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Internacional

- Publicada em 10 de Fevereiro de 2021 às 11:26

Manifestantes em Mianmar se inspiram em protestos de Tailândia e Hong Kong

Movimento de desobediência civil afeta hospitais, escolas e escritórios do governo

Movimento de desobediência civil afeta hospitais, escolas e escritórios do governo


SAI AUNG MAIN/AFP/JC
Agência Estado
Inspirados em atos pela democracia que ocorreram na Tailândia e em Hong Kong, manifestantes voltaram às ruas de várias cidades de Mianmar nessa terça-feira (9), mesmo com o toque de recolher imposto. Capacetes de construção amarelos, guarda-chuvas e a saudação de três dedos, símbolos nos protestos destes países, podiam ser observados por toda a parte. A reação da polícia local foi mais violenta, com o uso de balas de borracha, jatos de água e gás lacrimogêneo. Na capital, Naypyidaw, quatro pessoas foram levadas para o hospital, uma em estado grave.
Inspirados em atos pela democracia que ocorreram na Tailândia e em Hong Kong, manifestantes voltaram às ruas de várias cidades de Mianmar nessa terça-feira (9), mesmo com o toque de recolher imposto. Capacetes de construção amarelos, guarda-chuvas e a saudação de três dedos, símbolos nos protestos destes países, podiam ser observados por toda a parte. A reação da polícia local foi mais violenta, com o uso de balas de borracha, jatos de água e gás lacrimogêneo. Na capital, Naypyidaw, quatro pessoas foram levadas para o hospital, uma em estado grave.
No quarto dia consecutivo de protestos de rua, uma mulher teve um ferimento na cabeça e está em estado grave, segundo um médico que não quis ser identificado. Já um homem teve um ferimento no peito, mas tinha o quadro estável.
Mais cedo, testemunhas disseram que a polícia disparou para o ar em Naypyidaw, como forma de dispersar a multidão. Jatos de água foram lançados contra a multidão, que respondeu arremessando pedras contra os policiais. Protestos também ocorreram em outras cidades, como Bago e Mandalay, segunda maior do país, onde 27 pessoas foram presas.
Um surpreendente movimento de desobediência civil afeta hospitais, escolas e escritórios do governo, em um país marcado por décadas de repressão militar. Entre os participantes, destaca-se a grande presença de jovens.
Duas das principais demandas são a retomada do governo civil e a revogação da Constituição de 2008, que dá amplos poderes políticos aos militares. "O principal é que não queremos um golpe. Se nós, jovens, não sairmos, quem o fará?", questionou uma manifestante de 24 anos em Yangon.
A saudação de três dedos do filme "Jogos Vorazes" pode ser vista em várias cidades. Ela foi adotada pela primeira vez por ativistas na vizinha Tailândia em atos contra a aliança entre os militares e a monarquia no ano passado.
Um manual de táticas de protestos usadas em Hong Kong foi traduzido para o birmanês e compartilhado nas redes sociais, apesar dos bloqueios. Na medida do possível, oponentes ao golpe estão se conectando com outros usuários por meio da hashtag #MilkTeaAlliance, que reuniu ativistas na Tailândia e em Hong Kong.
"Vimos como os jovens estão participando de movimentos políticos em países vizinhos. Isso nos inspirou a nos envolvermos", disse Myat, jovem que participa ativamente dos atos de rua.

Solidariedade

Os manifestantes disseram à agência de notícias Reuters que a mídia social os ajuda a pegar emprestados símbolos e ideias de outros lugares, como usar flashmobs no estilo de Hong Kong, hashtags que mudam rapidamente e obras de arte coloridas. Uma das mais recentes mostra a adição de uma xícara do chá forte e doce, típica de Mianmar, à imagem das bebidas de chá com leite da Tailândia, Hong Kong e Taiwan.
Pela primeira vez, os protestos em massa são acompanhados por uma geração que cresceu com maior liberdade, prosperidade e acesso à tecnologia no que continua sendo um dos países mais pobres e restritivos do Sudeste Asiático.
"Há poder na solidariedade. O Milk Tea Alliance é um movimento de solidariedade pan-asiática que compreende basicamente jovens que estão fartos da opressão de seus governos", destaca Sophie Mak, uma ativista e pesquisadora de direitos humanos de Hong Kong.
Segundo a pesquisadora, aliados no exterior podem amplificar a mensagem dos ativistas de Mianmar, especialmente quando os blecautes de comunicação tornam difícil a obtenção de informações.
Grupos pró-democracia tailandeses penduram faixas de apoio aos manifestantes de Mianmar em Bangkok - apesar da desaprovação do primeiro-ministro Prayuth Chan-ocha - o qual afirmou que os tailandeses deveriam ficar fora dos "assuntos internos" de Mianmar.
O maior grupo de protesto juvenil da Tailândia, Ratsadon, anunciou um ato nesta quarta-feira com o barulho de panelas e frigideiras, algo que os manifestantes antigolpe de Mianmar têm feito todas as noites.

Reações

Na segunda-feira, o líder da junta militar, Min Aung Hlaing, fez o primeiro pronunciamento à nação após o golpe. Ele afirmou que novas eleições serão convocadas e o poder transferido ao vencedor, mas sem precisar uma data.
Durante a fala, Aung Hlaing procurou diferenciar o atual momento do país dos governos militares anteriores. O nome da líder deposta, Aung San Suu Ky não foi citado.
A mídia estatal sinalizou uma possível ação contra novos protestos ainda na segunda-feira. Ordens que proíbem encontros de mais de quatro pessoas e toque de recolher a partir das 20h até as 4h foram impostas a Yangon e Mandalay.
As Filipinas emitiram nesta terça-feira (9) um segundo comunicado sobre Mianmar, pedindo "a restauração completa do status quo", em uma das poucas manifestações de países vizinhos sobre a intervenção militar.
A Nova Zelândia suspendeu todos os contatos políticos e militares de alto nível e imporá a proibição de viagens aos líderes do golpe. O Conselho de Segurança da ONU pediu a libertação de Suu Kyi e outros presos. O Conselho de Direitos Humanos da ONU realizará uma sessão especial na sexta-feira para discutir a crise.
Uma suposta fraude nas eleições de novembro, que deram ampla vitória à Liga Nacional para a Democracia (LND), foi usada como justificativa para a realização do golpe. No entanto, nem a comissão eleitoral nacional nem os observadores internacionais corroboraram as denúncias das Forças Armadas. O golpe aconteceu no dia em que os deputados eleitos tomariam posse. (Com agências internacionais).
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