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Opinião

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- Publicada em 10 de Agosto de 2022 às 19:37

Crise europeia faz dólar alcançar valor do euro

Gabriele Couto
Gabriele Couto
Tão logo começamos a sentir os principais efeitos econômicos das medidas de contenção e combate à pandemia em todo o mundo, uma crise tão grave quanto voltou a assombrar a economia global: a ofensiva russa contra a Ucrânia, iniciada no fim de fevereiro, interrompeu o fornecimento de gás e petróleo para a Europa e de outros insumos para os demais continentes.
O principal impacto para o Brasil, por exemplo, foi a desestabilização das remessas de fertilizantes agrícolas russos, que são responsáveis por alimentar nada menos que 85% do agronegócio brasileiro. Isso ajuda a explicar, em parte, o porquê da inflação nacional acima dos 10%, puxada pelas várias altas dos preços dos produtos alimentícios.
Mas, desconsiderando as diferenças sociais, nossos problemas ainda são menos inquietantes do que os que se passam na Europa. Além do aspecto geográfico, que naturalmente coloca o continente no epicentro do conflito, há também uma grave escassez de energia. O posicionamento dos principais líderes europeus favoráveis à Ucrânia provocou um clima de temor diante da ameaça russa de literalmente fechar as torneiras que conduzem o gás para outros países europeus.
Isso vem fragilizando gradativamente a economia europeia, altamente dependente de gás, criando um cenário de instabilidade que afeta diretamente o valor do euro. A tal ponto de, pela primeira vez em 20 anos, o dólar alcançar o mesmo valor da moeda oficial da União Europeia. Em alguns dias deste mês de julho, a moeda americana chegou inclusive a operar com um valor sutilmente superior.
Na prática, não há regras de mercado que definam que a estabilidade da economia mundial dependa de que o euro mantenha uma cotação superior à do dólar. Aliás, do ponto de vista de oferta e demanda essas oscilações são normais. No entanto, há de se ter em mente que esse movimento mais acentuado pode ser um prelúdio do que espera a economia europeia.
Não por acaso, já há uma fuga de capital da Europa, em direção a mercados mais seguros. Isto significa que os ativos europeus estão sendo substituídos por investimentos dolarizados. A tendência, hoje, é de evitar a canalização de aplicações em ativos do Velho Continente. Observar os novos capítulos do conflito e as decisões diplomáticas da Rússia diante dos vizinhos europeus pode dizer muito sobre os movimentos do euro nos próximos meses.
Não obstante, vale frisar que no cenário atual a expectativa é de que no curto prazo euro acumule mais desvalorização frente à moeda americana. Isso porque, diante do contexto inflacionário nos Estados Unidos, o Federal Reserve tende a adotar medidas mais duras em relação à política de aperto monetário. A alta dos juros na economia americana tende a acentuar o fluxo de investimentos no país.
Nesse sentido, embora na economia brasileira, a paridade entre dólar e euro também não tenha grandes efeitos - uma vez que fazemos paridade primeiro do real com o dólar e depois do dólar com o euro - a atenção dos investidores deve estar voltada para a dinâmica de apreciação da moeda americana que impacta diretamente outras variáveis da economia, como é o caso dos preços das commodities que são dados em dólar no mercado global.
Economista e assessora de investimentos
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