A política espetacularizada

Thiago de Leon

A opinião pública brasileira, que engloba sociedade civil, imprensa, instituições de classe, movimentos sociais e comunitários, passa por uma transformação positiva em relação ao acompanhamento, fiscalização e conhecimento do que ocorre na política nacional.

Há pouco mais de uma década, o corpo de ministros do Governo Federal não tinha a cobertura que hoje possui na agenda da imprensa bem como da sociedade civil. A diferenciação entre nomeações técnicas e políticas não ocupava espaço, pois essa discussão não tinha um status de preponderante no debate público.

Com a intensificação da polarização, desencadeada com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a vida pregressa de cada ministro passa a ser rigorosamente investigada, de modo que alguns sequer assumiram, pois ostentavam inverdades em seus currículos acadêmicos. Nesse caso, tivemos ministros que afirmavam ter doutorado, estudado em universidades renomadas como Harvard, Yale, porém, tudo se confirmou com uma inverdade.

Esse cenário de investigação ostensiva dos ministeriáveis é fruto da polarização contundente verificada nos últimos anos no Brasil, já que os adversários políticos procuram falhas a fim de desgastar o capital político do presidente eleito. A política passa por um processo de espetacularização em que muitos a consomem como uma espécie de entretenimento.

Seja positiva ou negativa a espetacularização, somada à polarização e à velocidade que as notícias são trazidas à agenda da imprensa, a sociedade brasileira como um todo nunca esteve tão atenta e nunca consumiu conteúdo político como hoje. Resta saber se a política como entretenimento, nos levará para uma processo de accountability maior ou continuará alimentando a polarização ideológica vivida hoje.

Sociólogo e vereador em Gravataí/RS