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EDUCAÇÃO

- Publicada em 07 de Agosto de 2012 às 00:00

Neurociência pode melhorar a aprendizagem nas escolas


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Jornal do Comércio
O filósofo francês René Descartes propôs, no início do século XVII, a concepção do homem baseada na separação entre o cérebro e o espírito. Assim, por muitos anos, a base física passou a ser estudada sem conexão com o pensamento, ocupando os cientistas com pesquisa do cérebro e os professores, na área da aprendizagem, com conhecimento imaterial. A proposta de unir a neurociência, que teve sua propulsão nas últimas duas décadas, com a educação, pode vir a juntar esses dois conceitos, que antes eram concebidos como diversos. Para discutir os benefícios desta nova área interdisciplinar, foi realizado ontem o 1º Fórum Internacional de Ciência da Mente, Cérebro e Educação, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.
O filósofo francês René Descartes propôs, no início do século XVII, a concepção do homem baseada na separação entre o cérebro e o espírito. Assim, por muitos anos, a base física passou a ser estudada sem conexão com o pensamento, ocupando os cientistas com pesquisa do cérebro e os professores, na área da aprendizagem, com conhecimento imaterial. A proposta de unir a neurociência, que teve sua propulsão nas últimas duas décadas, com a educação, pode vir a juntar esses dois conceitos, que antes eram concebidos como diversos. Para discutir os benefícios desta nova área interdisciplinar, foi realizado ontem o 1º Fórum Internacional de Ciência da Mente, Cérebro e Educação, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.
Hamilton Haddad, professor do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), afirmou a necessidade de construir um diálogo amplo entre as duas áreas. “A capacidade do indivíduo de tomar decisões e de entender os estímulos depende do sistema nervoso central. Ele é a essência do ser humano. Se somos capazes de aprender, é sinal de que alguma informação ficou gravada nas conexões do cérebro, mudando algo nesta fisiologia cerebral”, explica. De acordo com Haddad, isso se justifica porque a educação também deve ser pesquisada pelas ciências físicas e biológicas.
Para ilustrar melhor a capacidade do homem de moldar o seu sistema nervoso, o professor compara o nascimento de um corvo ao de uma galinha. A galinha nasce praticamente pronta, não precisando de cuidado parental. Já o corvo demora semanas para se tornar independente dos cuidados dos pais, pois nasce cego e sem penas. Entretanto, a galinha é um animal limitado e o corvo tem uma inteligência muito superior, sendo capaz de criar ferramentas para conseguir alimento. “Esta situação mostra que um período maior de infância serve para moldar a capacidade mental do animal. A nossa espécie, quando adulta, é altamente maleável, pois nosso sistema se adapta a inúmeras situações e locais. A plasticidade do cérebro, que é complexa, pois envolve cerca de dez bilhões de neurônios e incontáveis conexões, dura até o instante da morte”, relata Haddad. 
A aprendizagem envolve diversos fatores. Os cientistas se ocupam em analisar qual a importância de cada um deles. Para que um aluno consiga aprender, são necessárias atenção, percepção, memória, emoção, motivação, linguagem, tomadas de decisões e sono. Segundo o professor, os estímulos sensoriais são armazenados no campo da memória de curto prazo, mas, para que a informação entre no sistema nervoso central, será imprescindível a atenção. Contudo, para que esse conhecimento dure por um longo prazo, é preciso de repetição. “Outro fator que torna uma informação duradoura no cérebro é a emoção. Esse sentimento é importante para a memória”, diz.
A interação entre neurociência e educação não é recente. Existem estudos que mostram essa pesquisa em 1900, mas somente nos últimos anos é que especialistas começaram a debater o tema com maior intensidade. Ainda existem muitos céticos sobre esta relação, pois acreditam que a ponte entre educação e neurociência é muito ampla, sendo necessária a busca por caminhos menores e mais fáceis de serem construídos. Haddad afirma que essas críticas são importantes para que se trate o assunto com parcimônia. Ele mesmo acredita ser preciso a construção de três pontes: a epistemológica, a metodológica e a institucional. “Cientistas e professores utilizam o mesmo termo para situações distintas. A palavra aprendizado tem sentido diferenciado para as duas áreas. Um neurocientista trabalha dentro do laboratório com dados quantitativos. O educador atua na escola com dados qualitativos. Para que os dois interajam, é preciso afinar o discurso através do diálogo, colocando o neurocientista para fazer pesquisa dentro da escola”, sugere.
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