A falta de chuva e as altas temperaturas registradas nos últimos meses já levaram 235 municípios do Rio Grande do Sul a decretarem situação de emergência junto à Defesa Civil Estadual. A estiagem tem causado prejuízos para a agricultura, pecuária e deixado famílias rurais sem acesso a água. Segundo dados da Emater, a região de Santa Maria é a que enfrenta as maiores dificuldades nas lavouras, seguida pelas áreas de Ijuí, Santa Rosa e Frederico Westphalen.
Conforme Murilo Machado Lopes, meteorologista na Universidade Federal de Santa Maria (Ufsm) e integrante do Grupo de Meteorologia, o principal fator responsável por esse problema são os índices de chuva que se mantiveram abaixo do esperado durante todo o último trimestre. "Quando a chuva ocorre é de forma muito irregular, apenas alguns locais tiveram alguma precipitação e outros não tiveram nada. Isso leva à condição de déficit hídrico", afirma.
Na Ufsm, o Grupo de Meteorologia vinculado ao Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) tem divulgado um boletim climático mensal com informações detalhadas mês a mês sobre precipitação, temperatura e ocorrência de fenômenos climáticos no estado. O trabalho é resultado de um esforço conjunto do Laboratório de Hidrometeorologia (LHMET), do Grupo de Modelagem Atmosférica (GruMA) e do Grupo de Pesquisas em Clima (GPC).
Para fevereiro, o boletim climático indica tempo similar ao de janeiro, com chuvas abaixo da média e de fraca intensidade. Conforme o meteorologista Murilo, o estado também continuará enfrentando bastante calor com temperaturas acima dos 30°C. No que diz respeito ao La Niña, há um enfraquecimento do fenômeno, porém a chuva ainda deve seguir irregular, fazendo com que as consequências da estiagem ainda sejam sentidas por um longo período.
Informações sobre o tempo e o clima são importantes em diversos setores da sociedade, como a agricultura e o meio ambiente. Diante da problemática da estiagem vivenciada no Rio Grande do Sul, as previsões do Grupo de Meteorologia da UFSM contribuem para a tomada de decisões públicas especialmente na região central.
Para prever o tempo, são utilizados modelos meteorológicos que são conjuntos de equações que descrevem o comportamento da atmosfera no passado, presente e futuro.
O grupo também participa de espaços como o Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), que reúne entidades públicas estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima para disponibilizar previsões oficiais a cada estação.