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Histórias do Comércio Gaúcho

- Publicada em 25 de Fevereiro de 2013 às 00:00

Lancheria do Parque é templo de encontros no Bom Fim


ANTONIO PAZ/JC
Jornal do Comércio
O barulho é alto, num misto de vozes, passos, hélices de ventiladores e garçons fazendo pedidos aos gritos, mas não espanta a clientela. É no caos que todos se entendem e se aconchegam na Lancheria do Parque, uma das mais tradicionais de Porto Alegre. Inaugurada em 9 de maio de 1982, a “lanchera”, como é chamada pelos frequentadores mais assíduos, observa e vivencia as transformações do público e do Bom Fim, bairro onde está localizada desde que abriu as portas. Apesar das diversas mudanças impostas pelo tempo, a Lancheria mantém intactas as amizades cultivadas pelos fregueses e o constante entra e sai de clientes famintos e ávidos pelos generosos sucos servidos no local.
O barulho é alto, num misto de vozes, passos, hélices de ventiladores e garçons fazendo pedidos aos gritos, mas não espanta a clientela. É no caos que todos se entendem e se aconchegam na Lancheria do Parque, uma das mais tradicionais de Porto Alegre. Inaugurada em 9 de maio de 1982, a “lanchera”, como é chamada pelos frequentadores mais assíduos, observa e vivencia as transformações do público e do Bom Fim, bairro onde está localizada desde que abriu as portas. Apesar das diversas mudanças impostas pelo tempo, a Lancheria mantém intactas as amizades cultivadas pelos fregueses e o constante entra e sai de clientes famintos e ávidos pelos generosos sucos servidos no local.
“A proposta, no começo, era fazer mais comida, abrir e fechar cedo, mas não combinou com o ambiente”, lembra o fundador da Lancheria, Ivo José Salton, que segue firme trabalhando no caixa, ao lado da esposa, Inês Turatti Salton. Já na primeira semana, os planos tomaram outro rumo. A Lanchera atraiu um público jovem e envolvido com a vida cultural da cidade, já frequentador dos arredores da avenida Osvaldo Aranha que, na década de 1980, efervescia com outros bares e o antigo cinema Baltimore. A noite se tornou o horário de pico no local, e a cerveja o produto mais pedido.
As festas podiam começar na Lancheria e terminar em casas noturnas da região ou outros estabelecimentos, mas não eram poucos os que resolviam estender a noite por ali mesmo. O atendente e hoje sócio do local, Mauri Fachini, afirma que, até meados dos anos 1990, era comum haver mais pessoas em pé do que sentadas no local, tamanho o fluxo de clientes que frequentava a Lanchera à noite. Essa foi a dinâmica conhecida pela equipe até o início dos anos 2000, época em que mudanças como a proibição do fumo dentro do restaurante e a ampliação do funcionamento do buffet deram novos contornos ao negócio. “Aos poucos, foi diversificando o público”, diz Fachini.
Trabalhadores que saem do turno da madrugada quando a Lancheria abre, por volta das 6 horas, se tornaram adeptos do café da manhã no local, que recebe diferentes públicos na hora do almoço, quando funciona o restaurante. E, mesmo com novos públicos, jovens, músicos, artistas e estudantes universitários continuam se encontrando à tarde e ocupando as mesas e o balcão da lanchonete até a noite. A cerveja, porém, deixou de ser o artigo mais demandado, dando lugar – além do buffet, lanches e pratos - aos sucos de frutas e batidas, que hoje já são referência na cidade. Há variedade conforme a estação e os sucos são servidos no copo do liquidificador onde são preparados, dando maior sensação de fartura a uma porção que chega a quase um litro e custa menos de R$ 5,00. E ainda é possível misturar frutas conforme o gosto do freguês.
Para Fachini, que trabalha no local desde 1991, estudantes e esportistas, oriundos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e do Parque Farroupilha, ajudaram a popularizar as bebidas de fruta. “Essa passagem que temos entre os hospitais e a Ufrgs chama muitos alunos, que vinham e vêm pedir o suco, além do pessoal que corre ou joga futebol na Redenção, esses não vão pedir cerveja e pedem o suco”, contextualiza o sócio sobre o sucesso da bebida.

Tradição e sociedade impulsionam gestão

A tradição que a Lancheria do Parque conquistou tem dois pilares. O primeiro é quase emocional. A “lanchera” não tem meros clientes, mas amigos, que se relacionam com os garçons e outros funcionários com descontração. A própria sobrevivência enquanto negócio conta com esse viés. Os primeiros frequentadores começaram a levar os filhos, que cresceram, continuaram a ter espaço cativo no local e, hoje, levam os netos dos clientes pioneiros. “Vinham os pais, agora vêm os filhos, que já estão trazendo os filhos pra Lancheria, vêm novas gerações e isso vai alimentando o sucesso da nossa engrenagem”, afirma o sócio Mauri Fachini.
O segundo pilar está na própria administração. O clima de coletividade na gestão também ajuda a perpetuar o carinho que funcionários e público mantêm pelo restaurante. Hoje, a Lancheria do Parque conta com nove sócios, a maioria deles garçons que passaram a compartilhar uma fatia do negócio e parte do lucro. “Isso torna os garçons mais responsáveis, com autonomia para chegar nas mesas e resolver qualquer problema, era mais difícil ficar só no caixa (e não ter esse controle)”, explica o fundador do restaurante, Ivo Salton.
Para os membros da sociedade, que funciona à semelhança de uma cooperativa, o sistema é uma motivação. “Isso te faz sentir importante dentro de uma empresa”, alega Fachini. “Se tu estás numa empresa que tem oportunidade de crescer, vai usar todo o teu potencial para ficar nela”, completa.
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