bendit, o franco-alemão que empunhou, em pleno maio de 1968, a bandeira do “sejamos realistas, peçamos o impossível”, esteve no Brasil para um debate sobre ambientalismo. Mas não basta apenas estar vivo, é preciso ter qualidade de vida.
Cohn-Bendit, qualificado como “o provocador Verde”, mira as transformações que se espraiam a partir da emergência da economia brasileira na América Latina. Para ele, é no Brasil que está o foco do futuro e o comportamento da sociedade. Mantendo o viés político de 1968, Cohn-Bendit afirma que a regulação do capitalismo é urgente e passa pelo ecológico e pelo social, do que ninguém discorda.
O País está tendo um novo protagonismo na cultura, nos esportes, na área social e na área política. Então, os políticos têm que dar soluções para os problemas financeiros e econômicos do mundo. Abrir emprego aos jovens e fornecer comida aos milhões de famintos da África. Agora que as ditaduras do Norte da África e do Oriente Médio se esfarelaram, após décadas de “bons serviços” prestados ao Ocidente, é fundamental fazer um enfoque humanista ao progresso e refundar alguns postulados da economia de mercado, mas sem jamais abandoná-la. Eis que não há outro caminho plausível.
Parte da frustração demonstrada pelos manifestantes no Brasil e em países como Espanha e Inglaterra tem relação com a falta de respostas da política convencional às demandas dos jovens. Por isso a velha frase, tão decantada há 45 anos, ou seja, “sejamos realistas, peçamos o impossível” ainda é atual. Deve ser perseguida pelos jovens e pelos que se preocupam em dar rumos éticos ao que estamos vivendo, especialmente no combate à corrupção no Brasil. A confusão é sobre, exatamente, o que se deseja no Brasil. Assim, perde-se tempo para encontrar as soluções.
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