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PROTESTOS

- Publicada em 24 de Junho de 2013 às 00:00

Partidos divergem sobre foco das críticas


GILMAR LUÍS/JC
Jornal do Comércio
Enquanto algumas lideranças partidárias reconhecem haver o surgimento de um contingente expressivo de manifestantes - nas recentes mobilizações pelo País - hostis aos partidos políticos, com atos de intimidação e, até, de agressão a militantes que impunham bandeiras e símbolos das legendas, outras minimizam esse tipo de atitude, alegando que é minoritária. Há ainda, em siglas menores, o entendimento de que a postura refratária à representação política se dirige apenas aos grandes partidos.
Enquanto algumas lideranças partidárias reconhecem haver o surgimento de um contingente expressivo de manifestantes - nas recentes mobilizações pelo País - hostis aos partidos políticos, com atos de intimidação e, até, de agressão a militantes que impunham bandeiras e símbolos das legendas, outras minimizam esse tipo de atitude, alegando que é minoritária. Há ainda, em siglas menores, o entendimento de que a postura refratária à representação política se dirige apenas aos grandes partidos.
O fato é que um número cada vez maior de cidadãos, nas mais diversas cidades brasileiras, têm tomado as ruas para protestar contra uma diversidade de temas ou defender um variado número de causas. E, embora o movimento tenha nascido em Porto Alegre, com o objetivo de redução das passagens de ônibus, organizado em torno do Bloco de Luta pelo Transporte Público, composto, inclusive, por integrantes de partidos de esquerda, começa a tomar corpo um discurso antipartidário.
Para o presidente estadual do PT, deputado Raul Pont, o movimento passou a assumir outras bandeiras após a repressão policial à primeira manifestação em São Paulo, que pedia redução na passagem de ônibus, gerando uma solidariedade em rede. “Eclodiu aquele sentimento represado contra gastos supérfluos com a Copa, contra a pauta conservadora do Congresso Nacional, como a ‘cura gay’ e o estatuto do nasciturno”, cita o parlamentar.
Porém, o petista percebe um outro tipo de convocatória, na semana passada, com “um discurso vazio contra tudo”, com uma ideia de que não se precisa de partidos. “É evidente que isto é um equívoco. É um discurso tipicamente nazista. Se alguém acha que não precisamos de partidos, é porque pensa que todo o povo é igual, que só existe uma nação e que precisamos de uma ditadura”, observa. Pont, no entanto, reconhece a necessidade de uma reforma política e defende que a presidente Dilma Rousseff (PT) encaminhe um plebiscito para sondar a população sobre a possibilidade de uma Constituinte exclusiva para realizar essa mudança.
Já o presidente estadual do PMDB, deputado Edson Brum, discorda que exista hostilidade aos partidos. “São manifestações que vêm do povo, não vêm de uma organização de sindicato ou de partido. Por isso eles pedem que não se use bandeiras”, pondera, acrescentando que está havendo “um grande estímulo à discussão política na sociedade” a partir das manifestações. “Hoje, todos no País estão falando em política”, comemora.
Na avaliação do presidente estadual do PP, Celso Bernardi, existe “uma generalização perigosa”. “Se eu acho que todos os partidos políticos e todos os políticos são culpados por isso que está aí, eu também poderia achar que todos os que estão nas ruas fazendo, democraticamente, suas manifestações e expressando seus pensamentos são baderneiros”, compara. “Os políticos devem fazer seu mea culpa, pois há muitos equívocos e falta de compromisso com a ética. Mas quem tem que responder mais fortemente é o governo federal e o Congresso Nacional, que é dominado pelo governo”, aponta Bernardi, citando os problemas com saúde, educação e segurança.
O presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan, percebe um “recado bem claro” à classe política. “É um recado pela ética, por uma postura moralizadora, pela eficiência na máquina pública”, elenca o pedetista, reconhecendo que o povo também cobra maior coerência nas alianças políticas. “O recado é para que os partidos tenham mais nitidez política”, observa.

Para P-Sol, siglas maiores decepcionaram a população brasileira

O vereador responsável pela ação judicial que resultou na redução da passagem em Porto Alegre, Pedro Ruas, que preside o P-Sol no Estado, acredita que as críticas a partidos nas manifestações têm sido dirigidas apenas às grande siglas, que “decepcionaram muito a população”.
Ruas diz que os 28 anos de democracia no Brasil não redundaram em justiça social e igualdade de oportunidade para todos. “Isso se traduz em uma grande aversão à maior parte dos partidos, especialmente os grandes. A população brasileira está mostrando que não aceita mais o método tradicional de fazer política”, observa o vereador do P-Sol.
O presidente estadual do PCdoB, deputado Raul Carrion, entende que o conjunto dos manifestantes “quer um Brasil melhor”, e que este também é o objetivo dos partidos, e que há uma disputa no interior do movimento, “inclusive com bandeiras de extrema-direita”, avalia.
“No bojo dessa desconstrução da política que alguns fazem no Brasil, isso também acaba aparecendo, mas as atitudes mais virulentas são mais localizadas”, pondera Carrion.
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