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Internacional

- Publicada em 16 de Agosto de 2021 às 20:14

China e Taleban estabelecem relações 'amistosas' após grupo tomar o poder no Afeganistão

Mantendo relações diplomáticas, Pequim tenta se fortalecer no Afeganistão

Mantendo relações diplomáticas, Pequim tenta se fortalecer no Afeganistão


NOEL CELIS/AFP/JC
Em um movimento para expandir sua influência externa e preservar a segurança interna, o governo da China anunciou nesta segunda-feira (16) que quer estabelecer relações diplomáticas "amistosas e de cooperação" com o novo governo do Taleban no Afeganistão.
Em um movimento para expandir sua influência externa e preservar a segurança interna, o governo da China anunciou nesta segunda-feira (16) que quer estabelecer relações diplomáticas "amistosas e de cooperação" com o novo governo do Taleban no Afeganistão.
Os países dividem uma curta fronteira de 76 quilômetros numa das regiões mais sensíveis da China, a província de Xinjiang, lar da minoria muçulmana uigur, alvo de repressão do governo chinês. Pequim teme que o Taleban ajude a fomentar movimentos separatistas e, por isso, procurou manter relações extra-oficiais com o grupo radical que tomou o poder no Afeganistão à força no domingo (15).
No fim de julho, por exemplo, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, se encontrou com o líder do Taleban, o mulá Abdul Ghani Baradar, em Tianjin, com direito a fotos oficiais. Na ocasião, a China conseguiu arrancar do grupo um compromisso de que não apoiaria os militantes uigures, e em troca ofereceu apoio econômico e investimento na reconstrução do país.
Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, afirmou nesta segunda-feira que a China vai manter "a política da boa vizinhança e a cooperação amistosa" entre os dois países, e que Pequim "respeita o direito do povo afegão de determinar de forma independente seu próprio destino".
Os EUA ocupavam o Afeganistão com tropas militares desde 2001, após os atentados terroristas de 11 de setembro, quando os norte-americanos retiraram o Taleban do poder. O grupo fundamentalista governou o país por cinco anos, em um regime marcado pela violência e pelo desrespeito aos direitos humanos.
Após 20 anos de guerra, no entanto, as tropas ocidentais não conseguiram fortalecer o Estado afegão, e bastou o anúncio do governo Joe Biden de que retiraria os militares do país para que, em poucas semanas, o Taleban retomasse o poder.
Além da preocupação com a região de Xinjiang, a saída das forças ocidentais da região é vista com bons olhos pela China, que vê terreno livre para expandir sua influência. O Afeganistão faz parte desde 2016 do projeto do governo chinês de financiamento de grandes obras de infraestrutura mundo afora. Sem segurança para agir no país, entretanto, os investimentos pouco avançaram. Além disso, o país está em uma região rica em mineração.
O Taleban, por sua vez, também precisa da China, já que deve ficar isolado pelas potências ocidentais. No domingo, por exemplo, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, pediu que as nações não reconheçam de forma bilateral a legitimidade do governo do grupo extremista.
Outros dois países desafetos dos norte-americanos também acenaram para o novo governo.
A embaixada da Rússia em Cabul entrou em contato com o Taleban nesta segunda, em "uma conversa absolutamente calma e sem incidentes", disse um representante do órgão à agência Reuters. Ao contrário das potências ocidentais, a Rússia afirmou que não deve evacuar o corpo diplomático do país.
Já o Irã, que faz fronteira com o Afeganistão, afirmou que a retirada das tropas ocidentais deve ser transformada em "oportunidade para a paz" para o Afeganistão.
O governo chinês afirmou nesta segunda que o Taleban prometeu formar um governo inclusivo e garantir a segurança dos afegãos e estrangeiros no país. Segundo a porta-voz Hua Chunying, espera que o novo governo "assegure uma transição suave (de poder), mantenha distância de ações criminosas e terroristas e garanta que o povo afegão não será envolvido em guerras e terá sua terra reconstruída."
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