Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

PRÊMIO O FUTURO DA TERRA

- Publicada em 22 de Agosto de 2012 às 00:00

Agrônomo ajudou a criar meios para “salvar a lavoura”


MARCO QUINTANA/JC
Jornal do Comércio
Em conversas com agricultores nos últimos 30 anos, o agrônomo e um dos maiores especialistas em agrometeorologia no Estado Ronaldo Matzenauer exercita um pragmatismo que, se tivesse sido aplicado por parte de seus ouvintes, teria rendido bons resultados na batalha contra os efeitos de estiagem após estiagem. “O Rio Grande do Sul tem superávit hídrico no inverno e déficit no verão. Por isso, precisamos guardar água para usar quando falta. É como dinheiro sobrando. Se gastar tudo quando está dando bem, vai faltar quando surgir um problema.”
Em conversas com agricultores nos últimos 30 anos, o agrônomo e um dos maiores especialistas em agrometeorologia no Estado Ronaldo Matzenauer exercita um pragmatismo que, se tivesse sido aplicado por parte de seus ouvintes, teria rendido bons resultados na batalha contra os efeitos de estiagem após estiagem. “O Rio Grande do Sul tem superávit hídrico no inverno e déficit no verão. Por isso, precisamos guardar água para usar quando falta. É como dinheiro sobrando. Se gastar tudo quando está dando bem, vai faltar quando surgir um problema.”
Matzenauer tem consciência de que esta lição foi pouco assimilada, mas orgulha-se de ter sido um dos artífices da geração de informações que ajudaram a desenhar o zoneamento agroclimático, e posteriormente o zoneamento de risco para as culturas. Estes parâmetros guiam as regiões e períodos do ano mais ajustados ao plantio, tanto para mitigar adversidades – como maior ou menor oferta de chuvas – como identificar onde estão as condições de solo recomendadas para receber as sementes dos diferentes grãos.
“O zoneamento proporciona boa precisão do cultivo, ao reunir informações sobre a cultura e a climatologia”, valoriza Matzenauer, que hoje é pesquisador-colaborador da Fepagro, de onde se aposentou há dez anos. Manejar este conhecimento pode dar vantagem ou desvantagem na hora de deflagrar cada safra. Graças a avanços na condução da lavoura que mesmo as perdas com escassez de chuvas não são tão corrosivas, salvo quando se enfrenta um nível muito crítico de oferta de água. “Na década de 1990, o rendimento caía a mil quilos por hectare. Na safra de 2011-2012, tivemos 2,1 mil quilos por hectare. Isso em parte se deve ao manejo do solo, ao plantio direto e ao zoneamento. Mesmo assim, a perda de rendimento tem efeito danoso”, confronta o agrônomo.
Mesmo os recentes movimentos para ampliar a irrigação nas culturas de soja e milho não eliminam que os produtores fiquem atentos a indicações anualmente feitas pelo Conselho de Agrometeorologia Aplicada. Matzenauer elenca algumas para a nova safra – além de armazenamento de água, seguir o zoneamento agrícola, diversificar culturas, escalonar a época da semeadura, utilizar cultivares mais resistentes, adotar plantio direto e até densidade menor quando a previsão é de menor oferta de chuva. A aposta de que agora a irrigação pode vingar com o programa de incentivos do governo estadual é vista com entusiasmo. Além de elevar a produtividade em áreas já consolidadas e assegurar maior estabilidade da renda, pode-se melhorar a eficiência em áreas de cultivo recente de soja e milho, que avançam para o Sul gaúcho, cuja oferta de chuvas ao longo do ano é bem menor comparado ao Norte. A diferença chega a 300 milímetros para menos - a precipitação no ano é de 1,7 mil milímetros no Norte e de 1,4 mil no Sul.

Estudos desvendaram a demanda hídrica da cultura do milho

Antes do zoneamento agroclimático, foi preciso desvendar as peculiaridades das culturas. Saber, por exemplo, como a planta reage a uma menor ou maior oferta de água em cada período do desenvolvimento. Ronaldo Matzenauer teve papel decisivo nos estudos sobre o comportamento do milho, tão crucial na cadeia de segmentos como a agroindústria de frangos e suínos no Estado. Um interesse do especialista que despontou ainda no período da faculdade de Agronomia, cursada no começo da década de 1970 na Ufrgs. “Comecei trabalhando em pesquisa básica em agrometeorologia, fiz estágios e meus professores me motivaram a continuar estudando”, recorda. No mestrado, em 1979, o foco do agrônomo foi mapear as necessidades hídricas do milho.
“É uma cultura muito sensível a déficit hídrico, o que ocorre na floração, portanto, por um período muito curto”, adverte Matzenauer. Um mês entre o pendoamento e o espigamento que define o resultado na hora da colheita. Na última estiagem, foi justamente nesta etapa, por volta de dezembro, que a escassez de chuva mais castigou as plantações.
PRÊMIO ESPECIAL
João Mielniczuk: Revista Ciência Rural - Professor Titular Aposentado do Depto. de Solos da Ufrgs.
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
Ilsi Boldrini: Professora associada da UFRGS/ Instituto de Biociências.
Silvia Terezinha Sfoggia Miotto: Professora Associada da UFRGS do Instituto de Biociência, Departamento de Botânica
CADEIAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA
Algenor da Silva Gomes, Pesquisador Aposentado da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS).
David Driemeir, Professor da Veterinária da Ufrgs.
TECNOLOGIA RURAL
Ronaldo Matzenauer, Fepagro.
César Valmor Rombaldi, Professor Titular da Ufpel, Departamento de Agronomia.
NOVAS ALTERNATIVAS AGRÍCOLAS
Sérgio Francisco Schwarz, professor adjunto da Ufrgs, departamento de horticultura e silvicultura.
Celso Aita, Professor Associado da UFSM/Depto. Solos.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO