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Coluna

- Publicada em 19 de Setembro de 2013 às 00:00

Nova tradução e edição de Decameron


Jornal do Comércio
No ano em que se comemoram os 700 anos do nascimento do italiano Giovanni Boccaccio (1313-1375), a L&PM Editora lançou uma nova tradução de sua obra-prima, Decameron, de autoria de Ivone C. Benedetti com apresentação do professor Carlos Berriel, da Unicamp. Boccaccio, Dante Alighieri e Francesco Petrarca compõem, como se sabe, a tríade das grandes vozes do Renascimento Italiano. O trabalho de Boccaccio, por suas qualidades de forma e de conteúdo, tornou-se um clássico. A obra é considerada unanimemente como divisora de águas da literatura universal. Na Toscana assolada pela peste negra na Europa - cujo auge se deu no ano 1348 - fugindo do clima de licenciosidade, dez jovens refugiam-se nas montanhas e passam os dias de forma serena, contando histórias. Esta é a moldura narrativa maior da obra que mostra a genial invenção de Boccaccio, a ironia de contar história cujo tema é, justamente, contar histórias. Essa inovação deixou para trás o moralismo e o didatismo e colocou o leitor em posição diferente e mais ativa. Boccaccio deixou de lado as preocupações divinas e religiosas e concentrou-se na vida humana como ela se apresenta, em todos os seus níveis sociais e em todos os seus aspectos. Nas cem novelas que compõem o Decameron, o autor superou as fórmulas da Idade Média e mostrou como os humanos e o cotidiano podem ser complexos. Tridimensionalidade de personagens, tratamento realista e as mazelas do dia a dia, envolvendo amores, frades ingênuos, paixões, traições, adultérios e erotismo refinado estão retratados de modo revolucionário. Usando a peste negra como moldura, mostrando as mulheres que amam e fugindo de códigos e normas preestabelecidos, Boccaccio ingressou, como pouquíssimos escritores, no rol daqueles que pensaram e retrataram a aventura humana de modo novo. A obra é legítimo produto do Renascimento e mostra a autonomia do homem, não apenas como dono do próprio destino, mas como autor de si mesmo. Decameron se coloca, inegavelmente, como obra precursora dos romances que seriam escritos séculos depois, com seus personagens-narradores passando os dias em elevação humanística (e não religiosa), buscando sabedoria e equilíbrio num mundo assolado pela doença e pelo desvario. Boccaccio mostrou a instabilidade das coisas do mundo, os caminhos e descaminhos das pessoas e das palavras e abriu novos caminhos artísticos para a humanidade. L&PM Editora, 632 páginas, R$ 74,00, www.lpm.com.br.
No ano em que se comemoram os 700 anos do nascimento do italiano Giovanni Boccaccio (1313-1375), a L&PM Editora lançou uma nova tradução de sua obra-prima, Decameron, de autoria de Ivone C. Benedetti com apresentação do professor Carlos Berriel, da Unicamp. Boccaccio, Dante Alighieri e Francesco Petrarca compõem, como se sabe, a tríade das grandes vozes do Renascimento Italiano. O trabalho de Boccaccio, por suas qualidades de forma e de conteúdo, tornou-se um clássico. A obra é considerada unanimemente como divisora de águas da literatura universal. Na Toscana assolada pela peste negra na Europa - cujo auge se deu no ano 1348 - fugindo do clima de licenciosidade, dez jovens refugiam-se nas montanhas e passam os dias de forma serena, contando histórias. Esta é a moldura narrativa maior da obra que mostra a genial invenção de Boccaccio, a ironia de contar história cujo tema é, justamente, contar histórias. Essa inovação deixou para trás o moralismo e o didatismo e colocou o leitor em posição diferente e mais ativa. Boccaccio deixou de lado as preocupações divinas e religiosas e concentrou-se na vida humana como ela se apresenta, em todos os seus níveis sociais e em todos os seus aspectos. Nas cem novelas que compõem o Decameron, o autor superou as fórmulas da Idade Média e mostrou como os humanos e o cotidiano podem ser complexos. Tridimensionalidade de personagens, tratamento realista e as mazelas do dia a dia, envolvendo amores, frades ingênuos, paixões, traições, adultérios e erotismo refinado estão retratados de modo revolucionário. Usando a peste negra como moldura, mostrando as mulheres que amam e fugindo de códigos e normas preestabelecidos, Boccaccio ingressou, como pouquíssimos escritores, no rol daqueles que pensaram e retrataram a aventura humana de modo novo. A obra é legítimo produto do Renascimento e mostra a autonomia do homem, não apenas como dono do próprio destino, mas como autor de si mesmo. Decameron se coloca, inegavelmente, como obra precursora dos romances que seriam escritos séculos depois, com seus personagens-narradores passando os dias em elevação humanística (e não religiosa), buscando sabedoria e equilíbrio num mundo assolado pela doença e pelo desvario. Boccaccio mostrou a instabilidade das coisas do mundo, os caminhos e descaminhos das pessoas e das palavras e abriu novos caminhos artísticos para a humanidade. L&PM Editora, 632 páginas, R$ 74,00, www.lpm.com.br.

