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Saúde

- Publicada em 15 de Outubro de 2012 às 00:00

Pesquisas clínicas devem dar mais atenção a idosos


JONATHAN HECKLER/JC
Jornal do Comércio
O desenvolvimento da pesquisa clínica tem proporcionado ao País maior independência na produção de medicamento e vacinas, além do reconhecimento internacional nos estudos sobre saúde. No entanto, ainda há áreas que carecem de atenção.
O desenvolvimento da pesquisa clínica tem proporcionado ao País maior independência na produção de medicamento e vacinas, além do reconhecimento internacional nos estudos sobre saúde. No entanto, ainda há áreas que carecem de atenção.

Themis Reverbel da Silveira é uma das pesquisadoras mais reconhecidas no Rio Grande do Sul, já tendo publicado 137 artigos completos em periódicos especializados e 657 trabalhos em anais de eventos. Além disso, a médica coordenou o Grupo de Pesquisas e de Pós-Graduação (GPPG) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre durante oito anos e participou da implantação do Centro de Pesquisas na instituição. 

Em entrevista ao Jornal do Comércio, Themis relata os principais temas nos quais a pesquisa clínica precisa se debruçar atualmente. De acordo com ela, as doenças cardiovasculares, as diferentes infecções e o câncer são os assuntos que merecem mais atenção. Além disso, a médica ressalta que os idosos também devem estar na pauta dos pesquisadores, pois são eles os que mais sofrem com as enfermidades e, assim, consomem uma grande parte dos recursos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

Jornal do Comércio - Como são escolhidos os temas para a pesquisa clínica?

Themis Reverbel da Silveira - Na pesquisa clínica, o foco é o paciente, seja ele isolado ou inserido em um grupo específico. Atualmente, os grandes temas precisam ser aqueles que possam fornecer subsídios para que a população seja ajudada. Assim, temos que pensar nas prioridades e nos temas que atingem os indivíduos.  

JC - Quais são os principais temas nos quais a pesquisa clínica precisa se debruçar?

Themis - Atualmente, são as doenças cardiovasculares, as diferentes infecções e o câncer. Essas são as doenças que mais levam a óbito no Brasil. É importante salientar também sobre a importância do estudo das endemias e doenças emergentes, que até foram definidas pelo governo federal no Pacto pela Saúde, em 2006, como prioritárias. São elas: dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza. Além disso, são citados como foco de atenção o combate ao câncer do colo de útero e de mama, a saúde do idoso e a redução da mortalidade infantil e materna.  

JC - Como a questão do idoso poderia vir a ser tratada?

Themis - Esse é um tema ao qual eu sou muito sensível, porque os idosos constituem 12% da população, mas consomem mais de 25% dos recursos de internação hospitalar pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso é extremamente importante, pois o País está envelhecendo muito rápido. Antes, diziam que o que se investia na infância se gastava na velhice, mas na verdade não é bem assim. O sistema de saúde brasileiro, durante muitos anos, foi dirigido para atender à saúde materno-infantil. Assim, o envelhecimento não foi considerado com o rigor que deveria. Os idosos são os que mais apresentam câncer, doença cardiovascular e infecções graves, que são os temas que merecem mais atenção no País. Ainda existe um preconceito grande com os mais velhos e uma carência de profissionais para o cuidado deles. 

JC - Quem são os beneficiados com as pesquisas na área da saúde?

Themis - Eu defino quatro grupos beneficiários. Primeiramente, as instituições que promovem a pesquisa, porque elas acabam atendendo melhor os pacientes a partir destes estudos, elevando o padrão de assistência. Outros grupos de beneficiados são os pacientes, os médicos e a indústria. Acredita-se que o Brasil será, em 2015, o sexto país que mais consome fármacos no mundo. A vacina da esquistossomose levou 30 anos para ser feita pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e só será liberada daqui a alguns anos. Esse é outro exemplo de benefício, porque traz independência para o País na questão da importação de vacinas e de medicamentos de alto custo. Grande parte da verba para tratar pacientes com hepatite viral, tipo B e C, pelo SUS, vai para o medicamento Interferon. Atualmente, a Fiocruz está na segunda fase de sua pesquisa clínica para a produção deste remédio, em parceria com Cuba. 

JC - Como a senhora avalia o desenvolvimento da área de pesquisa no Brasil?

Themis - Acredito que o País está indo muito bem na área. Durante oito anos, vivenciei uma experiência bem-sucedida no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, quando foi criado o Centro de Pesquisas. Desde 2002, houve um crescimento exponencial de publicações, de participação de alunos em projetos e de reconhecimento. Em 2010, foram criados no Brasil centros de excelência em instituições de ensino através da Rede Nacional de Pesquisa Clínica. No fundo, o que se quer com esse incentivo é diminuir a desigualdade que existe de produção em determinadas áreas no País. Hoje, já existem 30 centros, divididos em diversas regiões, para distribuir esta oferta de capacitação de profissionais. 

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