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Venezuela

- Publicada em 27 de Agosto de 2022 às 15:32

Apagões e colapso na infraestrutura afetam indústria na fronteira colombo-venezuelana

Em Ureña, operários fazem trabalhos manuais às escuras, em meio a máquinas desligadas

Em Ureña, operários fazem trabalhos manuais às escuras, em meio a máquinas desligadas


JOHNNY PARRA/AFP/JC
AFP
Trabalhadores de uma fábrica de jeans na fronteira entre Venezuela e Colômbia jogam cartas enquanto esperam para retomar a produção, parada por mais de duas horas por interrupções no fornecimento de eletricidade, que há anos afetam a atividade industrial na região.
Trabalhadores de uma fábrica de jeans na fronteira entre Venezuela e Colômbia jogam cartas enquanto esperam para retomar a produção, parada por mais de duas horas por interrupções no fornecimento de eletricidade, que há anos afetam a atividade industrial na região.
Com vistas a uma reabertura iminente da fronteira, ainda sem data prevista, os apagões, a escassez de vias públicas e a falta de financiamento são problemas que preocupam os pequenos fabricantes do povoado fronteiriço de Ureña (estado de Táchira, oeste), que sobreviveram a duras penas ao fechamento dos cruzamentos binacionais.
A chegada de Gustavo Petro à presidência da Colômbia gerou condições para retomar as relações entre Bogotá e Caracas, rompidas em 2019. Petro e Nicolás Maduro já nomearam embaixadores e os dois expressaram a disposição de "restabelecer a normalidade" na fronteira de 2.200 km, assolada por grupos armados e contrabando.
"Temos que estar preparados", diz à AFP Fernando Grajales, dono desta fábrica de calças que pede soluções para as falhas nos serviços públicos e a deterioração da infraestrutura em anos de paralisia. "Precisamos de vias, precisamos de eletricidade, precisamos de água, precisamos de grandes investimentos", acrescenta o empresário de 49 anos, integrante da câmara local de Indústria e Comércio.
Esta fronteira era uma das mais ativas da América Latina, mas o trânsito de veículos de carga foi restrito em 2015, após um ataque a uma patrulha militar venezuelana, e foi bloqueado por completo em meio aos distúrbios violentos em 2019, quando o governo de Iván Duque reconheceu o dirigente opositor Juan Guaidó como "presidente encarregado" da Venezuela por questionamentos sobre a reeleição de Maduro.
"Estamos aqui, como dizem, à deriva, remando contra a maré", lamenta Juan Pimiento, de 52 anos, outro fabricante de roupas em Ureña.
O intercâmbio comercial entre Venezuela e Colômbia, que beirava os US$ 7,2 bilhões em 2008, caiu a apenas US$ 400 milhões em 2021, segundo a Câmara de Integração Colombo-Venezuelana (CAVECOL), que trabalha com projeções de US$ 800 milhões a US$ 1,2 bilhão neste ano, levando em conta o impacto que poderia ter a reabertura da fronteira.

Para comerciantes da zona industrial de Ureña, o 'pior já passou'

A emigração, com a saída de seis milhões de venezuelanos nos últimos anos, segundo a ONU (1,8 milhão dos quais escolheram a Colômbia como destino), é outra dor de cabeça. "Foram embora para a Colômbia vários trabalhadores que estavam comigo há anos (...), quase que eu mesmo começo a costurar", conta Carlos Carrillo, de 51 anos, sócio de Pimiento.
Operários fazendo trabalhos manuais às escuras, em meio a máquinas desligadas, e fábricas com as portas baixadas eram imagens comuns na zona industrial de Ureña após o apagão de quarta-feira. "É o pão de cada dia", queixa-se Carrillo.
Autoridades federais e regionais tiveram uma reunião com empresários, industriais e comerciantes horas antes. "Temos que adequar a infraestrutura e os serviços", admitiu o governador de Táchira, o governista Freddy Bernal, que acredita que a abertura da fronteira injetaria a curto prazo US$ 4 bilhões no comércio. No entanto, ele pediu paciência: "Não vamos fazê-lo de um dia para o outro".
As pontes fronteiriças de Táchira continuam fechadas ao trânsito de veículos e limitadas à passagem de pedestres. Permanecem na ponte de Tienditas, em Ureña, contêineres gigantescos que bloqueiam a via, instalados por militares quando Guaidó liderou em 2019 a tentativa frustrada de atravessar cargas de alimentos e medicamentos enviados pelos Estados Unidos, que o governo Maduro qualificou como pretexto para "uma invasão".
Apesar das dificuldades, os produtores têm esperança na reativação da fronteira. "Já passamos pelo pior (...), vamos ver o que o futuro nos reserva", diz Pimiento.
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