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Coluna

- Publicada em 19 de Outubro de 2012 às 00:00

Memória, tempo, gerações


Jornal do Comércio
O romance As lembranças, do escritor e cineasta francês David Foenkinos, foi finalista do prestigiado prêmio Gongourt de 2011 e mostra, uma vez mais, o talento do autor, que já escreveu nove romances saudados pela crítica e pelo público. Com A delicadeza, seu último romance, Foenkinos atingiu a marca de 700 mil exemplares vendidos na França e conquistou o quarto lugar no ranking dos mais vendidos no ano, segundo o jornal Le Figaro. O livro foi adaptado com sucesso para o cinema pelo autor, em parceria com seu irmão, Stéphane Foenkinos. O potencial erótico de minha mulher é outra obra de sucesso do escritor, que já está traduzido em mais de vinte países. Os dois romances foram publicados no Brasil pela Rocco. Em As lembranças, Foenkinos enfoca o funeral do avô, as últimas vontades da avó, o divórcio dos pais recém-aposentados e as impressões sobre os pequenos dramas cotidianos e referências literárias. As saborosas tramas de relacionamentos lembram o consagrado diretor de cinema François Truffaut - de quem Foenkinos é fã confesso - e revelam por que o jovem autor consegue, ao mesmo tempo, sucesso de crítica e de público, algo raro em literatura. O personagem principal é desnudado através de suas múltiplas e densas lembranças, a partir, especialmente, da morte do avô, com quem conviveu intensamente durante a infância. A figura do pai, Michel, aparece com força e faz lembrar que ele nasceu após a morte do irmão que nasceu antes dele. A avó vai para uma casa de repouso, logo após a morte do vô e a mãe, depressiva, sempre em fuga, é uma figura etérea. Um trecho da narrativa: “Eu queria dizer a meu avô que o amava, mas não consegui. Ainda penso nessas palavras e no poder que me reteve no inacabamento sentimental. Um pudor ridículo em tais circunstâncias. Um pudor imperdoável e irremediável. Estive tão frequentemente atrasado com as palavras que gostaria de tê-las dito. Jamais poderei voltar a essa ternura. Salvo, talvez, com a escrita, agora. Eu posso dizer-lhe, aqui! “Evocando a importância das origens, Foenkinos cita Patrick Modiano: “Tenho vinte anos, mas a minha memória antecede meu nascimento” e reflete que tornar-se escritor pode ser tão melancólico quanto envelhecer, pois encontrar palavras é também acessar recordações. Reminiscências formam uma vida e o romance de Foenkinos, com memórias, pessoas, lembranças e histórias de gerações que vão se sucedendo, encanta pela linguagem e pelos temas. Editora Rocco, 264 páginas, www.rocco.com.br.
O romance As lembranças, do escritor e cineasta francês David Foenkinos, foi finalista do prestigiado prêmio Gongourt de 2011 e mostra, uma vez mais, o talento do autor, que já escreveu nove romances saudados pela crítica e pelo público. Com A delicadeza, seu último romance, Foenkinos atingiu a marca de 700 mil exemplares vendidos na França e conquistou o quarto lugar no ranking dos mais vendidos no ano, segundo o jornal Le Figaro. O livro foi adaptado com sucesso para o cinema pelo autor, em parceria com seu irmão, Stéphane Foenkinos. O potencial erótico de minha mulher é outra obra de sucesso do escritor, que já está traduzido em mais de vinte países. Os dois romances foram publicados no Brasil pela Rocco. Em As lembranças, Foenkinos enfoca o funeral do avô, as últimas vontades da avó, o divórcio dos pais recém-aposentados e as impressões sobre os pequenos dramas cotidianos e referências literárias. As saborosas tramas de relacionamentos lembram o consagrado diretor de cinema François Truffaut - de quem Foenkinos é fã confesso - e revelam por que o jovem autor consegue, ao mesmo tempo, sucesso de crítica e de público, algo raro em literatura. O personagem principal é desnudado através de suas múltiplas e densas lembranças, a partir, especialmente, da morte do avô, com quem conviveu intensamente durante a infância. A figura do pai, Michel, aparece com força e faz lembrar que ele nasceu após a morte do irmão que nasceu antes dele. A avó vai para uma casa de repouso, logo após a morte do vô e a mãe, depressiva, sempre em fuga, é uma figura etérea. Um trecho da narrativa: “Eu queria dizer a meu avô que o amava, mas não consegui. Ainda penso nessas palavras e no poder que me reteve no inacabamento sentimental. Um pudor ridículo em tais circunstâncias. Um pudor imperdoável e irremediável. Estive tão frequentemente atrasado com as palavras que gostaria de tê-las dito. Jamais poderei voltar a essa ternura. Salvo, talvez, com a escrita, agora. Eu posso dizer-lhe, aqui! “Evocando a importância das origens, Foenkinos cita Patrick Modiano: “Tenho vinte anos, mas a minha memória antecede meu nascimento” e reflete que tornar-se escritor pode ser tão melancólico quanto envelhecer, pois encontrar palavras é também acessar recordações. Reminiscências formam uma vida e o romance de Foenkinos, com memórias, pessoas, lembranças e histórias de gerações que vão se sucedendo, encanta pela linguagem e pelos temas. Editora Rocco, 264 páginas, www.rocco.com.br.

