Os chilenos decidiram levar para o segundo turno a escolha de quem irá suceder o presidente Gabriel Boric no ano que vem. Conforme indicavam as pesquisas, a disputa final será entre a candidata do Partido Comunista Jeannette Jara e o ultradireitista José Antonio Kast.
Os resultados divulgados pela autoridade eleitoral do país apontam que, com 98% dos votos apurados, Jeannette conquistou 26,8%, e Kast 24% dos votos. Eles não podiam mais ser alcançados pelos demais candidatos.
No pleito deste domingo (16), nenhum dos oito candidatos conseguiu atingir mais da metade dos votos, e uma nova votação está marcada para o dia 14 de dezembro. Com o voto obrigatório, a participação ficou acima de 66%.
Ao não participar das primárias na metade deste ano, o campo da direita acabou dividindo votos neste domingo, concorrendo, além de Kast, com o também ultradireitista Johannes Kaiser (do Partido Nacional Libertário, com 13,9% dos votos) e a conservadora Evelyn Matthei (da UDI, com 12,7%). No segundo turno, a tendência é que Kast aglutine os votos da direita e ganhe a eleição, segundo as pesquisas até agora.
O candidato Franco Parisi (19,4%), de viés populista, foi a surpresa da noite, obtendo seus melhores resultados nas regiões do norte do Chile. O economista conseguiu tirar votos da esquerda e da direita em Arica e Parinacota, Tarapacá, Antofagasta, Atacama e Coquimbo.
Jeannette foi o nome escolhido em primárias para representar a coalizão governista e tentar manter a esquerda no poder. Boric não pode tentar um novo mandato consecutivo pelas regras do país, e sua ex-ministra ofereceu aos chilenos uma plataforma de crescimento com inclusão social.
A militante do Partido Comunista agora tem o desafio de superar a baixa popularidade do atual governo e propor uma alternativa à pauta de combate à insegurança, que foi dominada pela direita ao longo da campanha.
Seu adversário no segundo turno, Kast, surfou no temor crescente dos chilenos em relação ao aumento da criminalidade, ainda que em patamares inferiores aos de outros países latinos, para propor uma agenda de combate duro ao crime organizado e combate à imigração ilegal, que ele associa ao crescimento da violência.
Desde os protestos de 2019, os chilenos passaram por diferentes processos eleitorais e consultas, o que gerou certa saturação e descontentamento eleitoral.
"O Chile é um país grande e não podemos nos esquecer disso. Somos um país imenso, generoso, solidário e com muita esperança, nossa pátria vai continuar crescendo para todas e todos, disse Jeannette, que acenou aos outros candidatos que não foram para o segundo turno, elogiando propostas que eles fizeram.
"Na crise em que estamos, tanto de segurança quanto econômica, a unidade é fundamental. Temos um mês de trabalho e estou certo de que trabalhando em equipe poderemos recuperar e reconstruir a nossa pátria. Talvez o governo atual seja o pior da história democrática do Chile", afirmou Kast.
Folhapress