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Eleições 2022

- Publicada em 22 de Setembro de 2022 às 20:36

Candidata do PSTU ao Senado do RS, Fabiana Sanguiné defende isenção aos pequenos produtores rurais

Municipária, Fabiane diz que o compromisso do partido é com os trabalhadores

Municipária, Fabiane diz que o compromisso do partido é com os trabalhadores


ANDRESSA PUFAL/JC
Caren Mello, especial para o JC
Caren Mello, especial para o JC
Servidora do município na área da saúde, Fabiana Sanguiné concorre a um cargo eletivo pela primeira vez. Filiada ao PSTU, disputa uma cadeira no Senado, após anos de militância na defesa dos interesses dos trabalhadores e municipários da Capital.
Com custos de campanha pagos pela arrecadação entre os militantes, Fabiana rejeita o apoio do sistema financeiro, como aceitam alguns partidos. "Nossos compromissos são com os trabalhadores, não com os ricos, porque quem paga a banda, escolhe a música." A candidata propõe, também, discutir isenções e, até mesmo, a propriedade de grandes empresas.
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, falou sobre política, economia e pautas no Senado.
Jornal do Comércio - O que a motivou a concorrer?
Fabiana Sanguiné - Os dois últimos anos de pandemia, de crise sanitária e financeira. Trabalho na área da Enfermagem, estava lá na ponta, vendo a deficiência na área da saúde, vendo ela ser entregue para a iniciativa privada. No município, estamos com 96,6% dos postos de saúde entregues. E, no País, existe um projeto de cobrança do SUS (Sistema Único de Saúde). Isso foi me motivando.
JC - O SUS não saiu fortalecido na pandemia?
Fabiana - O SUS mostrou a importância de uma saúde pública com investimento, mas os governos têm um projeto muito claro de entrega da rede pública. Em meio à pandemia, o governo (do prefeito Sebastião) Melo (MDB) desestruturou o que restava da saúde pública na rede básica. É mais uma prova de que a saúde dos trabalhadores não sensibiliza os governos. Vivemos num sistema em que a vida não está no centro, o lucro está.
JC - A saúde será sua prioridade?
Fabiana - A situação da saúde se insere em um quadro de ataque aos trabalhadores. É uma das nossas pautas, mas também tem o enfrentamento da situação de miséria, de desemprego. No Brasil, 33 milhões de pessoas passam fome e, metade da população, em insegurança alimentar, pessoas que têm uma refeição apenas por dia. No Rio Grande do Sul, celeiro do agronegócio, são 1 milhão de pessoas. De cada 10 famílias do campo, seis estão em situação de miséria.
JC - Como vê as isenções como forma de atração de empresas e, por consequência, geração de emprego?
Fabiana - Nos dois primeiros anos de pandemia, o governo (Eduardo) Leite (PSDB) transferiu para as empresas privadas mais de R$ 30 bilhões isenções fiscais, empresas que já lucram muito, que seguem retirando direitos dos trabalhadores, enquanto a saúde pública e a educação não têm recursos. Isso diz muito sobre o papel do Estado, que seria para gerenciar as riquezas produzidas. A gente defende acabar com as isenções, discutir, por exemplo a propriedade dessas empresas que vivem recebendo milhões. Nos dois primeiros anos de pandemia, na maior crise sanitária que o Brasil já enfrentou, surgiram 77 novos bilionários. A isenção deve ser para os pequenos agricultores, os pequenos produtores da agricultura familiar, que é quem, de fato, bota comida na mesa.
JC - Isenções para o agronegócio seriam uma alternativa contra a fome?
Fabiana - Se formos discutir o agronegócio, não estamos falando de empresas nacionais. Os grandes acionistas são multinacionais. Essas empresas vêm para cá, se apropriam do campo. A agricultura familiar mal consegue sobreviver porque não consegue manter a concorrência. E a remessa de lucro vai toda para o exterior. No Brasil, sequer são taxadas as remessas de lucro. Essas multinacionais têm como centro a exportação, e nossa alimentação fica sendo taxada em dólar.
JC - Qual a sua avaliação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do Estado?
Fabiana - O RFF está dentro desse quadro de espoliação do Estado porque quanto mais a gente paga esta dívida, mais ela cresce. Essa negociação começou lá no governo (Antonio) Britto (1995-1998, então MDB), devendo R$ 9,5 bilhões. Pagamos mais de R$ 37 bilhões e devemos mais de R$ 75 milhões. É juros de agiota. Dentro dessa negociação, foram previstas as entregas do Banrisul, da CEEE.
JC - A pauta de privatizações vai passar pelo Senado.
Fabiana - Somos contra. A CEEE Distribuidora foi vendida por R$ 100 mil, não paga um maquinário que existe lá dentro. Somos contra a entrega do Estado para a iniciativa privada, na saúde, educação, saneamento, energia elétrica. São direitos básicos da população. Dos 77 bilionários que surgiram no país na pandemia, nove são da área da saúde. Convênios médicos, grandes redes hospitalares, ganharam trilhões, enquanto gente morria sem vacina. Esta é mais uma necessidade: quebrar patentes dos grandes laboratórios. Na ONU (Organização das Nações Unidas), os países de primeiro mundo foram a favor, mas o governo (Jair) Bolsonaro (PL) foi contra.
JC - No governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o então ministro José Serra (PSDB)quebrou patentes.
Fabiana - Serra conseguiu quebrar as patentes do coquetel para HIV. Isso precisa ser discutido. As vacinas poderiam ter chegado muito mais cedo no Brasil, poderíamos ter evitado a morte de mais de 700 mil pessoas no Brasil. Só no Rio Grande do Sul foram 40 mil pessoas. E o governo Leite tem responsabilidade porque abriu as escolas muito antes de as crianças sequer serem vacinadas.
JC - O PSTU optou por concorrer com um chapa pura em todas as esferas. Como ter esse enfrentamento sem unir forças?
Fabiana - O PSTU não sai sozinho, sai com o Polo Socialista Revolucionário, que é a aliança com setores da luta sindical, popular e estudantil, dos movimentos negros, LGBTs, quilombolas e indígenas. A gente vem da aliança com esses lutadores no país inteiro, mas o importante é que defendemos os conselhos populares para além das eleições. Nossa aliança não é com quem defende os ricos, com sistema financeiro. Nosso compromisso é com a classe trabalhadora, mas quem ganha no processo eleitoral são aqueles partidos que receberam mais recursos.
 
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