Lançamentos

  • Lua castelhana, romance da uruguaianense Maria da Graça Rodrigues, é sua segunda obra. A novela Helena de Uruguaiana, 2010, foi a estreia. Ambientado na Fronteira--Oeste e na Capital do Rio Grande do Sul, a narrativa bem construída, movimentada e contendo imagens poéticas tem apresentação elogiosa de Vera Ione Molina. Editora Movimento, 144 páginas.
  • A notícia como fábula - Realidade e ficção se confundem na mídia, do jornalista e escritor Renato Modernell, resultou de um mestrado na USP em 2004, depois aprofundado. Modernell reflete sobre real, fato e imaginação e lembra que notícias que consumimos não passam de uma possível versão de um acontecimento. Summus, 168 páginas.
  • Ensaio sobre a corrupção, do professor e magistrado José Fernando Ehlers de Moura, fala na corrupção do “eu” que busca poder ou fortuna, sem ligar para o próximo e pensando que ser feliz é ter e não em ser. O autor prega, ao final, uma refundação ética, em que o “eu” sinta primacialmente o outro. AGE, 88 páginas.
  • A obra-prima ignorada, ficção do genial Honoré de Balzac, mostra os conflitos do amor na vida pessoal e as inquietações artísticas do protagonista, um jovem pintor em contato com dois mestres. Arte moderna, arte contemporânea e romantismo estão na narrativa, que tem tradução, organização e posfácio de Teixeira Coelho. Iluminuras, 112 páginas.

e palavras...

Edith Travi, saúde e bom-humor
Dona Edith Travi e sua Casa Dietética da rua Dr. Timóteo, 901, criada em 1956, fazem parte da memória de nossa cidade e seguem vivas, bem vivas, as duas, inclusive na página 34 de Veja Porto Alegre, Comer & Beber 2012/2013. A vida e a obra desta mulher extraordinária, que nasceu em Gramado em 1919, estão bem retratadas na biografia Edith Travi - uma mulher de fibra, da professora, pesquisadora e organizadora de obras históricas Suzana Porcello Schilling. A obra acaba de ser publicada pela Editora Movimento e tem mesa-redonda e autógrafos nesta sexta, às 19h, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping. Seguindo a cronologia da vida de Dona Edith, como é chamada, com carinho, por clientes de muitas e muitas gerações, Suzana relata, entre muitas coisas, com dezenas de fotos e cópias de jornais e documentos, o lançamento do famoso Yogurt Best, que seguiu moldes europeus e o surgimento do lendário Elixir da Longevidade. Com profissionalismo, bom-humor, ousadia  e energia, Edith Travi soube inovar e empreender na Porto Alegre ainda patriarcal, no início da segunda metade do século XX e, como se vê, antecipou em muitas décadas hábitos de vida e alimentação saudáveis. O livro biográfico apresenta dados históricos nacionais e internacionais e relaciona, assim, a trajetória de Edith e de sua empresa com os fatos das épocas próprias. Informações valiosas sobre as imigrações alemã e italiana no Rio Grande do Sul estão no volume, mostrando o importante legado dos colonizadores, em variados aspectos sociais, culturais e econômicos. Paulo Gasparotto, na apresentação, escreveu que frequenta a Casa Dietética desde a década de 1970 e que, desde então, recebe muitas informações e mantém uma convivência prazerosa com Dona Edith. Nas partes finais do livro, estão as frases preferidas da biografada, depoimentos de clientes e amigos, receitas e conselhos sobre nutrição de Dona Edith que, na década de 1980, fez parte do Clube dos Corredores de Porto Alegre, o Corpa. A frase preferida de Edith é do filósofo alemão Schoppenhauer: “Saúde não é tudo. Mas sem saúde, tudo é nada”. As páginas deste livro biográfico inspiram otimismo, bom-humor, alegria, saúde, disciplina, vontade de vencer, saúde e servem, acima de tudo, de exemplo para viver com mais qualidade e felicidade. Dona Edith segue vivendo, trabalhando, feliz por compartilhar sua saúde e sua disposição com tantos amigos e clientes. Suzana Porcello Schilling bem registrou tudo e, sabiamente, deixou que Dona Edith escrevesse as candentes palavras finais do livro. (Jaime Cimenti)

e versos

Rondó à Manu
Estou farto do cinismo cotidiano
estou farto do lirismo
tipo mamão com açúcar.
Quero o suplício dos amores
irrecuperáveis, pragmáticos.
Estou farto do pieguismo mundano
quero um amor perdulário
burguês, cosmopolita
de classificado de jornal,
midiático, virtual.
Quero um amor que tenha tudo
para acabar em pizza.
Ainda neste sábado ou neste século,
terei em meus braços
de lenhador de samambaias
o amor da minha vida.
José Weiss em Lenhador de samambaias - Instituto Estadual do Livro/Corag/2012
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