Os impactos financeiros, frutos de cortes do Ministério da Educação, começam a ser sentidos na Universidade Federal do Rio Grande (Furg) a partir da metade de setembro. O pró-reitor de Planejamento e Administração, Diego Rosa, explicou que as dificuldades passam a ser cada vez mais sentidas, e sem a previsão de melhora na situação.
Com o bloqueio imposto, os recursos disponíveis seriam suficientes apenas para cobrir parte das despesas da FURG até metade de setembro e, a partir desse ponto, começa-se a sentir as dificuldades - na prática - para cumprir todos os compromissos contratuais firmados. "O déficit projetado para 2022, naquele momento (R$ 9,5 milhões), foi revisado para R$ 10,9 milhões, mesmo com uma gestão orçamentária bastante rigorosa e um acompanhamento sistemático da execução dos recursos. A ampliação é provocada pelo aumento substancial no volume consumido e no preço das refeições nos restaurantes universitários, bem como pelos contratos emergenciais demandados pelas embarcações tanto para manutenção dos navios quanto para mão de obra", detalhou o pró-reitor.
Na intenção de tentar conter parte do déficit projetado, a FURG adotou medidas mais rigorosas para a contenção de despesas, como a suspensão dos pedidos de deslocamento utilizando viaturas, a suspensão das solicitações de diárias e passagens e os pagamentos de inscrição em eventos; a suspensão dos pedidos de aquisição de materiais e contratação de serviços de pessoa física ou jurídica; a suspensão do pagamento de gratificações por curso e concurso; e novos contratos ou renovações de contratos de estagiários, passando de 30 horas semanais para 20 horas semanais.
Além dessas medidas, a universidade revisou as bases dos seus contratos de prestação de serviços terceirizados, na tentativa de conter a expansão do déficit estimado. Essa revisão levou a decisão de reduzir 39 postos de trabalho em diferentes contratos, iniciadas a partir de setembro. A ação representa uma redução de despesas mensais na ordem de R$ 300 mil.
Para 2023, o cenário da universidade, segundo o reitor, é ainda mais crítica. O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2023 da União apresenta uma redução de 12% na dotação destinada ao pagamento das despesas de funcionamento e uma redução de 29% nas despesas de capital, quando comparados com os recursos aprovados em 2022. Isso significa dizer que, se o PLOA 2023 se confirmar, o orçamento será ainda menor do que em 2022, já considerando o bloqueio de 7,2%. Com um cenário que se afunila cada vez mais, os recursos disponíveis serão suficientes apenas para honrar os compromissos até junho, de acordo com a universidade.