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SAÚDE

- Publicada em 18 de Outubro de 2012 às 00:00

Simers diz que faltam dois terços dos médicos em UPA


MAURO SCHAEFER/ARQUIVO/JC
Jornal do Comércio
Após a falta de médicos ter afetado a recém-inaugurada Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Zona Norte, na Capital, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) alega que faltam dois terços dos médicos plantonistas, incluindo a pediatria. Segundo a vice-presidente do sindicato, Maria Rita de Assis Brasil, a UPA foi aberta às pressas, sob pressão da prefeitura. Robinson Amaral, gerente de Pacientes Externos do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), confirmou que a UPA iniciou suas operações devido à insistência da prefeitura, contrariando o planejamento da instituição responsável pelos recursos humanos da unidade.
Após a falta de médicos ter afetado a recém-inaugurada Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Zona Norte, na Capital, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) alega que faltam dois terços dos médicos plantonistas, incluindo a pediatria. Segundo a vice-presidente do sindicato, Maria Rita de Assis Brasil, a UPA foi aberta às pressas, sob pressão da prefeitura. Robinson Amaral, gerente de Pacientes Externos do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), confirmou que a UPA iniciou suas operações devido à insistência da prefeitura, contrariando o planejamento da instituição responsável pelos recursos humanos da unidade.
“O que vemos é um problema de gestão. A unidade foi aberta sem médicos suficientes, mesmo com a prefeitura oferecendo pagar as horas trabalhadas em plantão noturno de forma dobrada”, diz Maria Rita. Na terça-feira passada, o secretário municipal de Saúde, Carlos Henrique Casartelli, em reunião com o superintendente do GHC, Carlos Eduardo Nery Paes, se comprometeu a contratar dois médicos para suprir um déficit de atendimento de 48 horas semanais, conforme análise do grupo. Paes garantiu que chamará mais seis profissionais concursados.
O encontro foi motivado pela superlotação enfrentada pela UPA na segunda semana de outubro, por conta da restrição de atendimentos de baixa e média gravidade na emergência do Conceição. Apenas pacientes em estado grave estão sendo recebidos na emergência, que passa por uma reforma por mais 30 dias. “A superintendência determinou que médicos do pronto-atendimento do Conceição fossem deslocados para a UPA para suprir o fluxo que foi encaminhado para lá”, explica Maria Rita.
Para ela, são dois pontos a serem analisados. “Uma coisa é a incapacidade de atendimento na UPA por uma questão de gestão. Os contratos para médicos que existem são para rotineiros, que ficam de segunda a sexta. É lamentável porque a UPA tem potencial para dar conta de pronto-atendimentos clínicos e pediátricos, sem contar que possui melhor acesso para quem vem de Gravataí, Cachoeirinha e Alvorada em comparação com a localização do Conceição”. O outro foco é a superlotação das emergências. “Os médicos não estão querendo atuar porque a estrutura toda é precária, há uma sobrecarga e falta resolução nos tratamentos, pois não temos leitos, não temos vagas para realização de exames, por exemplo. Para começar a ajudar, precisamos de mil leitos.”
Em 2007, a promotora Angela Rotunno, da Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos de Porto Alegre, ajuizou ação civil pública cobrando do município a abertura de 700 leitos. “Esse processo, que corre na 10ª Vara da Fazenda Pública da Capital, aguarda as últimas manifestações do Ministério Público e da prefeitura”, fala o juiz Eugênio Couto Terra. A assessoria da promotora rebate que só falta o juiz dar a sentença para o processo andar.
Conforme dados do Simers, foram fechados em Porto Alegre 3.387 leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) em 18 anos. Em 1993, havia 8.698 leitos. No ano passado, esse número caiu para 5.311, uma queda de 38,9%.
Uma terceira face do tema diz respeito à população, que poderia buscar os pronto-atendimentos ao invés das emergências. Conforme Maria Rita, cerca de 80% das pessoas que vão para as emergências poderiam receber auxílio em outros locais, mas as pesquisas indicam que a população se sente mais segura pela possibilidade de fazer exames e porque não precisa ir de madrugada tirar ficha. “Reclamação que escuto dos meus pacientes há anos, pois trabalho na emergência do Conceição”.
A Federação Nacional dos Médicos estipula R$ 10 mil de remuneração para 20 horas de trabalho. “No Interior, uma hora vale entre R$ 60,00 e R$ 70,00. No GHC, a remuneração dos celetistas é de R$ 32,00/hora. Na prefeitura, esse índice cai consideravelmente”, avalia Maria Rita. Ou seja, no Interior o salário fica em torno de R$ 2,8 mil, enquanto na Capital, de R$ 2,6 mil.
A diretora do Simers Clarissa Bassin também questiona a gestão da UPA. “O processo seletivo para os médicos da UPA foi em 1 de outubro. A inauguração foi antes, em setembro. Agora a prefeitura está ofertando o pagamento de R$ 1.500,00 para um plantão noturno de 12 horas, quando o mesmo serviço vale a metade no Pronto-Atendimento Cruzeiro do Sul. No primeiro final de semana, os médicos que trabalharam na UPA eram de outros locais da prefeitura e do GHC.”
Amaral garante que o quadro de médicos da UPA Zona Norte para os turnos da manhã e da tarde está completo, com três clínicos, dois pediatras e um cirurgião. “O problema é o plantão noturno. Ainda faltam um pediatra, que a prefeitura não vai contratar, e um clínico, que o município vai buscar. Para os finais de semana há carência de mais quatro clínicos.” Ele finaliza lembrando que “a UPA está aberta, funciona, e aumentou o número de atendimentos para mais de 100 consultas por dia, mesmo com todos os impasses”.
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