Lançamentos

  •  Eu, a bolsa de valores e minha avó - como alcancei o lucro e a realização no mercado de ações, de Leandro Panazzolo Ruschel, professor e sócio do grupo XP, revela sua trajetória e mostra como agir com consciência e sucesso no mercado. Leandro&Stormer, 114 páginas, telefone (51) 3362-6541.
  •  Espanhol - gramática, vocabulários, interpretação de textos e exercícios, da professora Elisa Hoffmeister Coelho de Anhaia, é direcionado a alunos do Ensino Médio, vestibulandos e outros, de modo dinâmico e didático, com questões, provas e vocabulários. Artes e Ofícios, 328 páginas, www.arteseoficios.com.br.
  •  Água na boca, de Andrea Camilleri e Carlo Lucarelli, traz, pela primeira vez, Salvo Montalbano e Grazia Negro investigando. É um jam session entre dois narradores geniais às voltas com um crime estranho, muito estranho, e jogos verbais incríveis. Bertrand Brasil, 106 páginas, [email protected].
  • Contrabando de escravos, do professor e historiador Moacyr Flores, reflete sobre corrupção no processo de compra e venda de escravos no extremo Sul do Brasil no período pós-abolição. A “mercadoria” era vendida para Argentina, Uruguai e Paraguai. Pradense,78 páginas, telefone (51) 3012-4521.

E palavras...

A coleção de lembranças poéticas do Luiz Coronel
A memória é o lugar em que as coisas acontecem muitas vezes. As pessoas só morrem mesmo depois que ninguém mais lembra delas e “as verdadeiras viagens se fazem na memória”, esta última de Marcel Proust, são algumas das frases que o livro de crônicas memorialísticas Um cronista inesperado de Luiz Coronel evoca. O poeta, compositor, publicitário e escritor apresenta esta nova face de seu talento, em 24 textos inéditos, nos quais trabalha suas memórias de infância e juventude até os anos 1980, tempos vividos entre as cidades de Bagé e Piratini. O autor é um grande contador de histórias, um “raconteur” de primeira, e sua prosa carrega o forte e inescapável timbre do poeta. Mario Quintana escreveu que o tempo é só um ponto de vista dos relógios e Coronel, ao nos oferecer generosamente sua poética coleção de lembranças poéticas, mostra como é possível e bom observar o tempo, as pessoas e o mundo com olhos de criança, adolescente e turista, sem perder o encanto pelas manhãs e pela vida que vai acontecendo como as eternas luzes do sol, da lua e das estrelas. Quando fala de casas, obras de arte, jardins, pessoas, objetos, situações do cotidiano, lembranças e outros pequenos grandes  tesouros da existência, Luiz Coronel nos inspira a lembrar de nossas próprias vivências e a nos reinventarmos a partir de nossas palavras, pensamentos, sentimentos e recordações. As pequenas histórias são as grandes histórias. A História é muitas vezes chata, mentirosa, manipulada e manipuladora. Muitas vezes, ela é só o papo de quem se achou vencedor. Muito embora o livro traga belos poemas e citações de muitos autores e reflita sobre a inevitável passagem do tempo, o autor, com toda a consciência procurou, como ele mesmo disse, “chegar às pessoas com o mesmo contentamento e a humildade com que o padeiro entrega o pão recém-saído das fornalhas na manhã fria”. Falando de pessoas e de cenas do Interior e da Capital, dos complicados dias de 1964, de parentes, amigos, situações de trabalho, sonhos e lutas, alegrias e tristezas, o autor não se esconde atrás das palavras, como disse, e bate em nossa porta, nesse início de primavera, trazendo as coisas essenciais de sempre e os sorrisos do dia. Mecenas Editora, 215 páginas, R$ 28,00, produção gráfica de TAB Marketing Editorial, com apoio cultural Grupo Zaffari.

E versos

“A perda de sinal é uma forma de Deus dizer que você está passando muito tempo “on-line”.
“Quando você vira as costas, o Universo ri baixinho da sua cara.”
“Um entre cada três esquizofrênicos são dois.”
“Felicidade é comida gordurosa e mulheres ‘fat free’.”
“Eu não ouço vozes. Minha geladeira pode confirmar isso.”
“No futuro todos ficarão pelados na internet por quinze minutos.”
“O homem levou milhões de anos para chegar ao topo da cadeia alimentar. E agora, por causa do regime, só come alface.”
“Guerra religiosa é um monte de gente se matando pra ver quem tem o amigo imaginário mais bacana.”

Edson Aran em O amor é outra coisa, Jardim de Livros, www.geracaoeditorial.com.br.

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