Garantir segurança total ao sistema elétrico elevaria muito a tarifa de energia, disse ontem o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. Ele explicou que, atualmente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Ministério de Minas e Energia selecionam, entre as várias obras recomendadas pelo ONS, apenas as prioritárias, para evitar assim que a conta de luz aumente muito. “A Aneel não pode colocar todas as obras que a gente recomenda ao mesmo tempo, senão a tarifa vai lá para cima. Precisa ter um equilíbrio entre segurança e custo”, disse. “Aqui eu vou correr um pouco mais de risco, aqui eu não vou, para não deixar o preço subir assustadoramente.”
Segundo o diretor da ONS, os leilões da Aneel para construção de linhas de transmissão costumam oferecer apenas oito ou nove linhas, embora a recomendação do órgão seja maior. Quanto mais linhas, menor o risco, pois a transmissão de energia fica concentrada em menos canais. Para Chipp, o custo alto da segurança total do sistema geraria reclamações dos consumidores. “Tem que ver a escala de gasto para tentar equilibrar com a tarifa. Senão tem a reclamação do outro lado: ‘Não, eu não quero pagar total segurança’. É igual quando você faz seguro de carro. Em função de suas posses, tem gente que faz seguro total, tem gente que faz seguro parcial. Quanto mais caro você paga, mais seguro você tem”, comparou.
Apesar de ter negado que a falta de manutenção tenha causado o apagão do fim de semana passado, Chipp reconheceu que algumas subestações, como a de Itumbiara, são antigas e não têm a configuração necessária para as necessidades atuais. Segundo o diretor, a determinação do comitê de monitoramento energético nessas subestações mais antigas, das décadas de 1970 e 1980, é detectar os ajustes necessários e avaliar até mesmo a necessidade de construir uma nova. “Enquanto ela tiver um arranjo que não comprometa, você vai identificando o problema na medida em que vai acontecendo.”
Operação pente-fino do governo já fez análise em 22 subestações
A operação pente-fino que o governo prometeu fazer no setor elétrico para evitar novos apagões já submeteu 22 das 40 subestações de transmissão do País à análise técnica, segundo o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Essa é a primeira etapa de fiscalização sobre o setor, que deve percorrer ainda outras empresas de transmissão, ainda não selecionadas pelo governo. A primeira fase da operação está prevista para ser concluída até o fim de janeiro. A análise das empresas de geração também está nos planos do governo, mas ainda sem data para ocorrer.
Aneel aprova novo valor de repasse da eletricidade gerada em Itaipu
A diretoria colegiada da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira, em reunião pública, o novo valor da tarifa de repasse da energia produzida pela usina de Itaipu em US$ 26,08 por quilowatt (kW). O valor representa um reajuste de 4,81% em relação à tarifa vigente em 2012, de US$ 24,88 por kw. A nova tarifa entrará em vigor no dia 1 de janeiro de 2013. A tarifa de repasse é o valor a ser pago pelas distribuidoras cotistas para compra da energia da hidrelétrica, que é comercializada pela Eletrobras. São 31 distribuidoras cotistas localizadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Câmara aprova MP que prevê conta de luz menor
A Câmara dos Deputados concluiu ontem a votação da medida provisória que prevê a renovação das concessões do setor elétrico e a redução da tarifa da conta de luz a partir do ano que vem. O texto agora segue para apreciação do Senado Federal e, depois, para sanção da presidente Dilma Rousseff. A intenção do governo é de concluir, ainda nesta semana, o trâmite da MP no Congresso e, assim, garantir que se aplique, ainda no início de fevereiro, a redução das tarifas. A pressa para apreciar a MP na Câmara e no Senado se deve ao recesso parlamentar, que se inicia na próxima semana e que vai jogar para o próximo ano todas as questões que ficarem pendentes.
Apenas uma emenda foi aprovada em Plenário pelos deputados. Trata-se do texto de autoria do PDT que dispõe sobre direitos e garantias dos consumidores, além de submissão das empresas do setor aos padrões de segurança no trabalho. Os pontos ainda dependem de regulamentação posterior da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).