O Bikeco, iniciativa do programa Canoas Sem Carroças, completou um ano neste mês. Nesse período, foram contabilizadas mais de 450 toneladas de materiais recicláveis recolhidos na região do Centro, uma média de 38 toneladas por mês. Atualmente, são dez bicicletas ecológicas, acopladas com gaiolas de ferro, utilizadas para a realização da coleta na região central, além de dois caminhões da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Canoas (Coopcamate), cadastrada inicialmente para a utilização do Bikeco, e 19 pessoas atuando no projeto.
Nascido como alternativa para os recicladores, após a proibição da circulação de veículos de tração ação animal na região, o Bikeco vem mudando a vida de muito gente, como no caso do Simeão Cardoso Rodrigues, de 32 anos. Há um ano, ao ficar sabendo do programa, ele repassou o seu cavalo para quem tinha melhores condições de cuidar do animal e procurou a cooperativa para participar da ação. "Antes, com a carroça, não tinha horário para trabalhar, às vezes era até durante a noite. Outras vezes, o cavalo estava debilitado ou a carroça estragada, aí também não tinha como sair. Agora eu tenho mais tempo para a minha família", comenta Simeão. Na casa dele, a família também está engajada no programa e, há um ano, nenhum material é descartado de maneira incorreta.
Outro ponto de destaque do primeiro ano de Bikeco é a adesão dos comerciantes e moradores do bairro Centro. O diretor de Saneamento Ambiental, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), Luiz Carlos Júnior, destaca que a colaboração da população tem sido fundamental para o sucesso do programa. "As empresas, condomínios e moradores da região central aumentaram consideravelmente a sua participação na coleta seletiva do município. A exemplo disso, temos a premiação do Selo Amigo do Reciclador, que, neste ano, teve 35 instituições do Centro aptas a receberem a certificação", destaca Júnior.
Fim dos maus-tratos contra animais
O principal objetivo do Canoas Sem Carroças é coibir a exploração animal para o transporte de cargas e de passageiros. Dentre as ações, além do Bikeco, há também a implementação das fases do Programa de Redução Gradativa de Veículos de Tração Animal (VTA), onde estão atualmente proibidas a circulação de carroças nos bairros Centro, Marechal Rondon, Igara, São José e São Luís, e a realização de blitze de proteção animal, que aborda carroceiros e verifica o estado de saúde dos equinos, em todos os quadrantes do município, além de blitze de educação animal nas escolas do município.
Das dez bicicletas ecológicas disponibilizadas pelo município, nove saem diariamente para a rua. Uma delas fica como reserva para, caso ocorra alguma eventualidade, nenhum reciclador ficar sem trabalhar. Os trabalhadores do Bikeco contam com a disponibilização de equipamentos de proteção individual e todo o material necessário para um trabalho seguro. Com a expansão do Canoas Sem Carroças, a Prefeitura estuda também ampliar o número de Bikecos, abrindo a possibilidade de novos bairros serem atendidos.