A cidade de Rio Grande foi uma das contempladas no programa Iconicidades, criado pelo governo do Estado como um concursos públicos de arquitetura para áreas de relevância em cidades gaúchas. O município da região sul teve contemplado um estudo para reformulação dos Molhes da Barra, considerada umas das obras mais impactantes de engenharia do Brasil que adentram quatro quilômetros adentro do mar e funcionam como um dos atrativos turísticos da cidade.
O projeto prevê que seja construída uma área de gastronomia, praça, deques, estacionamento, estação para as vagonetas e até um atracadouro para saída de passeios de barco. A proposta vencedora é assinada pelo escritório de arquitetura Estúdio 41 de Curitiba, que também foi responsável pelo projeto da nova base da Estação Antártica Comandante Ferraz, inaugurada em 2020.
A ideia apresentada pelos paranaenses propõe a construção de um complexo dotado de infraestrutura para recepção dos turistas, no qual se destacam o mirante que permitirá avistar tanto o Molhe Oeste, em São José do Norte e o canal do Porto, como a praia do Cassino, a área de gastronomia, os deques. Ainda haverá uma estação para as vagonetas, os veículos que percorrem os trilhos de todo o molhe.
O secretário de Meio Ambiente de Rio Grande, Pedro Fruet, afirmou que a obra trará "mínimo impacto ambiental à área", uma das preocupações acerca das intervenções que serão feitas. Segundo ele, atualmente há o uso da área de forma irregular, inclusive com depósito de lixo, e o projeto servirá para virar a chave sobre o ponto turístico. "Discute-se a criação de um ecoparque no local há mais de 20 anos. Já surgiram diversos projetos, alguns até megalomaníacos, para o espaço. O que temos agora é um projeto, amparado em questões ambientais, de sustentabilidade e preservação do local, sem afetar de forma significativa", disse.
Para Fruet, a oportunidade que surgiu, através do Iconicidades, é o pontapé inicial para finalizar uma discussão de anos sobre o uso dos Molhes da Barra e fomentar o turismo sustentável na cidade que, segundo ele, ainda tem espaço para evoluir. "Essa obra, feita pelos franceses, é extraordinária. De um lado, é possível ver o estuário do porto, do outro lado, a praia. Não há sequer banheiro para quem quiser ir até lá. Rio Grande é uma cidade com alguns 'fantasmas' quando o tema é desenvolvimento e agora temos a chance de oferecer uma bela infraestrutura", afirmou.
A ideia da equipe do Estúdio 41 é de privilegiar o uso de madeira e marcenaria convencional, como forma de garantir uma maior integração visual do complexo com a natureza a sua volta.
Após a homologação do resultado do concurso, que deve acontecer em 30 dias, começa a correr o prazo para elaboração do projeto técnico. Após isso começa a etapa de viabilizar a construção do ecoparque, que já tem linha de financiamento de até R$ 5 milhões pré-aprovada pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Ainda não há data para que as obras tenham início.