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Histórias do Comércio e dos Serviços

- Publicada em 07 de Outubro de 2013 às 00:00

Elegante faz barba, cabelo, bigode e agora comida com Del Barbiere


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Jornal do Comércio
O que um delicioso entrecot com farofa de panko, purê de tomates defumados e cebola assada têm a ver com um trato geral ao estilo de barba, cabelo e bigode? Para um dos últimos remanescentes de salões masculinos do Centro de Porto Alegre, o Elegante, situado na rua Jerônimo Coelho quase esquina com a avenida Borges de Medeiros, tudo. Ainda mais se for bem temperado com o cardápio do novato bistrô Del Barbiere, que adicionou uma pitada de sofisticação e irreverência ao ambiente e à decoração de mais de 50 anos.
O que um delicioso entrecot com farofa de panko, purê de tomates defumados e cebola assada têm a ver com um trato geral ao estilo de barba, cabelo e bigode? Para um dos últimos remanescentes de salões masculinos do Centro de Porto Alegre, o Elegante, situado na rua Jerônimo Coelho quase esquina com a avenida Borges de Medeiros, tudo. Ainda mais se for bem temperado com o cardápio do novato bistrô Del Barbiere, que adicionou uma pitada de sofisticação e irreverência ao ambiente e à decoração de mais de 50 anos.
A transformação do antigo salão só foi possível porque o dono do estabelecimento, o farmacêutico bioquímico Ilson Schambeck, é pai do chef Marcelo, que se diplomou em Gastronomia pela Unisinos, em 2007, e emplacou a ideia. Schambeck comprou o ponto no fim dos anos de 1960, recém-formado em Farmácia pela Ufrgs, para investir em um negócio. Em comum com o mundo dos barbeiros, ele tinha o avô materno Juvenal, que exerceu a profissão em Nova Orleans, no interior de Santa Catarina.
“Comprei o ponto de um espanhol que ia voltar para casa. Paguei 55 mil cruzeiros. Quitei a metade no ato e parcelei o resto”, recorda o farmacêutico. O investimento, graças a uma clientela que lotava as 10 cadeiras disponíveis de segunda-feira a domingo, rendeu dividendos até o fim dos anos de 1980. Depois, a concorrência de cabelereiros e do barbeador descartável afetou o negócio. Os barbeiros “alugavam” as cadeiras e pagavam o proprietário com a receita dos serviços prestados à clientela. Schambeck lembra que a região, na área mais alta do Centro, fervilhava.
Sem o movimento de antigamente, a chance de revigorar o espaço alegrou o pai de Marcelo. A área de 81 metros quadrados foi dividida igualmente e separada por paredes. Também para assegurar a reserva e higiene exigidas à lida da culinária, Marcelo montou um grande balcão e cozinha ao fundo. Os ladrilhos multicoloridos foram restaurados. Fotografias de Porto Alegre de antigamente e de hoje decoram as paredes, além de itens do trato de barbearia.
O projeto do filho do farmacêutico unia o novo negócio a um apelo. “A barbearia tem a ver com a história e nostalgia do Centro da Capital, e o Del Barbiere agregou a modernidade”, resume o jovem chef, que alugou um apartamento na rua Duque de Caxias e se rendeu à região completamente. Na primeira fase, o local operou como cafeteria. Como os frequentadores lotavam o ambiente atrás dos lanchinhos elaborados, o chef decidiu evoluir para um bistrô em 2009 e aplicou todo o seu conhecimento no preparo de comidas de inspiração contemporânea (que mistura elementos locais a outros de alta gastronomia).
De terça a sábado (segundas o restaurante fecha, e aos domingos toda a casa), o menu varia. No último dia da semana, Marcelo explora os quitutes da feira ecológica da Redenção, levando à mesa entradas e prato principal feitos com ingredientes comprados nas primeiras horas do dia. O preço é sempre único e inclui sobremesas igualmente irresistíveis. Em setembro, Marcelo foi convidado a preparar pratos da culinária brasileira para eventos das embaixadas brasileiras na Índia e no Paquistão. Voltou à Capital com especiarias compradas nos mercados do Oriente. Assim agrega mais elementos ao seu Del Barbiere, que já escreve um novo capítulo na história do antigo salão Elegante.

Ilustres ocupavam cadeiras e agora sentam à mesa

Quando apenas a estética pessoal masculina fazia a fama do salão Elegante, personalidades como Chacrinha e Lupicínio Rodrigues costumavam ser vistos nas cadeiras. O dono, Ilson Schambeck, lembra que o animador de auditório e um dos apresentadores consagrados da TV Globo, já morto, frequentava o ponto quando vinha a Porto Alegre. Imagina o reboliço que gerava, recorda Schambeck. Lupicínio era um nativo e fazia todo o serviço na casa.
Na era do Del Barbiere, a clientela ilustre continua a cruzar a porta, mas do bistrô, para se acomodar em cadeiras nas mesinhas do ambiente aconchegante e diminuto. Ou no grande balcão, onde os cafés expressos são servidos, após o almoço do dia. O chef Marcelo conta que o escritor e cronista Luis Fernando Verissimo é contumaz. Segundo o dono do bistrô, a seleção de pratos que segue perfil mais leve e saudável combina com a fase de cuidados do cronista. No ano passado, Verissimo acabou internado por complicações de saúde.
O diretor de cinema Jorge Furtado aporta de vez em quando na casa, ao lado de elencos de suas produções. O escritor peruano Mario Vargas Llosa também instalou-se em uma das mesinhas na passagem pelo Centro da Capital, depois de ser a atração da série de eventos Fronteiras do Pensamento. O convite para levar à mesa de hotéis de redes internacionais situados na indiana Nova Déli e Islamabad, capital do Paquistão, surgiu após um casal de diplomatas conhecer o bistrô. “Eles me convidaram a integrar a equipe de chefs que apresentaria a comida brasileira em eventos nestes países. Viajei com 120 quilos de alimentos”, detalhou. A degustação foi um sucesso. Para provar de novo o tempero do Del Barbiere, é só viajar para Porto Alegre.
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