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Consumo

- Publicada em 18 de Março de 2013 às 00:00

Estilo de vida saudável conquista mais mercado


MAURO SCHAEFER/ARQUIVO/JC
Jornal do Comércio
Um corpo sarado, uma alimentação equilibrada, uma vida saudável. Cada vez mais, os brasileiros buscam esses atributos e reservam boa parte do orçamento para ter acesso a produtos e serviços especializados. Atentos a esse filão, empresários de diferentes ramos investem para satisfazer o anseio dos consumidores que buscam melhores hábitos de vida.
Um corpo sarado, uma alimentação equilibrada, uma vida saudável. Cada vez mais, os brasileiros buscam esses atributos e reservam boa parte do orçamento para ter acesso a produtos e serviços especializados. Atentos a esse filão, empresários de diferentes ramos investem para satisfazer o anseio dos consumidores que buscam melhores hábitos de vida.
Uma das principais razões apontadas para esse movimento é a mudança de status que ocorreu em relação a “ser saudável”. Hoje, frequentar uma academia ou controlar a alimentação, por exemplo, não é apenas uma questão estética, mas recomendação médica. O presidente da Associação Brasileira das Academias (Acad), Kleber Pereira, explica que a orientação dos profissionais de saúde para a prática de atividades físicas gera uma credibilidade muito acima da média para o segmento. Somado a isso, ele destaca o crescimento de renda da classe média, que permitiu o ingresso de um contingente ainda maior de indivíduos nas academias de ginástica.
Dados da Acad apontam que o Brasil é o segundo maior mercado em números de academias, com mais de 18 mil em atividade hoje, atrás apenas dos Estados Unidos, onde são quase 30 mil estabelecimentos do gênero. E os números crescem ano a ano. Em 2010, com 4,7 milhões de alunos matriculados, as academias brasileiras faturaram US$ 1,1 bilhão, cifra que subiu para US$ 2,3 bilhões no ano passado, fruto do ânimo de mais dois milhões de pessoas que passaram a se exercitar nessas empresas.
O presidente da Acad no Rio Grande do Sul, Rogério Menegassi, lembra que, até a década de 1980, o principal foco das academias – e também o principal argumento dos alunos – era a estética. Com o aval da classe médica para a prática de exercícios físicos, não apenas o direcionamento das empresas foi alterado, mas todo o contexto do negócio. Menegassi afirma que o setor precisou se profissionalizar, a fim de atender a um público cada vez mais eclético que passou a “puxar ferro”. “Antigamente se falava de fitness, e hoje se fala do well be (conceito mais ligado ao bem-estar)”, destaca o dirigente.
Proprietário de academia em Porto Alegre, Menegassi vê, ainda, a longevidade como fator determinante para o boom do mercado da saúde. “As pessoas estão vivendo mais e se dando conta de que têm que aproveitar coisas que não fariam em uma certa idade, e a academia faz parte disso também”, ressalta o empresário, que é educador físico. Ele acrescenta que o desenvolvimento da área não é sentido apenas dentro das academias, mas em uma série de segmentos afins, como a indústria, que elabora e disponibiliza ao mercado equipamentos de ginástica mais sofisticados e tecnológicos, muitos deles produzidos no Brasil com o mesmo nível de qualidade de outros países.
Mesmo com o crescimento acelerado observado nos últimos anos, principalmente a partir do início da década passada, as academias ainda têm margem para absorver mais alunos. Levantamento da Acad mostra que apenas 3% da população brasileira pratica exercícios físicos regularmente.

