O franchising, modelo de negócio importado dos Estados Unidos na década de 1960, definitivamente, foi feito para os padrões do mercado brasileiro. Em 2013, o Brasil atingiu a segunda colocação no ranking dos países com o maior número de franqueadores com 2.579 opções de marcas - atrás apenas da China - e a quinta posição na lista que considera a quantidade de aberturas de pontos no varejo, totalizando 190.568 unidades. O resultado é fruto de uma ascensão iniciada em 1994, com a Lei 8.955, que regulamentou o sistema.
Desde então, o número de empresas brasileiras que repassam a gestão de suas marcas e padrões de processos aos franqueados está em plena expansão e já representa mais de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). No Rio Grande do Sul, a realidade não é diferente e, atualmente, 45 empresas gaúchas dos mais variados segmentos possuem o selo de certificação da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
De um lado, a abertura de uma franquia significa a realização do sonho do negócio próprio e a segurança dos franqueados, pois, de acordo com o Sebrae, apenas 8% dos negócios fecham antes de cinco anos, contra mais de 80% das micro e pequenas empresas normais. No entanto, na outra ponta do balcão, o sistema pode representar um atalho para a consolidação dos planos de expansão dos franqueadores. É o que revela o gerente-geral de vendas da Auxiliadora Predial, Antônio Carlos Asmuz.
Segundo ele, mesmo que o setor imobiliário não possua tanta tradição em franchising, a opção foi responsável, em apenas quatro anos, pela ampliação das seis lojas próprias do Estado para um total de 60 unidades franqueadas distribuídas entre Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e, recentemente, São Paulo.
“Em percentuais, aumentamos mais de 200% em quatro anos. Mesmo para o mercado de imóveis, onde os valores das negociações são elevados, é um número muito alto. Foi fundamental para o nosso crescimento em vendas essa espécie de pulverização das lojas que implementamos no Rio Grande do Sul. Agora, estamos em meio a uma expansão nacional para algumas regiões que apontamos como prioritárias. Quando implantamos a franquia, só existia uma rede nacional que estava em processo inicial. Começamos a caminhada com 30 corretores e fechamos 2012 com 700”, sintetiza.
Asmuz também afirma que apenas com a abertura de unidades próprias seria impossível atingir o atual nível de presença no mercado, em tão curto espaço de tempo, em razão do elevado índice de investimento demandado. “O capital não é o principal fator para a manutenção do mercado como o de São Paulo, por exemplo, mas, sim, a desempenho de cada loja, contratando pessoal qualificado. Hoje o franqueado é o dono do negócio e está apto para buscar excelência em desempenho e possui mais autonomia e possibilidades de buscar diferenciais competitivos do que se ele fosse apenas um gerente”, comenta.
Sucesso do negócio exige amplo estudo de mercado
As apostas em expansão rápida das empresas que elaboram planos de franshising, muitas vezes, dependem da postura empreendedora dos franqueados. Depois de estudarem o mercado por dois anos, o casal Fernando Bamberg e Laura Milano bateu o martelo em 2010 para a abertura de uma unidade da Trópico Surf no Shopping Canoas.
A opção inicial, conta Bamberg, foi pela segurança trazida pela marca que já foi considerada a 12ª melhor franquia do País e apresenta um know-how de 30 anos no mercado. Entretanto, em pouco mais de dois anos, eles adquiriram as lojas de São Leopoldo, Torres e abriram outra em Novo Hamburgo, elevando o total de franquias da marca para 21. Conforme o diretor da Trópico, Gustavo Schifino, o modelo de operações teve uma rápida adaptação e atualmente está em fase de nacionalização, após a instalação da primeira unidade em Santa Catarina, no município de Blumenau. A meta agora é chegar a Florianópolis, Chapecó e Balneário Camboriú. “Proteger a marca é o principal ponto de partida. O franchising parte do princípio de que exista um modelo testado e capaz de ser replicado em diferentes mercados”, atesta. Segundo ele, antes de fechar a opção, todo franqueado deve seguir três regras básicas: escolher um segmento adequado, jamais subestimar o valor de investimento previsto no planejamento e buscar o máximo de informações sobre o negócio.
Outra empresa gaúcha com tradição no segmento, a Rainha das Noivas, também utilizou o modelo para pulverizar as lojas, neste caso, em uma espécie de interiorização da marca. A rede especialista em produtos de cama, mesa e banho e decoração migrou para o sistema em 2000. De acordo com o vice-presidente do grupo, Rafael Wainberg, as 12 lojas próprias com faturamento médio de R$ 28 milhões ao ano deram espaço a 32 franqueados que elevaram o faturamento para R$ 66 milhões.
CDL oferece curso para tirar dúvidas
No próximo dia 12 de abril a Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA) promove um curso destinado aos interessados em ingressar no sistema de franquias. Conforme explica uma das palestrantes, a consultora em franchising e assessora-executiva da ABF Viviane Almada, a atividade é voltada tanto às empresas interessadas na elaboração de planos quanto aos empreendedores.
Viviane antecipa que o primeiro passo após identificar se o negócio é franqueável é definir qual o melhor canal de expansão. Entre as alternativas, licenciamentos, representações ou canal próprio, segundo ela, o franchising é que oferece maior segurança jurídica. Na avaliação da especialista, entre os segmentos que despontam no mercado estão as minifranquias, ou seja, com investimentos limitados em até R$ 50 mil.