A Agricultura de Baixo Carbono é considerada um dos trunfos do País para cumprir a meta de redução de gases do efeito estufa entre 36,1% e 38,9% até 2020. Em quatro anos, o compromisso assumido de maneira voluntária por autoridades nacionais, durante a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-15), realizada em Copenhagen, na Dinamarca, virou política pública e encontrou no agronegócio um de seus principais aliados.
A temática gerou, inclusive, uma linha de crédito específica para ações enquadradas em seis linhas de atuação: implantação de viveiros, de sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta, agricultura orgânica e recuperação de pastagens, implantação e manutenção de florestas de dendezeiro, implantação e manutenção de florestas comerciais e manutenção de áreas de preservação permanente. Batizado de Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), os recursos estão previstos por dotação orçamentária do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) desde 2010/2011.
O Rio Grande do Sul ocupa a quinta colocação entre os estados que mais utilizam os valores destinados ao programa, com R$ 221,4 milhões, dos R$ 2,7 bilhões disponíveis. Em 2012, de um total de 9 mil contratos, 870 foram assinados por aqui – o que deixa os agricultores gaúchos na segunda posição nacional em números de financiamentos pleiteados.
O desenvolvimento da prática, no entanto, é fruto dos esforços coletivos de 25 entidades públicas, privadas e de ensino, reunidas pelo Comitê Gestor de Agricultura de Baixo Carbono. Coordenado por Milton Bernardes, que também é responsável pelas Câmaras Setoriais e Temáticas da Secretaria da Agricultura, o grupo atua no debate e na promoção do assunto há pelo menos 18 meses.
Desde então, uma série de seminários culminou com a capacitação de mais de 720 profissionais, entre médicos veterinários, biólogos e técnicos-extensionistas. Neste ano, segundo a previsão do Plano Safra Estadual, sairão mais 750 qualificações. A novidade de 2013 é que os treinamentos também terão foco diretamente nos produtores rurais.
“Preconizamos um equilíbrio. Não podemos abrir mão da produção de alimentos, mas não podemos desrespeitar as questões ambientais. É isso que buscamos. Desde que o comitê foi constituído, realizamos uma série de seminários com vistas a sensibilização, capacitação e treinamento em várias cidades-polo”, comenta Bernardes. Entre os munícipios visitados, estão Bagé, Pelotas, Palmeira das Missões, Alegrete e Porto Alegre. Os seminários complementam um calendário com outras atividades do comitê, que se reúne mensalmente para debater novas áreas de ação. Entretanto, a principal via de fomento está fundamentada na elucidação da linha de crédito do Programa ABC.
Bioma Pampa ajuda Estado a captar recursos
Por possuir um bioma único no Brasil (o Pampa), o Rio Grande do Sul desperta o interrese do Programa de Agricultura de Baixo Carbono. De acordo com o coordenador do Comitê Gestor, Milton Bernardes, o Estado lidera a contratação de recurso na região Sul, principalmente, em razão de três especificidades.
A primeira se refere à recuperação de pastagens em áreas degradadas. Ao contrário do Cerrado, por exemplo, onde é preciso uma grande modificação para que se tenha a possibilidade de desenvolvimento da pecuária, o Pampa gaúcho, com pequenas melhorias no campo nativo, já permite inclusive a ampliação dos rendimentos, produção e rentabilidade. “Essa é uma linha importantíssima, principalmente, no que se refere à Metade Sul do Estado”, afirma.
Outro aspecto em destaque é o chamado sistema de plantio direto. As regiões do Planalto e Missões são consideradas o berço da técnica que potencializa algumas características físicas, químicas e biológicas do solo. Além disso, Bernardes chama a atenção para uma tendência que começa a tomar corpo por meio de pesquisas universitárias, ou seja, a integração lavoura-pecuária. “Essa seriam as principais linhas de ação no Estado. Sem excluir as demais, são as que possuem maior apelo e mereceriam, inclusive, um recorte especial para o Estado dento do programa nacional.”
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CADEIAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA |
Enio Marchesan (UFSM)
Arione da Silva Pereira (Embrapa)
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TECNOLOGIA RURAL |
Ênio Giotto (UFSM)
João Carlos Deschamps (Ufpel)
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ALTERNATIVAS AGRÍCOLAS |
Leonardo José Gil Barcellos (UPF)
Anderson Vedelago (Irga) e Vilnei Heatinger
Fábio Esswein (Ecocitrus)
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PRESERVAÇÃO AMBIENTAL |
Irajá Ferreira Antunes (Embrapa)
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PRÊMIO ESPECIAL |
José Antonio Peters (Ufpel) |