O prédio anexo da antiga estação férrea de São Gabriel, símbolo dos tempos áureos do transporte ferroviário, está sendo restaurado pela prefeitura. O imóvel, inaugurado em 1900 no Centro do município da Fronteira Oeste, foi desativado em 1977, quando o traçado dos trilhos foi alterado e uma nova estação foi construída fora da área urbana. A partir da reinauguração, prevista para as próximas semanas, o prédio abrigará, novamente, a Feira do Produtor Rural.
Com investimento de R$ 700 mil, as obras de revitalização começaram em abril. Com a reabertura, pequenos produtores de São Gabriel poderão comercializar hortifrutigranjeiros, produtos agroindustriais, doces, artesanatos, conservas, cafés, chás, entre outros. Inicialmente, o edital da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico prevê a ocupação de 10 das 16 bancas. O valor arrecadado mensalmente com os aluguéis será usado para cobrir custos com manutenção e limpeza do próprio local.
O transporte ferroviário chegou a São Gabriel em 1896, a partir da linha de Cacequi. No auge da viação férrea, o município chegou a ter 12 estações, sendo a principal delas no centro da cidade. O prédio atual, em modelo eclético, foi construído em 1900 no local que passou a se chamar largo da Estação Férrea e, mais tarde, praça Carlos Pereira.
"A viação férrea foi a mola propulsora do desenvolvimento de São Gabriel e de toda a região da Campanha. Com a estação, São Gabriel passou a ter importância geográfica e econômica, especialmente pelo comércio do charque. O município tem inúmeros casarões, todos construídos nessa época de opulência", relembra Beraldo Figueiredo, diretor administrador do Museu da Igreja do Galo, responsável pelo acervo João Pedro Nunes.
Em 1992, o prédio principal da Estação Férrea de São Gabriel foi cedido pela Viação Férrea para a instalação do Museu da Força Expedicionária Brasileira (FEB), uma vez que a cidade é terra natal do marechal Mascarenhas de Moraes (1883-1968), comandante durante a Segunda Guerra Mundial. Criado em 1978, o museu funcionava até então na avenida João Pessoa, em Porto Alegre. A revitalização atual não contempla o prédio principal, que continua abrigando o acervo da FEB.