A injeção de dejetos líquidos de suínos no solo em sistemas de plantio direto pode facilitar a nutrição do terreno e, ao mesmo tempo, atenuar o impacto ambiental e reduzir a emissão de mau cheiro. A alternativa agrícola é resultado de uma pesquisa coordenada pelo professor Celso Aita, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em parceria com profissionais da Embrapa Suínos e Aves de Concórdia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade de Santa Catarina (Udesc), Universidade de Passo Fundo e Feevale, de Novo Hamburgo.
“Estamos muito esperançosos de que esta tecnologia realmente ajude a minimizar os problemas ambientais resultantes da produção de dejetos da suinocultura e da bovinocultura leiteira, atividades que geram grandes volumes com alto poder poluidor”, confia Aita.
O novo método, em fase de estudo, tem demonstrado bons resultados por evitar problemas comuns da aplicação direta dos dejetos sobre o solo, como é normalmente feito no plantio direto. De acordo com Aita, a injeção do material no terreno diminui a perda de nutrientes pelo escoamento superficial de água, reduz a volatilização de amônia – processo potencialmente poluidor - para níveis próximos de zero e atenua a emissão de mau cheiro. Entretanto, os resíduos de suínos estão na forma líquida e podem contaminar o ambiente se não forem bem manejados. O uso de produtos que retardam a nitrificação, reação produtora de substâncias poluentes, tem se mostrado como solução para o problema.
Aita iniciou seus trabalhos na antiga Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (Empasc), em 1984, onde pesquisava a utilização de resíduos orgânicos de origem vegetal e animal em sistemas agrícolas de pequenas propriedades rurais do oeste catarinense. A ideia era difundir o uso de leguminosas como plantas de cobertura para proteção do solo contra erosão e, ao mesmo tempo, fornecer nutrientes às culturas comerciais, especialmente à de milho. Quanto aos dejetos, o objetivo era demonstrar a importância de reciclar os macro e micronutrientes, uma vez que a suinocultura os produz em grande escala.
Após ingressar no Departamento de Solos da UFSM, em 1986, o professor continuou nesta área de pesquisa, procurando selecionar espécies de verão e inverno para inserção nos sistemas de produção local. Na época, também passou a utilizar dejetos líquidos da bovinocultura de leite, quando desenvolveu o método do densímetro, possibilitando que o produtor estimasse diretamente no campo o teor de nutrientes dos dejetos, sem necessidade de envio de amostras para laboratório. Com estas práticas, o agricultor diminui o custo de produção, pois gasta menos em fertilizantes sintéticos, protege o terreno da erosão, e fortalece o solo para a cultura subsequente.
Professor contribui na formação de profissionais
Desde 1986 no Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa Maria, o professor Celso Aita tem valorizado a formação de novos profissionais na área de microbiologia do solo e do ambiente, principalmente ao aproximá-los de suas pesquisas. Para Aita, a importância dos trabalhos realizados na universidade não seria a mesma sem a colaboração dos estudantes. “É uma dupla via: contribuímos para a formação dos alunos, mas sem eles nosso trabalho não tomaria a dimensão que tem.”
Na pós-graduação, ele orientou 33 mestrandos, oito doutorandos e um pós-doutorando. Atualmente, trabalha com apoio de 10 alunos de graduação por meio de bolsas de iniciação científica, orienta quatro dissertações de mestrado, quatro teses de doutorado e uma supervisão de pós-doutorado. Além disso, já foi professor homenageado de mais de 24 turmas do curso de Agronomia da UFSM.
“Sentir a vibração daqueles alunos que nos procuram no início do curso para conhecer nossos trabalhos e que por eles se interessam, iniciando a vida de pesquisadores ao nosso lado, é uma das coisas mais gratificantes como professor e pesquisador. Você oferece a oportunidade e os observa crescer cientificamente e pessoalmente, participando da geração do conhecimento. Esse é um dos pontos fortes da vida como professor”, completa Aita.
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PRÊMIO ESPECIAL |
• João Mielniczuk: Revista Ciência Rural - Professor Titular Aposentado do Depto. de Solos da Ufrgs. |
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL |
• Ilsi Boldrini: Professora associada da UFRGS/ Instituto de Biociências.
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CADEIAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA |
• Algenor da Silva Gomes, Pesquisador Aposentado da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS). |
TECNOLOGIA RURAL |
• Ronaldo Matzenauer, Fepagro.
• César Valmor Rombaldi, Professor Titular da Ufpel, Departamento de Agronomia.
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NOVAS ALTERNATIVAS AGRÍCOLAS |
• Sérgio Francisco Schwarz, professor adjunto da Ufrgs, departamento de horticultura e silvicultura.
• Celso Aita, Professor Associado da UFSM/Depto. Solos.
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