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França

- Publicada em 29 de Julho de 2022 às 15:05

Macron vira alvo de críticas ao receber príncipe saudita em turnê para romper isolamento

Decisão de receber Salman no Palácio do Eliseu, sede do governo francês, rendeu críticas a Macron

Decisão de receber Salman no Palácio do Eliseu, sede do governo francês, rendeu críticas a Macron


BENOIT TESSIER/AFP/JC
O controverso príncipe saudita Mohammed bin Salman está em turnê pela Europa para tentar romper o isolamento imposto a ele após acusações de desrespeito aos direitos humanos e de ser o mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Na noite de quinta-feira, ele foi recebido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, sob críticas de organizações de direitos humanos e da oposição.
O controverso príncipe saudita Mohammed bin Salman está em turnê pela Europa para tentar romper o isolamento imposto a ele após acusações de desrespeito aos direitos humanos e de ser o mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Na noite de quinta-feira, ele foi recebido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, sob críticas de organizações de direitos humanos e da oposição.
Países ocidentais têm procurado o sucessor do trono da Arábia Saudita, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, em meio à Guerra da Ucrânia e ao aumento dos preços de energia. A visita a Paris ocorre duas semanas depois da viagem do presidente dos EUA, Joe Biden, ao Oriente Médio. Meses antes, Boris Johnson, atual primeiro-ministro do Reino Unido, fez o mesmo movimento.
A decisão de receber Salman no Palácio do Eliseu, sede do governo francês, rendeu críticas a Macron. A secretária-geral da ONG Anistia Internacional, Agnès Callamard, escreveu no Twitter que o fim do isolamento do príncipe será justificado na França e nos EUA "com argumentos da 'realpolitik'", referência à necessidade de potências ocidentais de diminuir os preços de combustíveis depois de a inflação subir com intensidade em razão do conflito no Leste Europeu. "Mas na verdade é a barganha que predomina."
Após a invasão da Ucrânia, países contrários a Moscou, um importante exportador de energia, procuraram diversificar suas fontes, pedindo a Riad que aumente a produção de petróleo para deter a dependência do gás russo. A Arábia Saudita, entretanto, resiste à pressão, argumentando seguir à risca os compromissos assumidos com a OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), liderada junto ao Kremlin.

Assassinato de Khashoggi

O assassinato de Khashoggi, jornalista e colunista do jornal norte-americano The Washington Post, dentro do consulado saudita em Istambul, provocou furor internacional. A inteligência dos EUA concluiu que Salman havia aprovado diretamente o assassinato - o príncipe nega qualquer participação no crime.
As organizações Democracy for the Arab World Now (DAWN), Open Society Justice Initiative (OSJI) e TRIAL International disseram nesta quinta-feira ter apresentado uma nova queixa para pedir às autoridades francesas a abertura de uma investigação sobre a morte de Khashoggi. Uma apuração da ONU considerou o episódio um "assassinato extrajudicial pelo qual a Arábia Saudita é a responsável". "A visita de Salman à França, ou a de Biden à Arábia Saudita, não muda o fato de que ele é um assassino", disse Callamard, que também foi relatora especial da ONU e investigou o assassinato do jornalista.
Macron, que em dezembro passado se tornou o primeiro líder ocidental a visitar a Arábia Saudita desde o caso Khashoggi, disse que o país é importante demais para ser ignorado no cenário internacional vigente.
O príncipe saudita, que iniciou sua turnê pela Grécia, na terça-feira, chegou a Paris na noite de quarta e foi recebido pelo ministro da Economia, Bruno Le Maire. Callamard, da Anistia Internacional, denunciou um duplo padrão com a recepção, pois, lembrou ela, muitos líderes mundiais expressaram sua condenação ao assassinato e se comprometeram a não integrar Salman à comunidade internacional.
FOLHAPRESS
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