Foram 15 anos de estudo do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (DDPA/Seapdr) para chegar a um momento histórico. Um grupo de produtores está plantando os primeiros pomares de butiá voltados exclusivamente para a exploração comercial, a partir de mudas doadas pelo departamento.
A produção de mudas de butiá faz parte de uma linha de pesquisa que se iniciou em 2006, com o objetivo de tornar viável a exploração econômica do butiá por meio do cultivo ordenado de butiazeiros. Atualmente, a produção de butiá no Estado se baseia no extrativismo de matas nativas. Mesmo com uma produção de até 29 quilos por árvore sem trato cultural, o número de plantas em áreas naturais e em pomares instalados ainda é muito inferior à demanda atual pela fruta e seus derivados.
O viveirista Fabiano Minozzo, de Nova Prata, é um destes produtores pioneiros na implantação de pomares de butiá. Em pouco mais de um hectare, plantou 500 mudas de três variedades diferentes de butiá identificadas pelos pesquisadores. "Sempre gostei de butiá, desde criança. Um dia estava buscando na internet sementes de butiá para produzir mudas e achei uma reportagem sobre o trabalho do Adilson e do Gilson. Então entrei em contato com eles", conta Fabiano.
Além do viveiro de mudas, Fabiano possui uma plantação de pinus para extração de resina. A empolgação com o cultivo dos butiás é tanta que o produtor planeja cortar alguns desses pinus para expandir seu pomar de butiazeiros. "A minha ideia é conseguir plantar uns 10 hectares de butiazeiro, porque futuramente tenho a intenção de colocar uma agroindústria. Também quero fazer mudas a partir das sementes, tanto para ampliação da área de cultivo quanto para comercialização no viveiro", projeta.
Fabiano compõe um grupo de cerca de 50 produtores que demonstraram interesse no cultivo comercial do butiá, em diversas regiões do Estado. Pelo menos 20 desses produtores já fizeram plantio de mudas, em pequenas áreas - dentre eles, Fabiano é o que plantou em maior escala.
As mudas são produzidas no centro de pesquisa de Viamão, a partir de árvores individuais, chamadas matrizes, que possuem características desejáveis para cultivo sistematizado, como frutos maiores, mais doces e produção precoce de frutos. "Nossa ideia é dar o pontapé inicial com as orientações do cultivo, mas não podemos assumir esse papel de produtor de mudas. É um trabalho de fomento para que, no futuro, o Fabiano e outros viveiristas atendam a essa demanda", destaca Gilson Schlindwein, um dos pesquisadores.