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Coluna

- Publicada em 19 de Setembro de 2013 às 00:00

Espetáculo compensa excessos do texto original


Jornal do Comércio
Daniel Colin é um jovem e produtivo diretor, a quem procuro acompanhar, sempre que possível. Por isso mesmo fui assistir à peça A menina do cabelo vermelho, texto de Lolita Goldschmidt, que também atua como intérprete, e que Colin dirigiu. Creio que este deva ser seu primeiro trabalho dirigido às crianças.
Daniel Colin é um jovem e produtivo diretor, a quem procuro acompanhar, sempre que possível. Por isso mesmo fui assistir à peça A menina do cabelo vermelho, texto de Lolita Goldschmidt, que também atua como intérprete, e que Colin dirigiu. Creio que este deva ser seu primeiro trabalho dirigido às crianças.
O texto de Lolita Goldschmidt é interessante: tem uma clara preocupação pedagógica em demonstrar que as diferenças culturais e étnicas não podem nem devem separar ar pessoas. Assim, a personagem principal, a tal menina do cabelo vermelho, que se chama Filó, enfrenta alguns problemas com a família, pois nunca a deixam falar e expressar suas ideias, assim como sofre alguma discriminação em relação à cor de seus cabelos. Deste modo, ela resolve deixar a casa e viajar. Vai conhecer outras culturas e enfrentar diferentes valores que cada civilização apresenta. Aprende a respeitar as diferenças e até mesmo a valorizá-las. O texto original em prosa foi adaptado ao palco, pela autora e o diretor, e o espetáculo é muito criativo, pois busca soluções diferentes e variadas para valorizar o texto.
Contudo, o texto de Lolita Goldschmidt peca pelo excesso de assuntos e enfoques, o que dificulta a compreensão e o acompanhamento do enredo por parte do pequeno espectador. É provável que, no livro, o texto supere estes problemas, porque a criança pode ler passagens diferentes da obra, parando quando estiver cansada. O mesmo não ocorre com a peça teatral. Embora sua duração seja normal - cerca de uma hora - há um excesso de informações que acaba complicando sua compreensibilidade. As informações novas terminam por se acumular. O diretor Daniel Colin deve ter se dado conta deste problema e tratou de minimizá-lo, inventando diferentes modos de narratividade. Como disse, neste sentido, o espetáculo é muito interessante, porque criativo, mas se minora o problema do texto, não consegue evitá-lo de todo e o espetáculo, assim, fica um pouco cansativo, o que provoca alguma desatenção na gurizada.
Lolita Goldschmidt, a autora, vive Filó, o personagem principal, simpática, representada com naturalidade, figura que reparte com os demais personagens com quem cruza as atenções da gurizada. A escolha do diretor por algumas soluções cênicas é bem compreendida pela plateia, que logo reage e responde às sugestões do diretor, mantendo, assim, um bom ritmo para o espetáculo. Denis Gosch, como o pai e outros personagens, é excelente; Diana Manenti, como a mãe e, mais adiante, uma mulher árabe, é cativante; e Douglas Dias, como o amigo de Filó, mas que sempre diz “não gosto ....” disso ou daquilo é muito engraçado. Em suma, o elenco responde bem à linha do diretor e, neste sentido, amplia a comunicabilidade do espetáculo com a plateia.
A preparação vocal de Gisela Habeyche; a preparação corporal da própria autora e atriz; a iluminação de Leandro Gass, que colabora dinamicamente para a narrativa, sobretudo nas passagens de tempo e trocas de espaço; a cenografia que é uma criação coletiva; enfim, todos os detalhes do espetáculo mostram uma produção simples, mas cuidada, como no caso dos panos distribuídos em cordas e que ocupam todo o espaço do palco, logo na abertura da cortina; ou a colocação de uma boneca que imita o personagem principal, no alto de uma árvore; ou, ainda, a sugestão do iglu e do Polo Sul, numa outra passagem do trabalho; tudo são sugestões que dão bom resultado e conseguem ultrapassar a eventual discursividade do texto original.
Neste sentido, sem ser um trabalho perfeito, A menina dos cabelos vermelhos é um bom espetáculo e mostra que a criança merece respeito por parte de quem se ocupe de fazer teatro infantil em nossa cidade.
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