Feira promove produtos naturais em crescimento

Como todo setor econômico que se desenvolve e quer mostrar ao mercado suas novidades e serviços, os produtos naturais e voltados à saúde ganharam uma feira própria. Realizada há nove anos, a Naturaltech - Feira Internacional de Alimentação Saudável, Produtos Naturais e Saúde, promovida anualmente em São Paulo, acompanhou a ampliação do segmento e já serve como termômetro e vitrine para varejo e consumidores interessados em uma vida saudável. De um início tímido, com cerca de 60 expositores, a mostra já ostenta maior representatividade. No ano passado, foram mais de 300 expositores que apresentaram seus negócios a um público estimado em 21 mil pessoas.
O presidente da Francal Feiras (que organiza o evento), Abdala Jamil Abdala, explica que a procura por atitudes que levem à saúde e ao bem-estar é constante, atraindo a atenção de empresários voltados ao setor. Segundo o empresário, entre os segmentos que mais apresentam novidades e ganham espaço no evento, está a alimentação. O mix de produtos naturais e orgânicos vem sendo ampliado significativamente, atendendo a uma demanda cada vez maior dos consumidores. “Tudo o que se pode imaginar feito com orgânicos aparece na feira, de produtos de beleza a vestuário produzido com algodão orgânico, mas, na verdade, a alimentação com produtos naturais é a mais procurada”, destaca Abdala. Ele lembra que a Naturaltech é realizada paralelamente à BioBrasil, feira exclusiva de produtos orgânicos.
Os orgânicos, aliás, vêm apresentando crescimento exponencial no mercado brasileiro. Segundo dados da Associação Brasileira de Orgânicos, o faturamento com a venda dos produtos que não levam agrotóxicos em sua produção cresceu 40% em 2011, o que vem permitindo, inclusive, redução nos preços ao consumidor. Segundo a Embrapa, a área plantada cresce em média 30% ao ano.
A maior preocupação com uma alimentação saudável e completa para os praticantes de atividade física também gera incremento na venda de suplementos alimentares. “Estamos verificando um boom de suplementação”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Academias, Kleber Pereira. “Antigamente não havia feiras de nutrição, agora há feiras com milhares de pessoas, são lotadas, então é um mercado que cresceu muito”, completa.

Atividade física ganha praticantes dedicados e responsáveis

Com 36 anos de experiência no mercado de fitness e wellness, a coach em bem-viver Carla Lubisco acompanha de perto as mudanças do setor. A principal delas é a seriedade com que a atividade física é vista hoje, pois já está diretamente ligada ao conceito de saúde integral. Para Carla, hoje há mais informações e orientações disponíveis sobre os caminhos que levam a uma maior qualidade de vida. “Com o nível de consciência maior, as pessoas precisam agir e se dar conta de que têm de se movimentar, respirar melhor, escolher uma alimentação saudável e buscar um equilíbrio para viver bem”, ressalta.
A especialista lembra que, na década de 1990, foi dada a largada para uma tomada de consciência sobre essas questões, mas foi a partir do ano 2000 que foi possível observar uma maior adesão e comprometimento dos alunos com a prática de exercícios.
Dentro dessa perspectiva, novos públicos passaram a praticar algum tipo de esporte, frequentar academias ou contratar personal trainers. Homens e mulheres de negócios, por exemplo, passaram a priorizar, em suas agendas, horários para se exercitar, da mesma forma que fazem com os compromissos diários. “Hoje esse público está atento à importância da  qualidade de vida. É um perfil de aluno que já tem uma personalidade disciplinada e visão de médio e longo prazo, o que contribui e muito para os resultados”, aponta. Carla comenta que eles estão cada vez mais conscientes de que precisam cuidar de si para conduzirem cada vez melhor os seus negócios. Nesse caminho, também está mais difundida a prática da ginástica laboral em empresas, que surgiu com mais força na década de 1980, por influência do mercado japonês, e se espalhou na década seguinte por outros cantos do globo.
Outro público que ajuda a alimentar o crescimento do setor é a terceira idade, que, em busca de qualidade de vida, começou a ter espaço cativo nas academias.  “Hoje as pessoas querem viver até os 100 anos, e essa camada da população envelheceu e se atualiza, então, vem aderindo ao estilo de vida mais saudável”, completa.
Ao que tudo indica, na opinião da especialista, o setor deve ganhar ainda mais impulso nos próximos anos. Com a realização da Copa do Mundo no Brasil já no ano que vem, somada à Olimpíada do Rio de Janeiro em 2016, a atmosfera esportiva tende a mexer com os ânimos da população. “Isso tudo vai estimular a vontade das pessoas de serem atletas, é uma corrente positiva que vamos ter em busca da qualidade de vida”, diz Carla.

Programa de corrida leva alunos a competições

Há quem pense que, para correr, basta calçar um tênis e sair pelas ruas. Mas há também quem leve a prática mais a sério no processo de ganho de qualidade de vida. É o caso da educadora física Janine Ouriques e seus alunos através da Phas, empresa administrada por ela. Com 27 anos de atuação no segmento, a profissional desenvolveu um método que batizou de Programa de Orientação Corpórea (POC), em que cada aluno tem seu perfil traçado conforme seus hábitos e características. O resultado é a escolha de atividades físicas mais adequadas ao estilo de vida da pessoa.
A especialista afirma que as pessoas buscam otimizar o tempo com “qualidade nas escolhas para um rendimento física capaz de contribuir para as exigências do dia a dia”. Entre as atividades desenvolvidas com esse pilar está o POC Corrida, programa que conta com o preparo do corpo antes do exercício, mas não imediatamente antes. A ideia de Janine é preparar o organismo de seus alunos para que o exercício ocorra com equilíbrio. “Muitas pessoas achavam que não poderiam correr, mas, com essa preparação que fazemos, a tendência é de a pessoa ter uma consciência muito grande do seu corpo, ajudando no processo”, afirma.
Há um grupo de mais de 20 pessoas que participam do POC Corrida em Florianópolis, sede da empresa. Através do método, o grupo participa de diversas competições em diferentes cidades. A próxima será na Wine Run, em Bento Gonçalves, no dia 4 de maio. A disposição é grande, já que nem sempre a boa vontade e o preparo são os únicos pré-requisitos para fazer parte de um evento como esse. Cada corredor desembolsará pelo menos R$ 700,00 com os custos de transporte e hospedagem para participar da maratona.
Janine argumenta que o objetivo do programa não eram as competições, mas, após a participação em uma delas na capital catarinense, todo o grupo se motivou a correr em outras provas e maratonas. “A corrida de Bento Gonçalves será a quinta de que vamos participar, as pessoas começaram a se empolgar e fomos entrando, gente que não corria, que nem imaginava, está participando das provas”, diz Janine.

Franquia de alimentação acompanha alta do segmento

Zanetello comemora o sucesso da operação.
JONATHAN HECKLER/JC
A alimentação equilibrada pode ser a base de uma vida saudável, e também um bom negócio frente aos apelos dos consumidores por qualidade de vida. Somente no ano passado, as franquias ligadas ao esporte, saúde, beleza e lazer viram seu faturamento crescer 21% em 2012, totalizando R$ 17,8 bilhões. Entre 2011 e 2012, o número de unidades franqueadas na categoria saltou de 16,9 mil para 19,7 mil. Em meio a 435 marcas que atuam nesse universo, está a Saúde no Copo, rede de franquias nascida no ano de 2002, em Porto Alegre.
O negócio começou com a empresa sendo a primeira do Brasil a se especializar em smoothies (uma bebida semelhante ao milk shake, porém, produzida à base de frutas e outros ingredientes naturais) e sucos, servidos em uma pequena loja próxima ao Parcão, na Capital. O analista de marketing e expansão da rede, Pedro Zanetello, relata que, com a aceitação do público e aumento da demanda, outros itens passaram a integrar o cardápio da loja. Hoje, a depender do modelo de franquia, são servidos sanduíches e refeições completas nas franquias.
O grande movimento para a expansão da rede – que conta com 15 franquias e duas lojas próprias – foi a entrada de investidores em 2009, o que permitiu alçar voos mais altos e investir em diferentes modelos de unidades. Em 2010, todo o negócio foi adquirido pelo grupo LZ, passo crucial para se consolidar e espalhar unidades dentro e fora da cidade. Além de Porto Alegre, a marca já está presente em outros municípios gaúchos e em Florianópolis e Curitiba, com projeto de ingressar em outros mercados brasileiros em breve. Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia são os principais focos trabalhados pela empresa. “Juntar alimentação saudável com paladar na entrega do produto foi a alavanca para esse desempenho”, contextualiza Zanetello.
O investimento mínimo para colocar uma unidade da Saúde no Copo em operação varia entre R$ 350 mil e 400 mil e promete retorno, já que vem caindo nas graças do público. Uma das unidades mais recentes da rede está localizada dentro do Colégio Farroupilha, em Porto Alegre, e foi instalada após um abaixo-assinado ter sido promovido pelos próprios alunos, que queriam saborear lanches saudáveis também na hora do recreio. A empresa desenvolveu um modelo especial para a escola, que conta com lanches adaptados para os pequenos.
A franqueada Rosa Záchia investiu em uma unidade da rede na avenida Nilo Peçanha. Próxima a três escolas e rota de quem faz caminhadas no fim da tarde, a loja está colhendo bons frutos desde sua abertura. “Depois de uma pesquisa, vimos que a rede estava em franco crescimento e, mesmo tendo inaugurado no verão, com a cidade vazia, não tenho do que reclamar”, afirma Rosa. A empresária se diz impressionada com o sucesso dos produtos, já que até crianças pequenas chegam ao local pedindo seus artigos favoritos – e saudáveis.
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